BANCO DO VATICANO E A LAVAGEM DE DINHEIRO SUJO,ENTRE OUTRAS TRANSGRESSÕES

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Banco do Vaticano e a Lavagem de dinheiro sujo…


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Posted by  on 18/11/2013
O Vaticano também tem uma “lavanderia” para limpar dinheiro sujo: 
Itália, Roma – CIDADE DO VATICANO— Investigado por lavagem de dinheiro e suspeito de vazar informações confidenciais para favorecer interesses pessoais, o presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, perdeu o cargo em maio de 2012.
Thoth3126@gmail.com
Então não é que os loucos tomaram conta do hospício  (a civilização),   o fato é que o lugar maldito foi projetado e construído por eles”. Anônimo.
Executivo do banco da igreja de Roma é suspeito de lavagem de dinheiro no BANCO DO VATICANO e de vazar dados sigilosos.
O Globo com Agências internacionais de noticias. 
Embora o motivo da demissão não tenha sido explicitado pela igreja de Roma, a decisão coincide com um momento em que o Vaticano se esforça para demonstrar transparência financeira em meio a uma série de escândalos. 
O Ex-executivo do Santander na Itália, Tedeschi chegou ao cargo em 2009 com a tarefa de acertar as contas do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), o nome oficial do Banco do Vaticano. Mas logo no ano seguinte foi envolvido em escândalos denunciados pela imprensa italiana.
Bento XVI e o então presidente do Banco do Vaticano.
Depois das denúncias, a Justiça italiana abriu uma investigação contra dois diretores do banco, criado pelo Papa Pio XII em 1942, por violação das leis do país contra a lavagem de dinheiro. A instituição sempre negou irregularidades, e a investigação ainda está em andamento. 
“Após deliberar, o Conselho de Supervisão (do banco) aprovou por unanimidade um voto de censura contra o presidente, por não ter desenvolvido funções de primeira importância para o seu cargo”, disse a Santa Sé em comunicado. “Paguei pela minha transparência”, ele alega.
Diante dos escândalos,o então Papa Bento XVI aprovou no fim de 2010 uma lei para lutar contra a lavagem de dinheiro nas instituições do Vaticano. E ordenou a criação de uma comissão, formada por três cardeais de sua confiança para investigar o vazamento de informações confidenciais. 
Um esquema de como funcionaria a “lavanderia de dinheiro” do Vaticano S/A
Entre outras coisas, os arquivos secretos, reproduzidos pela imprensa italiana expuseram as denúncias de corrupção e conflito de interesses entre altos membros da Santa Sé sobre o quão transparente a gestão dos negócios do Vaticano deveria ser.
A série de escândalos levou o Departamento de Estado americano a colocar já em março de 2012 pela primeira vez, o Vaticano na lista de Estados potencialmente suscetíveis à lavagem de dinheiro. 
Tedeschi não quis se estender nos comentários sobre as razões de sua saída do cargo. O executivo se limitou a dizer que o Vaticano não gostava da forma honesta como ele geria o banco
— Prefiro não falar. Do contrário, posso dizer as palavras erradas. Paguei pela minha transparência — afirmou à imprensa. 
Instituto para as Obras Religiosas , ou I.O.R. (em italiano  Istituto per le Opere di Religione ), popularmente conhecido como o Banco do Vaticano é uma instituição financeira da Igreja Católica romana localizado na Cidade do Vaticano .
É gerido por um Diretor Executivo, que por sua vez está sob a cobertura-comando direto de uma comissão de cardeais e, finalmente, pelo próprio Papa (ou o camareiro cardeal-camerlengo ). É a única instituição financeira papal sem supervisão pela Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé.
Notavelmente, o Instituto para as Obras de Religião-IOR foi envolvido em um importante e enorme “escândalo”  político e financeiro nos anos 80, referindo-se ao colapso em 1982 do Banco Ambrosiano (do qual o Vaticano era um acionista importante) pelo peso da dívida de US$ 3,5 bilhões.
Processado o chefe do Banco do Vaticano entre 1971-1989, o Arcebispo Paul Marcinkus(EUA), em 1982, na Itália como o principal autor da falência, mas o Vaticano alegou imunidade diplomática para o arcebispo Marcinkus, de nacionalidade norte americana, e protegeu-o das investigações, evitando assim uma condenação pela justiça italiana.
