SUFISMO ISLÂMICO E A MÍSTICA DO ISLÃ - DIVERGÊNCIAS E INTERPRETAÇÃO DENTRO DO ISLAMISMO

Acima, a imagem de um mestre sufi no mercado da cidade de Isfahan, no Irã *
Acima, a imagem de um mestre sufi no mercado da cidade de Isfahan, no Irã *
O QUE É O SUFISMO ?
Acima, o rosário islâmico (ou wird) usado por místicos sufis
Acima, o rosário islâmico (ou wird) usado por místicos sufis
O sufismo é uma vertente mística existente dentro do islamismo. Baseia-se na ideia de que o espírito humano é uma emanação do espírito divino. Para essa vertente, um sufi deve buscar a reintegração com o divino através do canto e da dança.
Os muçulmanos que seguem essa prática procuram atingir uma experiência pessoal direta de Deus. Hostis à ortodoxia muçulmana, os sufis, em muitos países islâmicos, são considerados hereges por aqueles que seguem o Alcorão de uma forma mais rígida, como é o caso da Arábia Saudita.
Por ser uma dimensão do islamismo, as ordens sufis, chamadas em árabe de tariqas, estão presentes entre sunitas, xiitas e outros grupos islâmicos. Segundo Ibn Khaldun (1332-1406), um sufi deve dedicar-se totalmente a Alá. Não deve se preocupar com coisas mundanas e deve se abster de procurar o prazer, a riqueza e o prestígio, como faz a maioria dos homens.
Os sufistas dão muita importância para aquilo que aprendem com professores, ou seja, sua visão do Islã não é voltada exclusivamente para o livro sagrado. Em razão disso, membros de ordens tariqas se dizem capazes de rastrear a “árvore genealógica” de seus professores até o profeta Maomé.
Esse grupo de místicos é um dos principais responsáveis pela produção cultural dentro do Islã. Escritores como Omar Khayyam (1048-1131), al-Ghazali (1058-1111) e Rumi (1207-1273) são importantes dentro e fora do mundo árabe. Muitos de seus textos foram citados por filósofos ocidentais, escritores e teólogos.
Fonte:http://www.namu.com.br/filosofia/sufismo/o-que-e