Abalado por esse pesado escândalo (com vários assassinatos, envolvimento com a Máfia italiana, lavagem de dinheiro, com a Loja Maçonica italiana P2, …) na década de 1980, o BANCO DO VATICANO foi reformado pelo então Papa João Paulo II em 1989.  Atualmente o Banco do Vaticano tem um patrimônio de US$ 5 bilhões e administra 33 mil contas, sobretudo de italianos.
(n.T. ESTE ESCÂNDALO do BANCO da Igreja de ROMA IRIA SER REVELADO AO MUNDO pelo então recém eleito Papa JOÃO PAULO I, eleito em 26 de agosto de 1978 e ASSASSINADO (envenenado) em 28 de Setembro de 1978, apenas 33 dias após assumir o seu mandato papal, evitando assim uma enorme crise na “SANTA” Igreja de Roma. Um assunto demonstrado no último episódio da trilogia O Poderoso Chefão“) 
Jornalista italiano lança livro que revela mais tramas e intrigas dentro do VATICANO:
Thoth3126@gmail.com 
Cidade do Vaticano – Roma
Documentos reservados e cartas confidenciais enviadas ao papa Bento XVI e ao seu secretário sobre temas como o cessar-fogo dos terroristas da ETA e o fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel, o escândalo sexual do governo Berlusconi, vazaram e foram publicados em um livro, que pôs a Igreja Católica novamente no centro de mais uma polêmica. 
Poucos meses depois do escândalo suscitado pelo vazamento de documentos sobre enfrentamentos entre altos membros da Cúria romana, amanhã será lançado na Itália o livro “Sua Santita”, do jornalista Gianluigi Nuzzi, que recolhe novos documentos que revelam tramas e intrigas no Vaticano. 
Os documentos, mais de uma centena, chegaram a Nuzzi, segundo a revista “Sette”, que publicou hoje um extrato do livro, por meio de “informantes” de dentro do próprio Vaticano que prestam serviços à Cúria e todos os papéis são autênticos.
Considerada pelos observadores vaticanos como o maior vazamento já registrado de relatórios reservados da Santa Sé, entre os mesmos há documentos da Secretaria de Estado e de seu titular de então, o cardeal Tarcisio Bertone, referentes ao cessar-fogo do grupo terrorista ETA.
Também estão as confissões do secretário de Marcial Maciel (um pedófilo) e a cobertura que gozou no Vaticano o sacerdote mexicano fundador dos Legionários de Cristo (1920-2008), castigado por Bento XVI por abusar sexualmente de seminaristas.
Outros documentos se referem a “notas reservadas” sobre o presidente italiano, Giorgio Napolitano, prévias a um encontro que manteve com o papa e relatórios confidenciais relativos à defesa do agora ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi no Caso Ruby, sobre suposta prostituição de menores feita por Berlusconi.
O livro revela inclusive o número de conta aberta por Bento XVI no I.O.R.-Instituto de Obras Religiosaso banco do Vaticano, no dia 10 de outubro de 2007. Estes novos documentos internos se somam aos publicados meses atrás pelo jornal “Il Fatto Quotidiano” sobre um suposto complô para eliminar/matar o papa no final de 2012. 
O canal de televisão “A7” também publicou cartas enviadas pelo atual núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do Governatorato da Cidade do Vaticano (governo que administra este Estado) a Bento XVI, nas quais denunciava a “corrupção, a prevaricação e a má gestão” na administração vaticana (da Igreja).
O final do papado de Bento XVI pela sua renúncia em fevereiro de 2013 marcou uma aceleração do processo de LIMPEZA do planeta. Então a IGREJA de Roma (a grande prostituta do Apocalipse) após Francisco (que terá um curtíssimo papado, em torno de apenas um ano) vai conhecer O SEU ÚLTIMO PAPA (Pedro, o romano).
Após a divulgação desses documentos, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, denunciou a existência de uma espécie de Wikileaks dentro do Vaticano que, em sua opinião, tenta desacreditar a Igreja, Bento XVI nomeou uma comissão para esclarecer esses vazamentos. 
Agência de notícias EFE – Espanha
Permitida a reprodução desde que respeite a formatação original e mencione as fontes.
170213 papVaticano - PCO - A recente notícia da renúncia do Papa Bento XVI espantou o mundo. Inúmeras teorias especulam sobre o problema. Quais seriam os motivos para sua renúncia? Quais os interesse estão em jogo? As repostas para tais perguntas são tão obscuras quanto a própria história da Igreja católica.