DEFININDO O SUFISMO
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sufismo1Uma definição de Sufismo, a partir de seu nome é algo difícil de ser feito, visto haverem várias formas de interpretar a sua raiz arábica: SF. Uma das interpretações mais em voga é a que o Sufi é aquele que faz uso do manto rústico tecido de lã (sûf) enquanto que outra linha de interpretação faz derivar o nome do sopro do conhecimento místico que nasce do coração (Sôf). Uma terceira linha faz nascer o nome não de uma raiz árabe, mas sim grega, Sophos, ou conhecimento.
De qualquer maneira, a forma mais aceita de interpretar o Sufi e o Sufismo é utilizando não a sua origem lingüística, mas sim os seus objetivos: em termos gerais, o Sufi é todo aquele indivíduo que acredita que é possível ter uma experiência direta de Deus e que está preparado para sair de sua vida rotineira para se colocar debaixo das condições e meios que lhe permitam chegar a este objetivo. Neste contexto, o Sufi é considerado como o protótipo de todo místico que busca a União. Um exemplo vívido nos é apresentado por Djalalludin Rumi.
O Sufismo é atualmente mais equacionado com uma forma islâmica de misticismo, que tende a abraçar diferentes maneiras e tipos de técnicas, mas todas voltadas a uma busca de uma comunhão direta entre Deus e o homem. É uma esfera de experiência espiritual que corre em paralelo com a prática do Islão, que deriva da revelação profética e se desenvolve na Shari’a e na teologia muçulmana. Como religião codificada, o Islão não pode admitir que a experiência mística possa ocorrer em paralelo e como experiência pessoal única, o que gerou as tensões e questionamentos que o Sufismo islâmico sempre sofreu ao longo de sua trajetória. O objetivo tanto do Islão quanto do Sufismo é conduzir o praticante em direção à Verdade ou Realidade. Dentro do Islão como religião revelada, tal objetivo seria obtido através da prática dos preceitos religiosos enquanto que no Sufismo, além destes preceitos, entrariam também em jogo uma série de fatores intuitivos e emocionais que, segundo a teoria do Sufismo, estariam dormentes na maioria dos seres humanos e que, sob uma supervisão correta, poderiam ser despertos e desenvolvidos.
sufismo3Este desenvolvimento recebe o nome de Caminho e o viajante no caminho (salak at-tariq) busca eliminar os véus que ocultam a sua experiência do Real e assim, vir a transformar-se ou absorvido na Unidade indiferenciada. Embora não seja um processo intelectual, o Sufismo acabou gerando uma série de formulações teórico/práticas que constituíram verdadeiras linhas filosófico/místicas que acabaram se constituindo em verdadeiras formas de reação contra um Islão cada vez mais sistematizado em termos de leis e teologia sistemática, objetivando uma liberdade espiritual através da qual os sentidos espirituais intrínsecos do ser humano pudessem ser amplamente utilizados. Os vários caminhos (turuq, tariqa no plural) estão preocupados com este objetivo e não na justificativa religiosa ou não.
O Sufismo inicial representava uma expressão natural da religião pessoal em contraposição à expressão religiosa do grupo. Era a afirmação do direito pessoal em seguir uma vida de contemplação e de busca de contato com a fonte de ser e realidade, acima de qualquer forma institucionalizada de religião baseada em mera autoridade, numa relação Mestre-Discípulo unilateral, com sua ênfase na observância ritual e num moralismo legalístico. O espírito da piedade Corânica acabou fluindo para dentro das vidas e práticas, assumindo formas de expressão diversas, como encontradas no zickr (rememoração), dos antigos ascetas (nussak) e devotos (zuhhad). Estes buscadores, depois de obterem uma experiência de comunhão direta com Deus garantiam que o Islão não estava confinado dentro de uma diretiva moralística. Seus objetivos eram de alcançar uma percepção ética.
sufismo4O Sufismo teve seu desenvolvimento dentro do corpo da religião Islâmica e, na sua origem pouco deve a influências não-muçulmanas, embora recebendo algumas tinturas da vida ascetico-mística cristã e do pensamento do Cristianismo Oriental. Os mestres iniciais estavam mais preocupados com as experiências do que com a teorização teosófica.
Buscavam mais guiar que ensinar, direcionando o aspirante ao longo das suas experiências, buscando sempre um conhecimento isento dos perigos da ilusão, através do qual o aspirante pudesse obter um acesso à verdade espiritual. Na prática, o Sufismo consiste em sentimentos, percepções e revelações, ou insights pessoais que são alcançados através de uma série de passagens por estados de êxtase. Assim, o ensinamento se seguiria à experiência. Neste caso, o êxtase seria entendido como fases distintas de negação de aspectos prévios do ser e a incorporação de novos estados e a ativação de novas potencialidades, sendo que este processo sempre é acompanhado de sentimentos, emocionalidades e intuições que nada tem a ver com o êxtase na sua definição mais ‘mediúnica’ de negação (ou suspensão temporária) da consciência pessoal. Aqui é feita uma distinção entre as duas formas de expressão externa da experiência do postulante: o estado de êxtase (ghalaba, defendido por Bistami), onde o indivíduo demonstra, através de gestos, palavras, cânticos ou até mesmo pela alteração de seus comportamentos e presença física, aquilo que está experimentando internamente e na sobriedade (sahw, defendido por Junaid), onde o indivíduo não deixa transparecer nada aquilo que lhe está acontecendo. Com o passar do tempo, esta última postura tornou-se a mais valorizada, pois era considerada como ‘segura’ pela ortodoxia religiosa.
sufismo5Os grupos sufis iniciais eram bastante frouxos e mutáveis, com os discípulos viajando em busca de mestres, outros ganhando seu sustento com trabalho e outros mendigando. Aos poucos vão se formando locais de reunião para tais tipos de viajantes e cada um estava associado com algum tipo de função: as hospedarias, em certas regiões da Arábia (ribats) tem esta origem, no Korasan, estes locais estavam associados com casas de repouso, hospitais e hospícios (khanaqah) enquanto que outros eram retiros (khalwa ou zawya), geralmente sob a orientação de um diretor espiritual. Com o tempo, todos estes termos passaram a representar um local de reunião sufi. Já no século XI encontramos estruturas Sufi, com locais de reunião, exercícios espirituais, meditação e retiros bem organizados, embora o pessoal que deles participava ainda era bastante infreqüente e que migravam de mestre a mestre. Com o passar do tempo começaram a dispor de um pessoal mais permanente e finalmente, assumiram as características de verdadeiras linhagens espirituais, abrindo o caminho para um processo de institucionalização. Assim surgem as ordens Sufi, geralmente girando ao redor do místico fundador, e surge o processo de admissão de um postulante à uma Silsila (cadeia contínua de autoridade e de transmissão de conhecimento). Freqüentemente uma Silsila, por um processo de desdobramento ou de quebra, dá origem a outras linhagens que lhe são parentes, criando uma infinidade de subordens que irão, por sua vez passar pelo mesmo processo. Tal mecanismo está em franco desenvolvimento nos dias atuais, principalmente devido ao fato do grande interesse dos Ocidentais por estas Ordens, o que facilitou este processo de multiplicação.
Em termos esotéricos, o Sufismo não se diferencia da busca pela União que já é encontrada nas propostas místicas anteriores ao Islão, a Cabala Judáica, as propostas Platônicas e Neo-Platônicas, o Gnosticismo e o Misticismo Cristão precederam e deram um embasamento para o Sufismo Islâmico. Dentro deste contexto maior, o Sufismo, assim como as formas que lhe precederam recebem o nome de Trabalho, ou seja, o processo ativo de aperfeiçoamento do indivíduo para que este se torne capaz de perseguir o fim último de seu ser: a União Mística com o Absoluto. Nesta perspectiva não seria possível estabelecerse qualquer diferencial entre uma linha com outra, afora as diferenças exteriores de apresentação e contexto cultural. Essa é uma das formas de entender o que é chamado de Tradição Perene, ou Filosofia Perene, que representa a essência dos conhecimentos e praticas capazes de conduzir o individuo a um desenvolvimento harmônico de suas potencialidades. Assim cada uma destas linhas e escolas, que tentaram preservar e desenvolver este conhecimento, são expressões desta Tradição Perene em diferentes épocas e culturas. Cada uma delas assumiu uma forma especifica, mística, religiosa, artística, filosófica ou cientifica, de acordo com o momento em que surgiram e se desenvolveram. Assim o problema fundamental que se apresenta ao postulante é o mais crucial de todos: o que ele realmente deseja; a busca da União, com tudo que isto representa ou a busca de um apoio religioso e institucional. Isto com freqüência não é bem analisado pelo postulante que acaba confundindo ambos os objetivos.
sufismo6O GRANDE SUFISMO
O Sufismo tem sido reconhecido por muitos autores como um dos maiores representantes da espiritualidade e importante fonte de conhecimentos e práticas do caminho místico.
Seu objetivo básico é o de prover ao ser humano, um caminho real e bastante abrangente de crescimento e desenvolvimento de suas potencialidades, buscando conduzir o ser humano de volta à sua dimensão de perfeição, fim último de qualquer caminho místico verdadeiro.
Muito da proeminência que o Sufismo desfruta vem do fato dele conter elementos oriundos de outras tradições e de ter dado continuidade a elas incorporando-as dentro de seu processo. Isto acabou por conferir-lhe um caráter mais universal, mesmo estando inserido dentro do contexto do mundo Islâmico.
É possível perceber esta influência especialmente durante a Idade Média e Renascença, que se estendeu aos Cristãos, Judeus e outras escolas esotéricas. Também influenciou o desenvolvimento da Filosofia, principalmente com a tradução e divulgação dos textos gregos, Ciências como a medicina, a matemática, a astronomia e as Artes.
Uma das versões sobre o início do Sufismo remonta aos indivíduos que surgiram depois da morte do profeta Maomé. Estes indivíduos se retiraram para o deserto ou áreas de menor evidência quando se iniciaram as disputas pelas sucessões dos Califas. Essa atitude buscava preservar e dar continuidade aos conhecimentos que eles haviam recebido principalmente de Ali e de Abu Bakr, ambos companheiros mais próximos do Profeta. Segundo a tradição, Maomé teria confiado principalmente a eles, os aspectos mais esotéricos do conhecimento que possuía, ou seja, sua dimensão mística ou espiritual.
Em contato também com outras tradições, estes indivíduos foram os maiores responsáveis pelo desenvolvimento da dimensão mística do Islã, e aos poucos foram formando escolas e ganhando importância como representantes da espiritualidade.
Eles e seus discípulos começaram a ser conhecidos como Sufis, e a inserir suas escolas na comunidade, resgatando e ensinando o caminho místico da Verdade e da Unidade Divina, a exemplo do próprio Maomé. E isto não aconteceu através do ascetismo clássico de abandono e negação, mas pela verdadeira pobreza espiritual.
Nesta pobreza, o coração imerso no Amor, abandona o seu apego ao mundo para unir-se a Deus. Isso acontece sem que, necessariamente, deva-se abandonar o mundo, ou afastar-se da sociedade. Afinal, não haveria sentido em ensinar a Unidade rejeitando uma parte da expressão do Absoluto. Como bem resume um ditado: “O sufi é aquele que está no mundo, mas não pertence a ele.”
Como seu maior propósito está na busca pela Presença Divina, e também por ter incorporado elementos de outras tradições, o Sufismo acabou por adquirir um caráter mais universal. E por isso também, foi muitas vezes reconhecido como a essência das religiões e da espiritualidade. Prova disso é que dentro de grupos sufis é comum encontrar-se indivíduos de diversas religiões e tradições.
Esta irmandade
não tem nada a ver com ser elevado ou baixo,
esperto ou ignorante.
Não existe uma assembléia especial, nem um grande discurso,
nem se requer nenhum curso anterior.
Esta irmandade se parece mais com uma festa de bêbados
cheia de trapaceiros, tolos, charlatões e loucos.
*
Não sou deste mundo e nem do próximo;
Nem do céu, nem do inferno.
Não vim de Adão nem de Eva;
Não moro no Éden nem nos jardins do paraíso;
Meu lugar é um não lugar, minhas pegadas não deixam marca.
Nada é meu, nem corpo nem alma.
Tudo pertence ao coração do meu Amado.
Eu desvesti todas as diferenças,
E agora vejo os dois mundos como um.
sufismo2
O Sufismo sempre se baseou em uma perspectiva perene e universal da espiritualidade. Por seu caráter humanista e de busca pela transcendência, ele é reconhecido como expressão e continuidade de uma tradição ainda mais antiga, responsável pela preservação e transmissão dos conhecimentos e práticas que visam o desenvolvimento do homem e da própria humanidade.
Este é o núcleo do Grande Trabalho, da tradição das Escolas de Sabedoria, que já foi representado pela Escola de Sarmung, e que também é chamado de Grande Sufismo, ou Sufismo Maior. Ele está no núcleo da própria espiritualidade, uma vez que permanece livre de qualquer outro condicionante ou estrutura, seja ela, religiosa, social ou cultural. Esta tradição foi também chamada por alguns autores de Filosofia Perene.
O Sufismo, assim como outras Escolas, recolhe e preserva o conhecimento das diversas tradições esotéricas e das outras áreas do conhecimento humano e produz um novo conhecimento, mais abrangente e adequado ao contexto cultural.
E é por isso que Sarmung, uma das últimas Escolas a cumprir este papel, tinha como símbolo a abelha, que recolhe o néctar de diversas flores, e que em sua colméia produz o mel. E é esse mel que, de tempos em tempos, é oferecido e reorienta a humanidade em seus caminhos de desenvolvimento.
Por toda esta liberdade e complexidade apresentadas acima, o Sufismo foi muitas vezes atacado dentro do próprio mundo Islâmico como sendo uma heresia. Talvez por isso, atualmente, o Sufismo venha perdendo exatamente os elementos de liberdade e universalidade que tanto o caracterizaram. Muitas vezes, acaba por restringir-se exclusivamente à perspectiva Islâmica, que jamais negou ou deixou de proteger e reverenciar, mas também à qual nunca havia se deixado aprisionar.
Outro processo bastante triste é a vulgarização do Sufismo através do oportunismo de certos indivíduos sem conexão com o processo, que surgem em função do destaque que ele recebeu nos últimos anos.
Esse padrão infelizmente vem atingindo não apenas o Sufismo. A degeneração e banalização da espiritualidade vêm se tornando um problema sério. A grande quantidade de informação tem colocado as pessoas em um grau acentuado de confusão. Por faltar referências no que diz respeito à espiritualidade é difícil desenvolver a capacidade de discriminar o que útil do que não é, e isso reduz em muito a chance de se fazer escolhas adequadas.
O objetivo não consiste em ter uma crença onde se apegar, mas sim, em procurar desenvolver uma qualidade de viver e de ser. É fundamental compreender que um caminho de desenvolvimento busca desvendar o maravilhoso mistério que se encontra em cada pessoa e em toda criação. O conhecimento real não é simplesmente um conjunto de crenças ou dogmas, mas sim, a busca pela essência daquilo que cada um é e do significado da própria vida.
sufismo8Por esse motivo nossa relação com o Sufismo não se deu através de uma dimensão religiosa, mas sim, por causa de sua característica universal. Ele expressa aspectos de uma tradição que está além de perspectivas limitantes e dogmáticas e por isso, tornou-se fundamental em nossa trajetória. Esse processo, dentro do Sufismo, ocorreu gradualmente na medida em que tais elementos foram sendo reconhecidos como um complemento importante para outras propostas e escolas de sabedoria ocidentais.
Porém, tem sido através da perspectiva do Quarto Caminho, uma expressão contemporânea da tradição perene, que temos buscado explorar e resgatar outras propostas e tradições que igualmente expressaram esta mesma perspectiva em outros momentos. Mas, como já foi apresentado por vários autores, até mesmo as formulações do Quarto Caminho parecem ter sido influenciadas pelo Sufismo, através dos contatos que Gurdjieff estabeleceu com esta tradição.
Por outro lado, ao longo de nossa experiência, compreendemos que são necessárias outras abordagens para que as experiências propostas pelo Sufismo sejam tornadas permanentes. Por isso temos adotado ao longo do tempo, uma postura mais aberta em relação a essas tradições em busca da essência destes conhecimentos e práticas.
Neste mesmo contexto, outros expoentes do Sufismo tornaram-se fonte de estudo, inspiração e influenciaram igualmente nossa trajetória. Indivíduos como Shihabuddin Surawardi, Muhidin Ibn Arabi e Jalaludin Rumi em suas buscas por revelar o mistério do homem e da criação expressaram um conhecimento próprio, fruto da transformação pessoal de cada um. Ao invés de aderirem a dogmas e repetirem comportamentos e conhecimentos, eles se tornaram fonte de novas visões de mundo que renovaram perspectivas e abriram as portas para outras dimensões e possibilidades.
Este é o valor fundamental do caminho espiritual - possibilitar o desenvolvimento do individuo e a extraordinária descoberta que se revela a cada um que busca apaixonadamente descobrir seu próprio mistério.
Eu desejo ir para longe,
Centenas de milhas da mente.
Desejo me libertar do bom e do mal.
Quanta beleza por trás dessa cortina!
*
Existe uma alma dentro de sua alma.
Busque por ela.
Existe uma jóia na montanha que é seu corpo.
Olhe para a mina que contém essa jóia.
Ó sufi andarilho
Busque dentro de você e não fora.
sufismo7
*fonte do texto:
* imagens anexadas via "google"
Fonte:http://www.universomistico.org/
s/conhecimento/sufismo.html

SUFISMO

O sufismo é uma linha mística do islamismo. Apesar de sua origem, sofreu perseguição dos muçulmanos em diversos momentos da história. A justificativa para isso era a ameaça ao monoteísmodo islamismo. Por outro lado, o Alcorão também serve como inspiração para o sufismo.
A palavra sufismo é derivada do termo árabe suf, que significa lã. Historicamente, os seguidores do sufismo costumavam vestir apenas lã pura, pois era uma forma de representarem sua negação aos confortos do mundo.
Outra diferença do islamismo para o sufismo está na meditação, enquanto os primeiros creem que as cordas vocais e os instrumentos musicais estão ligados ao demônio, os segundos utilizam a música para alcançar um estado mental elevado que se aproxima do contato com Deus.
Para chegar a este patamar, os sufistas fazem uso da poesia e batidas rítmicas de tambores. A meditação com o som produzido leva-os a um estado de transe. Esta técnica também era utilizada pelos adeptos do vodu, que tem origens africanas. Um dos mais tradicionais tipos de música sufista é feito pelos dervixes, famosos por suas músicas rápidas e danças agitadas.
No ritual de meditação, os sufistas cantam o dhikr, que é o ato de repetir inúmeras vezes os textos sacros do Alcorão e o nome de Deus. Este ritual faz com que o sufista entre em estado de auto-hipnose, no qual explora os caminhos que levam a Deus.
Além da diferença da meditação, o sufismo tem outro ponto de discordância com as ideias do islamismo. Este é referente à “Noite da Viagem”, conhecida também como miraj, na qual Maomé, através dos Portões do Céu, chega à presença de Deus. Para o islamismo, Maomé realizou a jornada de corpo e alma, já os sufistas veem o episódio como uma forma de ascensão espiritual interna.
A história do sufismo é dividida em três momentos: clássico, medieval e moderno. Em meio à diversas formas de perseguição sofridas, um dos  nomes importantes é o de Husayn ibn Mansur al-Hallaj, que foi crucificado no ano de 922 após declarar a seguinte frase: “Eu sou a verdade”.
Tamanha foi a perseguição contra os sufistas que eles tiveram que criar códigos para a propagação de suas ideias. Elaboravam poesias complexas, disfarçando as frases que pudessem ser entendidas como contrárias à existência de um único Deus.
De todas as épocas do sufismo, o período onde alcançaram seu auge foi na era moderna, que fica entre os anos de 1550 e 1800.
Fontes:
FARRINGTON, Karen. História Ilustrada da Religião, São Paulo: Editora Manole, 1999.
http://periodicos.pucminas.br/
index.php/horizonte/article/view/528