Alguns episódios da história mais recente da Igreja católica apontam indícios para a renúncia do Papa Bento XVI. No dia 28 de setembro de 1978 morria aos 65 anos o Papa João Paulo I, o italiano Albino Luciani. Sua morte ocorreu um mês depois sua eleição para a direção da Igreja.
O autor britânico David Yallop, em seu livro In God's Name (Em nome de Deus), sugeriu que João Paulo I morreu porque estava prestes a revelar escândalos financeiros envolvendo o Vaticano. Esta tese corresponde aos fatos posteriores a morte do Papa. Quatro anos depois, veio a tona o escândalo de corrupção envolvendo o banco da Igreja e a máfia Italiana. A figura chave do escândalo foi o Bispo Paul Marcinkus, o então responsável do IOR (Instituto de Obras de Religião), o banco do Vaticano. Marcinkus ficou conhecido como a "sombra do Papa". Sua relação com Michele Sindona, um banqueiro ligado à máfia, revelou um esquema podre envolvendo a igreja.
A máfia utilizava o banco para lavar dinheiro oriundo dos Estados Unidos. O escândalo estourou em 1982, com a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, uma instituição católica do Banco do Vaticano era o maior acionista.
Depois da falência, a Santa Sé aceitou pagar milhões de dólares em indenizações a entidades estrangeiras afetadas pelo colapso do Ambrosiano.
Nada disso impediu que Marcinkus continuasse contando com a proteção de Carol Woytila, o João Paulo II, o sucessor do Papa Luciani. O novo Papa, foi vítima de duas tentativas de assassinato, especula-se que pelo mesmo motivo. Em maio de 1981, João Paulo II foi baleado e ferido gravemente. O Segundo atentado foi promovido pelo o ex-padre tradicionalista espanhol chamado Juan María Fernández y Krohn.
Os escândalos não pararam. Nos anos em que João Paulo II viajou pelo mundo, veio a tona a rede de pedofilia do Vaticano. O padre Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, um dos colaborardes mais íntimos do papa estava à frente desta operação. Ratzinger, sucessor de João Paulo II, arquivou o processo.
As chagas não foram curadas. Novos escândalos de corrupção abriram novamente as feridas do vaticano. A renúncia de Bento XVI foi anunciada em um momento delicado da Igreja. O ex-secretário geral do Vaticano, Vaticano Carlo Maria Vigano, publicou cartas de superiores denunciando uma rede de "uma rede de corrupção, nepotismo e favorecimento".
Todos os observadores estão convencidos de que estes fatos não vão além de raspar a superfície do esgote que corre por dentro da instituição religiosa.