Fonte:http://www.infoescola.com/islamismo/sufismo/

O Sufismo Islâmico

Por Me. Cláudio Fernandes
No mundo ocidental, sobretudo a partir da virada do século XX para o século XXI, construiu-se uma visão um tanto quanto enviesada, para não dizer negativa, da religião islâmica. Isto se deve a vários fatores, mas um dos principais é a questão das práticas terroristas perpetradas por grupos radicais islâmicos, como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, geralmente inspirados em Sayyid Qutb, um dos ideólogos da Irmandade Muçulmana. A associação direta entre terrorismo islâmico e religião islâmica decorre também de um profundo desconhecimento da própria estrutura do islamismo. Uma das características menos conhecidas da religião islâmica é sua vertente mística, expressa no sufismo, nome que remete à túnica de lã usada pelos primeiros mestres sufis.
Todo grande sistema religioso produziu santos e místicos. Isto é, pessoas que tentaram elevar-se espiritualmente por meio da excelência do exercício das virtudes e por meio da ascese – prática de abstenção dos prazeres terrenos. O cristianismo (tanto católico e ortodoxo quanto protestante) teve seus místicos, o hinduísmo e o budismo também. Não é diferente com o Islã.
Na verdade, o termo islã é apenas uma das partes da religião que e o leva como nome. Como diz o estudioso de religiões comparadas e da sabedoria perene, William Stoddard, em sua obra Sufismo: Doutrina metafísica e via espiritual no Islã, a prática da religião islâmica “compreende, para o crente, três grandes categorias: islam (submissão à lei revelada), iman (fé na shahada) e ihsan (virtude ou sinceridade).” A prática do sufismo está relacionada a essa última categoria, a ihsan, ou prática da virtude.
Sendo assim, sufismo se organiza em torno de uma via (ou caminho) espiritual do islã, um caminho trilhado através do cultivo das virtudes. Para este caminho, os sufis dão o nome de dhirk, isto é, a prece invocatória que veicula a “lembrança de Deus”. Um dos métodos mais praticados para se atingir a dhirk é a recitação do rosário sufi, chamado de wird. Há várias fórmulas de recitação, que podem variar de tariqa para tariqa. As taricas são organizações que comportam os praticantes da mística islâmica – apesar de haver exemplos de muitas taricas ecumênicas. Toda tarica é encabeçada por um shaikh (ou cheike) que orienta os iniciados que querem se aprofundar no cultivo das virtudes e no estudo da religião. O shaikh, grosso modo, é um mestre sufi.
Acima, a imagem de um mestre sufi no mercado da cidade de Isfahan, no Irã *
Acima, a imagem de um mestre sufi no mercado da cidade de Isfahan, no Irã *
Por ser organizar desta maneira, o sufismo possui uma característica iniciática. Isto é, mantém um círculo fechado de orientação entre mestre e discípulo. Este último depende, por tanto, da iniciação do primeiro – precisa ser iniciado na prática sufi. Essa característica diferencia radicalmente misticismo islâmico do cristão, por exemplo, que não possui nada de iniciático ou esotérico.
A prática do sufismo conduziu vários místicos islâmicos à composição de obras magníficas relativas ao conhecimento religioso e interior, que são testemunhos da grandeza da civilização islâmica. A visão que temos do islamismo, distorcida pelo terrorismo – que quer reivindicar para si o monopólio das virtudes do Islã – esconde essa grandeza.
* Créditos da imagem:
Fonte:http://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/o-sufismo-islamico.htm

Sufismo, o misticismo islâmico

Texto de Ibn Warraq

Capítulo 12 do livro Why I am not a muslim (Por que não sou muçulmano).
Como disse um dos maiores estudiosos do sufismo, R. A. Nicholson, os Sufis mais antigos eram ascetas e quietistas em vez de verdadeiros místicos. Esses primeiros Sufis eram inspirados por ideais cristãos, buscando a salvação evitando as delícias vulgares do mundo. Eventualmente, o ascetismo era visto apenas como a primeira fase de uma longa viagem cujo objetivo final era um profundo e íntimo conhecimento de Deus. Luz, conhecimento e amor foram as principais ideias deste novo Sufismo. “Por fim, eles repousaram sobre uma fé panteísta que depôs o Deus único e transcendente do Islã, e em seu lugar, adorou um Ser Real que habita e trabalha em todos os lugares, e cujo trono não é menos, e sim mais, no coração humano.”
Os sufis foram – sem dúvidas – influenciados por certas passagens do Alcorão, mas o desenvolvimento histórico do sufismo deve muito mais à influência do Cristianismo, Neoplatonismo, Gnosticismo e Budismo (os sufis aprenderam o rosário dos monges budistas, entre outros assuntos mais substanciais).
Para nós, neste capítulo, o que nos interessa é o modo como os sufis mais recentes romperam completamente com a lei formal islâmica, dizendo que “as algemas da lei não atingem aqueles que alcançaram o conhecimento”.  Isto era verdade tanto para indivíduos quanto para ordens inteiras de dervixes. Muitos sufistas eram bons muçulmanos, mas alguns o eram só de nome, enquanto que um outro grupo era muçulmano só “por moda”. Um dos personagens mais importantes na história do Sufismo, Abu Said, não sentia nada mais que o desprezo pelo Islã e por toda religião impositiva, proibindo a seus discípulos de irem em peregrinação a Meca, e outras coisas. Bayazid também tinha pouco apreço pela observância dos preceitos da Sharia.
Ordem Bektashi parece ter surgido por volta do início do século XVI. Fortemente influenciado pelas ideias cristãs e gnósticas, os Bektashis rejeitaram as as cerimônias externas do Islã e de outras religiões como sendo inúteis.
Houve até um grupo de dervixes, coletivamente conhecido como malamatiya, que cometeu os atos mais ultrajantes possíveis para chamar de propósito a atenção da população. Assim eles mesmos puderam mostrar que sentiam desdém pelo desprezo que os outros tinham deles.
A grande conquista dos sufis foi sua insistência de que a verdadeira religião não tinha nada com a doutrina legal da ortodoxia, que apenas restringia os horizontes dos homens. Na visão mística, não havia recompensas celestiais ou punições infernais, a palavra escrita de Deus foi ab-rogada por revelação íntima e direta. Em vez de ser guiado pelo medo, o místico está mais preocupado com o amor e o conhecimento de Deus, desinteressado de si mesmo, e “a servidão para com Deus é considerada uma serviço para com o coração”, em vez de observâncias a regras externas que devem ser seguidas cegamente.
Quanto mais o sufismo caminhava para o panteísmo, mais ele produzia
uma série de trabalhos, que, sob a pretensa ortodoxia e devoção, na realidade substituíram a noção do Deus pessoal e da vida futura do Islã, noções que eram irreconciliáveis com as deles, e que tinha base em uma interpretação tão distanciada do Alcorão que chegava a ser grotesca e irrelevante. O mais famoso desses trabalhos são os poemas de Ibn al-Farid ( 1161- 1235); e os trabalhos de Ibn Arari (1155-1240), “Gems of Maxims” (sem tradução em Português). Ambas as obras, em diferentes épocas, fizeram seus autores ficarem em perigo, e foram causa de motins (ver Ibn Lyas, History of Egypt,… onde o livro é descrito como obra pior do que a dos descrentes, judeus, cristãos ou idólatras). Pelos comentários sobre o Alcorão contidos na obra, é suficiente citar que na história do bezerro de ouro, de acordo com Ibn Arabi, Moisés pensou que seu irmão era culpado por não aprovar a idolatria do bezerro, uma vez que Aarão sabia que nada mais além de Deus merecia ser objeto de adoração, e portanto o bezerro era (como todas as coisas) Deus.   (Margoliouth)
A filosofia sufista teve a consequência de apagar as fronteiras entre os credos diferentes – o Islã não era melhor do que a idolatria, ou, como um estudante de Ibn Arabi colocou: “o Alcorão é o politeísmo puro e simples”. Ibn Arabi mesmo escreveu que seu coração era um templo para os ídolos, uma Caaba para os peregrinos, as tábuas da Torá e o Alcorão; somente o amor era sua fé.
“Eu não sou nem cristão, nem judeu, nem muçulmano”, canta outro místico. Os sufis não davam muito espaço para os diferentes credos e suas particularidades. Como Abu Said escreveu: “até que as mesquitas e as madrassas sejam eliminadas, o trabalho dos dervixes não será realizado, até que a crença e a descrença sejam parecidas, nenhum homem é um verdadeiro muçulmano”. E para citar Nicholson:
“O amor é onde a glória cai,
sobre seu rosto – nas paredes do convento
Ou no chão das tabernas, a mesma
chama inextinguível.
Onde o anacoreta de turbante
Canta para Alá dia e noite
Os sinos da igreja chamam para oração
e a cruz de Cristo lá está”.
Vários sufis famosos foram – nas palavras de Goldziher – “submetidos a uma cruel inquisição”. Os sufis mais antigos, levantaram uma suspeita considerável nas autoridades ortodoxas e podem ser vistos na história do sufi  Dhu ‘l Nun. Este sufi tinha muitos discípulos e muita influência sobre as pessoas, tanto que foi denunciado como zindiq (herege) pelos invejosos. O califa Mutawakkil o tinha colocado na prisão, porém mais tarde foi solto por suas qualidades morais.
Talvez o místico mais famoso que já foi condenado a morte por seus enunciados blasfemos foi al-Hallaj (executado em 922). Ele passou muitos anos na prisão antes de ser açoitado, mutilado, condenado a forca e finalmente decapitado e queimado, tudo porque advocava a piedade pessoal em vez das lei e porque tentou conciliar os “dogmas em harmonia com a filosofia grega na base da experiência mística”. Doze anos mais tarde, al-Shalmaghani também foi condenado à morte sob a acusação de blasfêmia.
Al-Suhrawardi (executado em 1191) foi a princípio apadrinhado pelo vice-rei em Alepo, mas seu misticismo levantou suspeita entre os ortodoxos, que acabaram exigindo sua execução. O vice-rei não ousou se opor aos “verdadeiros crentes”, e assim Suhrawardi foi executado.
Badr al-Din, o eminente jurista, fora “convertido” ao sufismo depois de um encontro com um sufi, Shaikh Husain Akhtali. Ele se envolveu com um grupo comunista (de Burkludje Mustafa e Torlak Hu Kemal ), foi preso, e enforcado como traidor em 1416.  Havia desenvolvido abertamente suas heresias baseadas nas visões do místico Ibn al-Arabi.

O Islã é tolerante com as heresias?

Desde seu início, o Islã desenvolveu a ideia de bid’ha – inovação – e de acordo com um hadice famoso, cada inovação é uma heresia, cada heresia é um erro e cada erro leva ao inferno. A inovação era o oposto da suna. Alguns teólogos dos anos iniciais chegaram ao ponto de exigir a pena de morte para qualquer pessoa que introduzisse inovação. Felizmente, esta atitude não durou quando a necessidade de introduzir novas práticas surgiu, e daí, uma distinção foi feita entre bid’ha boa (inovação boa) e bid’ah ruim (inovação ruim). Nas palavras de al-Shafi’i: “Uma inovação que contradiga o Alcorão, a suna, ou a ijma (consenso dos imames) é uma bida herética, se todavia algo novo for introduzido, mas que não seja ruim em si mesmo e não contradiga as autoridades mencionadas da vida religiosa, então ela é digna de louvor”. Esta conveniência possibilitou que os muçulmanos aceitassem como inovação boa coisas que – em teoria- eram absolutamente contrárias ao Islã.
Não há comparação entre o dogma do Islã e o dogma de qualquer sistema religioso de qualquer igreja cristã. No Islã, não há Concílios ou Sínodos que, depois de vigorosos debates, fixem as fórmulas que devam ser tratadas como crença. Não há escritório eclesiástico que providencie um padrão para a ortodoxia. Não há exegese autorizada exclusiva dos textos sagrados, sobre a qual as doutrinas da Igreja e a maneira de sua aplicação devam ser baseados. O consenso é a mais alta autoridade em todas as questões religiosas e práticas, mas é uma autoridade vaga, e seus julgamentos dificilmente podem ser determinados de maneira precisa. O próprio conceito de consenso é definido de maneira variada. Em matéria de teologia, é especialmente difícil atingir a unanimidade sobre o que é aceito sem disputa, como um veredicto. Onde uma parte enxerga consenso, a outra pode estar longe de ver isso.
Apesar dos pensamentos de Goldzier na passagem acima, isso dá uma noção errada do Islã como sendo livre de doutrinas e onde se pode tudo. Se fosse assim, qual seria a lógica de se chamar alguém ao Islã? Ao contrário da ideia de um Islã fluido e escorregadio, Schacht põe diante de nós a noção de que, por exemplo, a lei islâmica se tornou “cada vez mais rígida” e estabelecida em seu molde final. É verdade que houve, como sempre, uma enorme discrepância entre teoria e prática, mas a lei islâmica realmente triunfou em se impor na prática, especialmente com respeito a família.
Pode não ter havido uma só corporação eclesiástica para fixar o dogma dos crentes, mas na realidade, através da história islâmica, certas doutrinas foram definitivamente adotadas em certas partes do mundo. Por exemplo, por volta de 1048- 1049, a doutrina da escola de Malik foi adotada no Magrebe. “O triunfo dessas doutrinas causou o abandono de todos os esforços em procurar uma interpretação alegórica para estes versos do Corão, pelo qual não houve interpretação literal satisfatória. Não tivesse Malik dito “sabemos que Alá está sentado em seu trono, mas não como esse mundo deve ser entendido. Acreditar nisso é um dever, perguntar sobre isso é heresia”. Em outras palavras, certa doutrina fora adotada e colocada em prática, e representava a ortodoxia – não havia o questionamento de uma doutrina livre para todos, ou liberalismo.
Um pouco mais tarde, em 1130, o estado almohade foi fundado no norte da África e na Espanha e foi baseado em princípios definidos derivados dos ensinamentos autoritários de Ibn Tumart. Não havia necessidade de um corpo da igreja para estabelecer o dogma; os governantes do novo Estado fizeram isso.
Muitos apologistas do Islã que desejam defender a tese de que essa religião era muito tolerante com a dissidência e a heresia citam as obras de Ibn Taymiyya e Al-Ghazali, que supostamente têm esticado “os limites do Islã ao máximo”.
A crença mínima que era necessária para ser considerado como um muçulmano era a unidade de Deus e a profecia de Maomé. Mas mesmo esse mínimo não é tão liberal quanto parece e foi suficiente para excluir os dualistas (os verdadeiros inovadores), os sufis, que não tinham muito respeito pelos profetas; e os livre pensadores que achavam que todos os profetas eram charlatães. Além disso, como vimos anteriormente, al-Ghazali, longe de ser tolerante, baniu do Islã aqueles que acreditavam na eternidade do mundo e negavam a ressurreição do corpo, considerando-os incrédulos, e até pedindo sua execução. Pelos critérios de al-Ghazali, alguns dos maiores filósofos e poetas do Islã estavam aptos para a forca. E, como sempre, o incrédulo nunca é de alguma forma considerado quando se discute qualquer avaliação final da tolerância do Islã.
A descrença é o maior de todos os pecados, mais grave do que o assassinato, e traz consigo a pena de morte. Finalmente, que evidência há de que as obras de al-Ghazali ou Ibn Taymiyya tiveram alguma influência na prática? Estes mesmos apologistas, com razão, apontam a discrepância entre teoria e prática, e contudo estão muito felizes em citar as opiniões dos dois teólogos sem verificar se suas teorias foram aplicadas na prática. De fato, sabemos que no Ocidente Islâmico, os escritos de al-Ghazali foram queimados porque eram considerados perigosos e contrários à verdadeira fé.  O Islã era tolerante na prática?
A resposta curta é não. A passagem precedente de Goldziher também dá a impressão de que o Islã estava livre de perseguição aos hereges. Espero que este capítulo tenha despertado os leitores deste mito. Mesmo o grande Goldziher tem de admitir que “o espírito de tolerância prevaleceu apenas no período inicial … O espírito maligno da intolerância apareceu pela primeira vez em ambos os lados … como resultado do cultivo da teologia dogmática escolástica”. Foi deixado ao sufismo rejeitar as distinções confessionais e espalhar o bálsamo da tolerância. Como a distinção entre religião e política era desfocada, especialmente sob os abássidas, toda doutrina perigosa tinha seu aspecto religioso e político. As autoridades políticas perseguiram o que consideravam seitas subversivas, responsabilizando-as pela instabilidade civil.
Os abássidas perseguiram impiedosamente os Shikes, muitos dos quais foram aprisionados, enforcados ou envenenados. Mas os omíadas não estavam inteiramente sem suas inquisições – testemunha a queima, em 737, de Bayan al-Tamimi, o xiita, juntamente com al-Mughira b. Sa’d e alguns de seus seguidores, que o consideravam divino. Também não devemos esquecer a eliminação cruel dos Carijitas sob o governador do Iraque, al-Hajjaj, nos primeiros anos do governo omíada.
Os abássidas terminaram com a adesão ao poder do califa Mutawakkil, que inverteu a situação declarando as doutrinas mu’tazilitas como heréticas e retornando à fé tradicional. Medidas severas foram tomadas contra aqueles vistos como hereges. Nas palavras de Nicholson, “doravante havia pouco espaço no islã para o pensamento independente.” A população considerava a filosofia e as ciências naturais como uma espécie de descrença. Os autores de trabalhos sobre esses assuntos correm um risco sério a menos que disfarçassem suas verdadeiras opiniões e trouxessem Os resultados de suas investigações em aparente conformidade com o texto do Alcorão.” A situação, sem dúvida, variou de país para país, governante a governante, período a período. Em geral, os omíadas são vistos como mais tolerantes do que os abássidas, precisamente porque ainda não se definiam como muçulmanos.
Esta tolerância teve frequentemente consequências ímpares: “é característica do espírito anti-islâmico que aparece tão fortemente nos omíadas que seu louvado escolhido deve ter sido um cristão que era na verdade um descendente linear dos bardos pagãos.” Al-Akhtal, que é considerado um dos três maiores poetas do período dos omíadas, era um cristão capaz de aparecer na corte sem aviso prévio, chegando à presença do califa cheirando a vinho e ostentando uma cruz de ouro. Essa tolerância era prova para Henri Lammens de que os omíadas estavam mais para árabes do que para muçulmanos.
Um ponto importante, a saber: desde que se tenha um patrocínio real, proteção e talento, então pode-se safar com a blasfêmia, a heresia e até a incredulidade. Por exemplo, a família persa dos barmecidas era conselheira de vários califas abássidas, embora muitas vezes fossem acusados de descrença, ou pelo menos de abrigar secretamente sentimentos anti-islâmicos. Quando o favor real foi retirado, esta família influente não gozou mais de proteção.
Uma indicação de que a heresia não era tolerada sob o Islã é o fato de quem quisesse eliminar um rival, podia acusar essa pessoa de heresia. Exemplo: Abu Ubaid conquistara uma grande reputação para si mesmo na corte abássida e fora rapidamente promovido. Funcionários invejosos, ressentidos com seu sucesso, acusaram o filho dele de heresia. O filho foi convocado ante ao califa e pediram para que lesse o Alcorão colocado na frente dele. Sendo praticamente analfabeto, tropeçou em algumas linhas. Isso foi tomado como prova de que ele era um livre-pensador e, portanto, foi executado. O medo de ser rotulado de herege era onipresente. Uma história famosa relata a primeira vez que o filósofo Averroes foi apresentado ao governante Abu Yaqub Yusuf. Este último perguntou a Averroes como os filósofos consideravam o céu: era uma substância eterna ou tinha um começo? Averróis ficou tão aterrorizado com aquela pergunta tão perigosa que não pôde falar. Yusuf colocou-o à vontade e Averroes começou a mostrar a extensão de sua aprendizagem. Se não houvesse um clima de medo, é improvável que Averróis tivesse se comportado dessa maneira.
Podemos também mencionar a constante perseguição dos ismaelitas. Abbas, o senhor da cidade de al-Rai, teria exterminado mais de 100 mil ismaelitas. Outra seita herética era o Khubmesihis, que ensinou que Jesus era superior a Maomé e parece ter sido centrado em Istambul no século XVII. A adesão a esta seita era susceptível de levar à prisão e execução. Dizia-se que a seita era inspirada pelo herege Kabid que tinha opiniões semelhantes e fora executado em 1527. Assim, tivemos o espetáculo da perseguição periódica de vários grupos (carijitas, xiitas, ismaelitas, etc.) considerados doutrinariamente suspeitos ou politicamente subversivos; indivíduos (filósofos, poetas, teólogos, cientistas, racionalistas, dualistas, livre pensadores e místicos) foram aprisionados, torturados, crucificados, mutilados e enforcados; seus escritos queimados (por exemplo, os escritos de Averroes, Ibn Hazm, al-Ghazali, alHaitham, e al-Kindi). Significativamente, nenhuma das obras heréticas de Ibn Rawandi, Ibn Warraq, Ibn al-Muqaffa e al-Razi sobreviveu. Outros indivíduos foram forçados a fugir de um tipo de governo para outro mais tolerante (por exemplo, al-Amidi). Alguns foram exilados ou banidos (Averroes). Os homens foram forçados a disfarçar suas opiniões verdadeiras por meio de linguagem difícil ou ambígua. Os que conseguiram se safar por ter blasfemado foram aqueles protegidos pelos poderosos e influentes.
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Ibn Warraq
Sobre o autor: Ibn Warraq é o pseudônimo de um ex-muçulmano nascido na Índia e criado no Paquistão e na Inglaterra. Famoso pelas suas críticas ao Alcorão e às sociedades islâmicas, Warraq também é fundador do Institute for the Secularisation of Islamic Society  que é um instituto que promove a secularização dessas sociedades.
Fonte:http://www.exmuculmanos.com/sufismo-o-misticismo-islamico/