Fonte:https://www.diarioliberdade.org/mundo/institucional/35746-

O livro negro do Vaticano
Jornalista italiano radiografa as relações pouco católicas do Banco do Vaticano com banqueiros, investidores e até com a máfia. O IOR é uma grande lavanderia. E não há papa capaz de controlá-lo. Cardeal brasileiro é citado

O jornalista italiano Gianluigi Nuzzi escreveu um livro, “Vaticano S.A” (Larousse, 303 páginas, tradução de Ciro Mioranza), que tende a provocar polêmica. No Brasil, ganhou um subtítulo chamativo: “O arquivo secreto que revela escândalos políticos e financeiros da maior instituição religiosa do mundo”. Trata-se, digamos assim, de “O Livro Negro do Vaticano”? Mais ou menos. O leitor desavisado pode pensar, à primeira vista, que se trata de um trabalho que tem o objetivo de demolir a Igreja Católica, em geral, ou, em particular, o (Banco do) Vaticano. Nada disso. A história é baseada no arquivo do monsenhor Renato Dardozzi, um dos homens de confiança do papa João Paulo 2º. Morto em 2003, Dardozzi deixou escrito: “Tornem públicos todos esses documentos para que todos saibam o que aconteceu”. As revelações, baseadas em mais de 4 mil documentos (alguns deles são arrolados no livro), baseia-se em elementos reunidos pela própria Santa Sé. É como se as principais autoridades do supremo poder religioso católico estivessem nos dizendo: a corrupção é dos homens, de poucos homens, mas não do Vaticano, do sistema católico. Conclui-se, pois, que Nuzzi, longe de manchar a reputação dos principais dirigentes da Igreja, contribui para limpar (parcialmente) sua imagem. Sugiro que se leia a investigação do notável repórter a partir deste comentário, e acrescento que, apesar da ressalva, a pesquisa é sensacional e mostra que o maior grupo religioso do Ocidente joga, em termos financeiros, pelas regras do mercado capitalista-liberal.
A Igreja Católica é uma grande empresa religiosa e, ao mesmo tempo, econômico-financeira. Não pode ser dirigida sem dinheiro, daí o bispo americano Paul Marcinkus, secretário do Instituto Para as Obras Religiosas (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, ter dito, de modo apropriado: “Pode-se viver neste mundo sem se preocupar com o dinheiro? Não se pode dirigir a Igreja com ave-marias”. Um de seus críticos poderia ressalvar: não se pode viver pregando uma coisa e fazendo outra. Apoiado pelo papa Paulo 6º, Marcinkus desenvolve uma política financeira agressiva. Em 1960, “a Igreja controla de 2% a 5% do mercado de ações”.

Pragmático, Paulo 6º, para escapar ao cerco fiscal do governo italiano, que exige “o pagamento de todos os lucros retroativos sobre investimentos, o que supera 1 bilhão e 200 mil euros atuais”, começa a transferir recursos para o exterior, com o apoio do banqueiro siciliano Michele Sindona (que “controla o aporte de capitais da máfia”) e de Marcinkus. Sindona, dirigente do banco suíço Finbank e da Banca Privata Italiana, e Marcinkus controlam “a mais maciça das exportações de capitais jamais ocorrida aos subterrâneos do Swiss Bank, em parceria com a Santa Sé”. Ampliando a rede, Sindona e Marcinkus colocam outro banqueiro no negócio, Roberto Calvi, dono do Banco Ambrosiano.

Mas as jogadas do trio Marcinkus-Sindona-Calvi começam a falhar, sobretudo com a crise econômica de 1973, a do petróleo, e investimentos temerários. O Banco Franklin, controlado por Sindona, tem perdas de 2 bilhões de dólares, a Banca Privata perde 300 milhões e o Finbank perde 82 milhões. Para não ser preso, Sindona foge. Marcinkus afirma, em 1975, que “o Vaticano não perdeu 1 centavo”. Como o bispo não fazia milagres, a Santa Sé perdeu de 50 a 250 milhões de dólares.

Com a morte de Paulo 6º, Albino Luciani, com o nome de João Paulo 1º, assume o comando da Igreja Católica. Sua primeira providência, no campo financeiro, seria retirar Marcinkus e Donato de Bonis do Banco do Vaticano (IOR). Tomou a decisão em 28 de setembro de 1978. No dia seguinte aparece morto. O livro “Em Nome de Deus — Uma Investigação em Torno do Assassinato do Papa João Paulo 1º” (Record, 370 páginas), de David A. Yallop, sustenta que teria sido envenenado. Karol Wojtyla, com o nome de João Paulo 2º, assume e mantém Marcinkus no Banco do Vaticano. Em 1982, com o Banco Ambrosiano quebrado, Calvi aparece enforcado, sob a ponte dos Frades Negros, em Londres. Teria se apropriado de parte do dinheiro da máfia. A simulação de suicídio não enganou ninguém.

João Paulo 2º tinha apreço por Marcinkus por dois motivos. Primeiro, era um realista em tempo integral e sabia que, no mundo dos negócios, quem joga inteiramente limpo tem lucros menores, e não raro pode quebrar, dados os poderosos tentáculos fiscais do Estado. Segundo, Marcinkus usou o Banco do Vaticano para financiar, com mais de 100 milhões de dólares, o sindicato polonês Solidariedade. A derrubada do socialismo no Leste Europeu teve o dedo firme e solidário do papa. O governo e a Justiça italianos têm outra opinião sobre Marcinkus — aliás endossada pela investigação interna do Vaticano: o jogo financeiro com Calvi, no Banco Ambrosiano, resultou num débito de 1,2 bilhão de dólares para o Vaticano. Diante do descalabro, com o Banco do Vaticano operando fora de quaisquer controles, comportando-se como qualquer banco dos paraísos fiscais, inclusive com lavagem de dinheiro “sujo”, o juiz Renato Bricchetti pede, em 1987, a prisão de Marcinkus, Pellegrino de Strobel e Luigi Mennini.

Sob pressão da Justiça, e lutando para evitar a prisão dos dirigentes, o Banco do Vaticano devolve 242 milhões de dólares aos credores do Banco Ambrosiano — zerando o débito e a crise. Mesmo assim, a Justiça considera que as operações do Banco do Vaticano contribuíram para a falência fraudulenta do Ambrosiano. João Paulo 2º afasta Marcinkus e novo comando assume o IOR. Cresce a participação do monsenhor Dardozzi na vigilância do banco.

Cardeal brasileiro

Apurou-se o esquema, o papa João Paulo 2º puniu alguns dos chefes financeiros, como Marcinkus, mandando-o de volta para os Estados Unidos, mas, como demonstra o repórter Nuzzi, o buraco era muito mais fundo do que o denunciado pela Justiça italiana. Como o Vaticano é um Estado independente, o Banco do Vaticano operava, como qualquer banco “offshore” (empresa de paraíso fiscal com nomes de sócios protegidos), “fora de controle”. Por que tantos procuravam o Banco do Vaticano para “lavar” dinheiro? “O IOR garante total discrição nas operações, absoluta impunidade e autonomia operacional para quem o administra, e salvo-conduto para a clientela. (...) Os dirigentes do IOR não podem ser investigados, nem presos, nem processados na Itália” (Tratado de Latrão).

Com a saída de Marcinkus, o monsenhor Donato de Bonis assume como prelado do Banco do Vaticano. Parecia uma mudança. Não era. De Bonis faz parte do grupo do banqueiro americano. O banqueiro lombardo Angelo Caloia, com o apoio de Dardozzi, assume a presidência do Conselho de Administração do Banco do Vaticano, com a missão de pôr ordem na casa, o que significa manter a entidade funcionando como um banco lucrativo, mas infenso a escândalos. Agindo em consonância com Marcinkus, De Bonis vende 51% da participação do Banco do Vaticano no Banco de Roma Suíço, por 100 milhões de dólares, à Union de Banques Suisses.