Sufismo – o caminho do autoconhecimento

Retratos de Fé mergulha no universo sufi e conversa com praticantes e

Segundo o sheikh Muhammad Ragip, líder religioso de uma ordem sufi em São Paulo, o Sufismo “é a dimensão interior do islã, uma ciência dentro do islã, e surgiu com as instruções que o profeta deu a seus companheiros mais próximos, em termos de práticas e atitudes para aperfeiçoamento desse estado interior na busca de Deus.”
As práticas existem “para que se possa elevar e subir nossos níveis espirituais”, conta o sheikh Hamza Yener, nascido na Turquia e também residente em São Paulo. Ele explica que o “sufi, em poucas palavras, significa ‘a pessoa mais sincera’.”
“Depois que comecei a praticar o sufismo, eu me sinto mais viva, me sinto mais presente. Pra mim, a vida é mais real, eu saí do automático”, relata a dervixe (praticante) Nayara Grigolli.

zikr – que significa “a lembrança de Deus” – é um dos rituais sufistas que acontecem pelo canto, pela meditação e pelo movimento. O dervixe Nizam Grigolli relembra a primeira vez em que participou do ritual: “senti algo muito forte, inexplicável, e senti naquele momento que ‘esse é meu caminho’.”

Conheça o Zikr: um ritual sufista

O Sufismo é uma vertente do Islamismo que busca entrar em comunhão com o divino através da meditação. As ordens sufis também seguem o Alcorão, o livro sagrado do Islã.

Para meditar, os sufistas realizam o ritual do Zikr, palavra que significa “a lembrança de Deus” em árabe. Durante o ato, os dervixes, como são chamados os praticantes sufis, utilizam instrumentos musicais e entoam os diferentes nomes do Senhor de maneira ritmada e intensa.
Ao repetir inúmeras vezes os textos sacros do Alcorão e o nome de Deus, o sufista entre em estado de transe.
Fonte:http://tvbrasil.ebc.com.br/retratosdefe/post/conheca-o-zikr-um-ritual-sufista

A religião é um dos assuntos mais polêmicos de todo o mundo. Isso porque o planeta é essencialmente religioso. Isso pode ser comprovado pelo grande número de seitas e doutrina que se declaram como uma religião: há mais de 3 mil delas no planeta.  E, desse vasto leque religioso, três e destacam, sendo eles o Cristianismo, o Islamismo e o Hinduísmo.
O Cristianismo, por falar nisso, é a maior religião do planeta, tendo em sua base de fiéis mais de 2,2 bilhões de pessoas, sendo esse número tão grande que corresponde a mais ou menos 30% da população mundial. Em segundo lugar, mas não muito longe, segue o Islamismo, que detém 21% da população mundial em seu número de adeptos e, mais longe um pouco, o Hinduísmo.
O Islamismo, por sua vez, é uma das religiões que mais crescem atualmente.  Os ideais islâmicos vem cada vez mais conquistando adeptos, sobretudo os que residem na Europa, sendo o país da França um dos redutos onde mais se encontram muçulmanos no continente.
O Cristianismo, por falar nisso, é a maior religião do planeta, tendo em sua base de fiéis mais de 2,2 bilhões de pessoas, sendo esse número tão grande que corresponde a mais ou menos 30% da população mundial. Em segundo lugar, mas não muito longe, segue o Islamismo, que detém 21% da população mundial em seu número de adeptos e, mais longe um pouco, o Hinduísmo.
O Islamismo, por sua vez, é uma das religiões que mais crescem atualmente.  Os ideais islâmicos vem cada vez mais conquistando adeptos, sobretudo os que residem na Europa, sendo o país da França um dos redutos onde mais se encontram muçulmanos no continente.
No nosso artigo de hoje, iremos falar um pouco sobre o Sufismo, que é uma vertente islâmica muito conhecida entre os praticantes da religião. Além disso, você irá ficar dentro de assuntos interessantes relacionados à religião. Vamos lá?

Antes de Tudo, um Pouco do Islamismo

O Islamismo pode ser visto como uma das religiões mais seguidas e conhecidas de todo o planeta. Como já dito anteriormente, ela é a segunda maior religião, ficando atrás apenas do Cristianismo. No entanto, ela é a vertente religiosa que mais cresceu nos últimos tempos, se espalhando, praticamente, para todos os quatro cantos do planeta.
A religião islâmica tem como símbolos principais Deus, que é chamado de Alá por eles, além do profeta Maomé e o livro sagrado Alcorão. Maomé, portanto, pode ser considerado como o “Jesus” islâmico e o Alcorão, como a Bíblia, livro cristão que é o mais comercializado do mundo. Para se ter uma ideia, a cada 50 segundos, uma Bíblia é comercializada em algum lugar do planeta.
Os muçulmanos, como são chamados aqueles que professam a fé islâmica, acreditam que Maomé foi o último dos principais profetas que passaram pela Terra. Diferentemente de alguns pensamentos, Jesus também é visto pelos islâmicos como um profeta, mas sem a importância de Maomé, já que acreditam que o fundador do Cristianismo “preparou terreno” para a vida de Maomé, que se deu em 570 depois da morte de Cristo.
Para que o Islamismo seja praticado em sua plenitude, é necessário que os adeptos da prática sigam os pilares essenciais da religião, que são os seguintes:
  • Realizar orações cerca de cinco vezes ao dia;
  • Aceitar e recitar a crença, isso é, afirmar a sua posição de aceitação do Islamismo;
  • Dar esmolas aos templos;
  • Realizar peregrinações e visitas a Meca, pelo menos, uma vez por ano (esse pilar só é preciso fazer quem tiver disponibilidade financeira e/ gozar de boa saúde).
  • Ficar atento e seguir à risca o jejum no Ramadão.
É necessário salientar também que, assim como outras religiões, o Islamismo também possui várias vertentes, cada uma com alguma característica que diferencie das demais, mas sem desviar do foco principal, que a exaltação de Deus, Maomé e do Alcorão.

O Sufismo

O Sufismo é definido como uma vertente do Islamismo, considerada também como uma corrente mística e que contempla o Islão.  Os sufis, como são chamados aqueles que praticam os preceitos do Islão procuram, em seus encontros, exaltar uma união direta e bastante íntima com Deus, fazendo uso das práticas espirituais deixadas por Maomé, além de orações e jejuns. Outros meios de exaltarem a religião é por meio de danças e canções, cujas veracidades por parte da religião islâmica são alvo de contestação por alguns praticantes da fé islâmica.
Como já deve ser de conhecimento, o Islamismo é dividido em duas correntes principais, que são o xiismo e o sunismo. O sufismo, por sua vez, tem incidência maior nos sunitas do que nos xiitas.
Em um apanhado geral, o sufismo nada mais é do que uma ramificação do Islão, que tem por objetivo tratar dos aspectos que estejam ligados à prática religiosa e a ética que a envolve. Quando se fala em fatos internos, isso remete ao conhecimento dos variados níveis da espiritualidade, deixando o coração, fator primordial da alma humana, por último.
A história do sufismo é bastante antiga, onde se acredita que o mesmo teve até influencias cristãs em seu processo. O seu nome se dá pelo prefixo “suf”, que, segundo alguns estudiosos, significa “lã”, em árabe. Os pesquisadores descobriram também que os moradores da região da atual Palestina e Síria utilizavam essas vestes como sinal de humildade e simplicidade, no qual o produto originário das ovelhas também tinha significados espirituais para os islâmicos.
No entanto, não são todos os pesquisadores que partilham da mesma opinião. Alguns acreditam que “Suf” tenha origem da palavra árabe “safa” que remete a um estado de tranquilidade e pureza. Por mais que os estudos dos autores divergem entre sim, um consenso entre eles é que sufixo tem ancestrais no Egito Antigo, já que o árabe é uma mistura de línguas desse local que é um dos mais fascinantes em termos de antiguidade. Entretanto, não se pode confundir o fato de que o Sufismo seja oriundo da cultura egípcia, já que esse deve ser considerado como “atemporal”.
Em resumo, o sufismo tem se organizado em uma via de cunho espiritual da vertente islâmica, sendo que esse caminho fora trilhado por todas as virtudes e coisas boas que  o indivíduo tenha semeado pela sua vida. Esse caminho é denominado pelos “Sufi” como “dhirk”, que nada mais significa do que uma lembrança que remete a Deus.
O sufismo se iguala a tantas outras vertentes religiosas, mesmo as que não são islâmicas, por causa do seu lado místico e espiritual, já que, em toda religião, é comum a presença de tais vertentes que induzam o pensamento espiritual da pessoa, bem como o entendimento de sua missão mística no planeta Terra. Até mesmo no Cristianismo, há correntes espíritas que buscam unir os preceitos de Deus com as noções de reencarnação e a aceitação da existência de vidas passadas.
Fonte:http://religiao.culturamix.com/religioes/sufismo/