No momento em que Marcinkus caía em desgraça, correndo o risco de ser algemado, De Bonis articula um poderoso “sistema offshore para lavagem de dinheiro dentro dos muros do Vaticano com contas criptografadas”. A primeira conta, de nº 001-3-14774-C, recebeu um depósito imediato de 494,4 milhões de liras, com taxa (alta) de juros de 9% ao ano. O depósito é feito em nome da beneficente Fundação Cardeal Francis Spellman, que, na prática, não existe. Nomes que aparecem como beneficiários da conta: o então primeiro-ministro da Itália, o democrata-cristão Giulio Andreotti (aparecia como “Omissis”) e Donato de Bonis (“Roma”). Angelo Caloia diz que a conta movimentou bilhões. “De 1987 a 1992, De Bonis introduz fisicamente no Vaticano mais de 26 bilhões de liras cash [26,4 milhões de euros] e os deposita todos na conta Fundação Spellman.” Foram depositados e retirados títulos do governo italiano no valor de 42 bilhões de liras (32,5 milhões de euros).

O dinheiro era proveniente de subornos e outros esquemas para beneficiar o corrupto Andreotti e, por extensão, De Bonis. A sociedade Fasco AG teria “doado” 200 milhões de liras para Andreotti e o dinheiro foi parar na conta da fantasma Fundação Spellman, no Banco do Vaticano. De Bonis não tinha vergonha alguma de chegar ao Banco do Vaticano com milhares de pacotes de 100 mil liras para depositar na conta do “amigo” e “sócio”. A lavagem de dinheiro unia o Banco do Vaticano às instituições financeiras suíças Union Bancaire Privée, Banco di Credito e Commercio S.A., Banco Indosuez e Banco di Lugano. Instituições bancárias de Luxemburgo foram usadas para lavar e triangular dinheiro sujo. Dezessete contas correntes foram usadas pelo esquema.

Para disfarçar, De Bonis e Andreotti liberavam algum dinheiro para obras beneficentes, mas ficavam com o grosso do capital. Integrantes da Democracia Cristã recebiam polpudas doações. O cardeal brasileiro Lucas Moreira Neves, prefeito da Congregação dos Bispos (até 2000), recebeu 1 milhão de dólares. Para quê, o livro não esclarece. Outros religiosos e diplomatas receberam quantias generosas. O Banco do Vaticano também faturava, é claro.

A estratégia de De Bonis, até surgirem desconfianças de que a movimentação financeira via Banco Vaticano era produto de uma lavanderia gigante, não havia sido criticada, ao menos não no sentido de impedi-la. Porque o IOR estava lucrando e, assim, repassando o dinheiro necessário para o governo de João Paulo 2º. O Banco do Vaticano é controlado diretamente pelo papa. Em 1992, o engenheiro Mario Chiesa é preso pelas operação Mãos Limpas. Políticos foram presos e a Justiça italiana passa a examinar as ligações do Banco do Vaticano com políticos italianos.

O presidente do Banco do Vaticano, Angelo Caloia, percebendo o risco, proíbe que funcionários do banco se tornem gestores de contas alheias. O objetivo é controlar a dupla contabilidade, ou seja, De Bonis. Relatório top secret conclui que “o IOF e o Vaticano correm o risco de estar envolvidos em um escândalo por terem administrado tanto o dinheiro dos líderes políticos” — ligados a Andreotti e outros — “como os misteriosos Cct e as bilionárias arrecadações de dinheiro em moeda corrente de De Bonis”. A comissão dirigida por Caloia descobre o que já se sabia: o Banco do Vaticano operava contas ilícitas, negócios de bilhões de liras, como se estivesse administrando contas de instituições de caridade.

A comissão descobriu que o sistema montado por De Bonis não se alimentava apenas de subornos. O esquema offshore de De Bonis se alimentava “também do dinheiro deixado pelos fiéis para as santas missas em memória dos defuntos”.

Embora sob cerco de Angelo Caloia, De Bonis continua agindo, nas sombras e, às vezes, abertamente. Caloia busca apoio no secretário de Estado do Vaticano, Angelo Sodano, braço direito de João Paulo 2º, mas sabe que, ao contrário de De Bonis, não é um homem da Igreja. As investigações continuam. Caloia e Dardozzi tentam mas não conseguem controlar de imediato o sistema montado por De Bonis. “O sistema offshore continua crescendo, gozando de uma espécie de ‘clandestinidade financeira’ que o torna imune a tudo.” De Bonis cria um banco dentro do banco. “Uma ‘lavanderia’ que opera no centro de Roma em regime extraterritorial, imune a qualquer cataclismo judicial.” A investigação do próprio Vaticano descobre que “De Bonis criou um verdadeiro e próprio ‘paraíso fiscal’. Com disponibilidades enormes e com uma gestão privada das heranças: as somas deixadas como beneficência por ricos católicos são, por vezes, depositadas em contas pessoais”, anota Nuzzi.

De 1989 a 1993, as 17 contas geridas por De Bonis movimentam 275,2 milhões de euros — parte em moeda corrente e parte em títulos de Estado. A movimentação pode ser maior, diz Nuzzi. A conta 001-3-15924-C, da Fundação Mamma de Bonis, pela luta contra leucemia, e a conta da Louis Augustus Jonas Foundation, todas fantasmas, foram usadas para lavar grandes propinas para políticos e empresários. Teoricamente, o dinheiro seria utilizado em instituições de caridade, como o centro psiquiátrico Don Uva, dirigido pela Congregação das Servas da Divina Providência. No entanto, registra Nuzzi, seus “pacientes vivem em condições desumanas”. O dinheiro nunca chega para a instituição.
Prelado lava dinheiro da superpropina italiana
Em 1989, opera-se na Itália um dos maiores negócios da história do país: a Ente Nazionale Idrocarburi (ENI), multinacional do petróleo, e a Montedison, do grupo Ferruzzi, gigante dos cereais, criam a Enimont. O executivo Raul Gardini sonha, em tese, com a criação do polo petroquímico nacional único — união entre o setor privado (Montedison) e público (ENI). Gardini trabalha para elevar as ações da Enimont, mas o projeto não funciona. A ENI acaba por comprar a parte, inflacionada para 2,1 bilhões de euros, da Montedison. Entretanto, sem a autorização dos políticos, como o primeiro-ministro Giulio Andreotti, o acordo não seria fechado. Resultado: cria-se o maior propinoduto da história do país. Os primeiros a receber dinheiro foram Arnaldo Forlani e Severino Citaristi, da Democracia Cristã. Mas como pagar? Entra no caso o Banco do Vaticano, com o indefectível prelado Donato de Bonis.

O registro de Gianluigi Nuzzi: “Aqui aparece a provisão inicial proveniente de fundos extraorçamento. Ali aparecem as transferências bancárias, as somas lavadas e recicladas com triangulações em contas de fachada e sociedades-fantasmas. Aí está sobretudo o IOR de De Bonis, um banco fora da Itália, escolhido para lavar e fazer transitar grande parte das somas e destiná-las aos ‘laranjas’ dos líderes da primeira República. A provisão de fundos ilegais para pagar os políticos é constituída graças à ajuda do agente imobiliário romano Domenico Bonifaci, que põe à disposição da Montedison 152,8 bilhões de liras em dinheiro vivo e em títulos. O montante é distribuído a partidos políticos e líderes do governo, políticos, membros do Conselho de Administração da ENI, pagos seja para vender, seja para comprar, até os intermediários. Os encarregados disso são o consultor Sergio Cusani e Carlo Sama, administrador-delegado da Montedison”. Luigi Bisignani, ex-jornalista da Ansa, é um dos agentes do negócio.

Bisignani, ligado a De Bonis, movimenta a conta 001-3-16764, em nome de Louis Augustus Jonas Foundation. Em tese, a conta é para reunir dinheiro para ajudar crianças pobres. Na prática, destina-se a movimentar dinheiro de propinas. Em 1991, De Bonis transforma 5 bilhões de liras em moeda corrente e deposita 2,7 bilhões na conta Jonas Foundation e 2,2 bilhões na conta Cardeal Francis Spellman. “Para triangular e dispersar os vestígios do dinheiro, o prelado do banco do papa se movimenta como um financista astuto: o dinheiro permanece apenas alguns minutos na conta Spellman. Só o tempo necessário para organizar uma transferência de 2,5 bilhões de liras da conta Spellman para a conta FF 2927 do Trade Development Bank de Genebra, por meio do Banco di Lugano. Na prática, o prelado acrescenta à soma apenas recebida 300 milhões de liras, retirados precisamente da conta Spellman para efetuar o depósito na Suíça. Esse dinheiro não vai para as ‘crianças pobres’ nem para a fundação da Pensilvânia. Assume, no entanto, um significativo valor simbólico: constitui a primeira parcela do repasse da Enimont, ‘a mãe de todas as propinas’. A primeira lavanderia está sendo montada”, revela Nuzzi.

A segunda parcela da superpropina é depositada no Banco do Vaticano por De Bonis, no valor de 9,8 bilhões de liras, para a Società di Banca Svizzera. A conta leva a Mauro Giallombardo, “homem de confiança das contas secretas do PSI e de Bettino Craxi. Depois, De Bonis transfere 44,8 bilhões para bancos suíços”.

A operação, de grande monta, assusta o Vaticano. De Bonis é afastado do Banco do Vaticano e cai para o alto: é promovido a bispo. Bisignani, farejando o desastre, começa a retirar dinheiro do IOR. Como era muito dinheiro, 1 bilhão e 687 milhões de liras, teve de fazer duas viagens. Investigado pela operação Mãos Limpas, foge. Outros envolvidos na superpropina brigam publicamente. Gabriele Cagliari e Raul Giardini se matam. Angelo Caloia acusa De Bonis de ser responsável pelo sumiço da documentação sobre o sistema offshore. Mesmo afastado, De Bonis continua com um pé no Banco do Vaticano. O cardeal venezuelano Castillo Lara, influente no Vaticano, é apresentado como uma espécie de cérebro por trás de De Bonis. Mas Nuzzi não é, em geral, categórico, sem contar que suas fontes são adversárias de Castillo Lara.

Diante do descalabro, o Vaticano monta uma grande operação e salva seu bom nome, acusando alguns prelados e executivos. De Bonis não é preso, nem pressionado o suficiente, talvez porque fosse um arquivo vivo e perigoso. Ele tentou movimentar suas contas, dinheiro privado, que teria desviado dos “amigos” e do próprio Banco do Vaticano, mas Angelo Caloia vetou. O livro apresenta outros escândalos, inclusive envolvimento do Banco do Vaticano com a máfia siciliana de Salvatore Riina e Bernardo Provenzano, e venda de títulos brasileiros.

Marcinkus, De Bonis e Castillo Lara agiram sem a anuência das chefias? Aqui e ali, sim. Mas, no geral, não. Quem acredita em autonomia total no Vaticano também crê em Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve. O jornalista Nuzzi, com habilidade, tenta aliviar a barra de alguns religiosos, como o papa João Paulo 2º. Não consegue. Os fatos falam por si — contra todos. Enfim, um livro imperdível.
Fonte:http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/o-livro-negro-do-vaticano

Escândalo de lavagem de dinheiro às portas do Vaticano

justiça italiana acusa a banca, conhecida como Instituto para Obras Religiosas, de violar intencionalmente as regulações europeias contra o crime

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