O LADO SINISTRO DO SUFISMO

 O Lado Sinistro do Sufismo

Por Ram Ohri – IndiaFacts (Truth Be Told)
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Dervixes Dançantes
Durante séculos o credo e a música Sufi vêm repercutindo como grandes símbolos de espiritualismo, promoção de paz e harmonia entre os Hindus e os Muçulmanos. O conceito inteligentemente marketeado da  espiritualidade Sufi tem sido inquestionavelmente aceito como marca da unidade Hindu-Muçulmana. Mas como acontece com a maioria dos mitos, a história se torna a primeira vítima.
Por esse motivo, estudamos a história dos Sufis, rastreamos a narrativa de sua vinda à Índia e analisamos o seu explícito papel missionário em promover conversões ao Islamismo. Mais ainda importante, é preciso avaliar: Como os Sufis se comportaram diante dos assassinatos e saqueamentos irresponsáveis por parte dos invasores Muçulmanos? Será que se opuseram aos assassinatos em massa sem sentido e tentaram impedir os incessantes saqueamentos de templos Hindus e das multidões inocentes? Será que os Sufis se opuseram contra a captura de homens indefesos e de mulheres como escravas e o uso delas como objeto de prazer carnal? Estas são algumas das questões que precisam ser encontradas por todos os genuínos estudantes de História Indiana.
Os Sufis Proeminentes na Índia
A maioria dos Sufis que chegaram à Índia vieram acompanhando os exércitos invasores e saqueadores Islâmicos ou seguiram na esteira das extensas conquistas feitas pelos soldados do Islã. Pelo menos os quatro seguintes Sufis famosos acompanharam os exércitos Muçulmanos, que repetidamente invadiram a Índia para atacar os governantes Hindus, capturar seus reinos e suas riquezas recorrendo aos extensos massacres de cidadãos comuns.
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Dervixes Dançantes
Quase todos os mestres Sufis agiam como espectadores silenciosos diante do caos assassino e das espoliações irresponsáveis dos templos e cidades pelas hordas de saqueadores através do subcontinente. Aproveitando o fato de que a população Hindu é profundamente impregnada de tradição espiritual e misticismo, os Sufis usaram de seu paradigma místico de cura aplicando um tipo de bálsamo nos cidadãos comuns derrotados, enlameados e traumatizados com o intuito de convertê-los à religião dos vitoriosos.
Os famosos Mestres Sufis a seguir, chegaram á Índia junto com os exércitos invasores Muçulmanos:
  1. Khwaja Moinuddin Chishti de Ajmer acompanhando o exército de Shihabuddin Ghori finalmente se instalou em Ajmer no ano de 1233 d.C.
  2. Khawaja Qutubuddin chegou a Delhi no ano de 1236 no comboio de Shihabuddin Ghori e daí por diante se instalou para promover a causa do Islã.
  3. Sheikh Faridudin chegou a Pattan (Paquistão) no ano de 1265.
  4. Sheikh Nizamuddin Auliya de Dargah Hazrat Nizamuddin chegou a Delhi no ano de 1335 acompanhando o contingente de invasores Muçulmanos.
Adicionalmente, o famoso Sufi Shihabuddin Suhrawardy de Baghdad foi trazido à Índia para conduzir o trabalho missionário de conversões pelo Bahauddin Zakariya de Multan muitas décadas depois do soberano Hindu ter sido derrotado e seu reino jogado ao lixo depois dos saques e da carnificina em grande escala.
Igual a todos os mestres Sufis, a sua maior função era aplicar o bálsamo da harmonia espiritual na população Hindu traumatizada e daí por diante, gradualmente, persuadir todos a se converterem ao Islã. Nem um único Sufi, os tão chamados místicos santos, se opôs a insana carnificina e as espoliações irresponsáveis, ou a destruição dos templos, aliás, nem à escravidão vampiresca dos tão chamados ‘infiéis’, homens e mulheres à venda nos bazares de Ghazni e Baghdad. Operando nas linhas secundárias do espiritualismo, inclusive com participação nos detalhes relativos à praticidade da governança, ajudaram os soberanos Muçulmanos a consolidarem a autoridade no país arrasado. E, de forma significativa, a participação deles nos assuntos de Estado não dependia se os soberanos Muçulmanos  atuavam de forma justa ou inclusive de maneira imparcial. Ao contrário, os Sufis invariavelmente tentavam ajudar os Sultões a seguirem os caminhos mostrados pelo Profeta e a Sharia.
Os Sufis eram praticantes Muçulmanos e não Seculares
images (22)Outro importante objetivo da pregação espiritual e mística dos Mestres Sufis foi o de aparar as arestas da resistência Hindu para impedi-los de se armarem para defender seus lares, sua terra natal e sua fé. Os Sufis fizeram isso através de uma fachada de paz e harmonia religiosa. Os Sufis Nagashbandi tiveram uma relação muito próxima com Jahangir e Aurangzeb. O famoso Santo Sufi de Punjab, Ahmad Sirhindi (Mujadid) da ordem Naqashbandi (1564-1634) considerou que a execução do líder Sikh Guru Arjun Dev pelo Jehangir foi uma grande vitória Islâmica. Ele acreditava e abertamente proclamava que o Islã e o Hinduísmo eram incompatíveis um com o outro e, portanto não podiam coexistir. Mesmo o Chishti Sufi, Miyan Mir, que foi amigo do Guru Arjun Dev mais tarde virou as costas ao Sikh Guru quando o último foi prezo pelo Jahangir e enviado à execução.
É preciso lembrar que o grande mestre Sufi do século XI, Al Qushairi (1072 d.C.) tinha claramente declarado que não havia discórdia entre os objetivos do Sufi ‘hagiga’ e os objetivos da Sharia. A definição dada pelo Al Hujwiri deveria ser suficiente para reprimir qualquer dúvida sobre o comprometimento dos Sufis quanto à defesa da supremacia da fé Islâmica sobre todas as religiões.
quranEste dogma tem sido a componente chave da filosofia do Sufismo não somente na Índia, mas através do mundo – da Índia a Hispania (i.e., Espanha). Al Hujwiriestabeleceu a Regra de Ouro a fim de que as palavras “não existe Deus salve Alá” seja a Verdade definitiva e as palavras “Muhammad é o Apóstolo de Alá” seja a Lei indisputável para todos os Sufis. Em outras palavras, Sufismo e Ulemá representam dois mesmíssimos aspectos da fé Islâmica, os quais são universalmente aceitos e obedecidos por todos os Muçulmanos.
O renomado mestre Sufi do século IX, Al Junaid, também conhecido como “O Sheik do Caminho”, e muito reverenciado como ancestral espiritual da fé Sufi, tinha proclamado categoricamente que para os Sufis “Todos os caminhos místicos estão proibidos, exceto aquele que segue as pegadas do Mensageiro (i.e., Profeta Muhammad (Maomé) [Fonte: Martin Lings, What is Sufism, George Allen & Unwin Ltd, London, 1975, p.101].
Sufis e a Lei Muçulmana
Recomendado por Reynold A. Nicholson no Prefácio do famoso tomo, ‘Kashaf al Mahjub’ (Taj & Co, Delhi, 1982). “Nenhum Sufi, mesmo aquele que obteve o grau máximo de santidade, está isento da obrigação de obedecer à lei religiosa”.
De fato, o famoso tomo, ‘Kashaf al Mahjub’ escrito por Ali bin Al-Hujwiri, que também era conhecido como  Data Ganj Baksh, era muito considerado como a gramática do pensamento e prática Sufi. A maioria dos Sufis tem invariavelmente esboçado o conteúdo desse tratado para a pregação do pensamento Sufi (também conhecido como Sufi sisals). Como já relatado, a página 140 do Kashaf al Mahjub Al Hujwiri espalhafatosamente proclama as palavras “não existe deus salve Alá para que seja a Verdade definitiva e as palavras Muhammad é o Apóstolo de Alá
A visão Sufi do Hinduismo
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Lord Ganesha – O Senhor dos Bons Inícios
K.A. Nizami no seu celebrado livro,  Life and Times of Shaikh Nizamuddin Auliya (Idarah-I Adabiyat-i-Delhi, Delhi) declarou que Aluliya abertamente costumava dizer que “o que o ulemá procura alcançar através do discurso, nós alcançamos com o nosso comportamento”.
Auliya era um fiel firme que buscava a obediência inquestionável de todo Muçulmano, de todo Sufi, às ordens do ulemá. De acordo com K.A. Nizami, outro santo Sufi Jamal Qiwamu`d-din escreveu que apesar de ter se associado com o Shaikh Nizamuddin Auliya durante anos, “nunca o vi faltar uma única sunnat…”.
A autoridade muito conhecida no Sufismo, S.A.A. Rizvi registrou em seu livro, ‘A History of Sufism in India’ que Nizamuddin Auliya costuma, sem hesitar, aceitar presentes enormes dado a ele pelo Khusraw Barwar o qual implicava que Auliya não se preocupava com a origem do presente, portanto que fosse pago em dinheiro. Ainda, Auliya costumava pregar que o infiel é o habitante fadado ao Inferno. No seu Khutba, não deixava ninguém ter duvidas que Allah tinha criado o Paraíso para os Crentes e o Inferno para os infiéis “a fim de reembolsar os ímpios por aquilo que fizeram”.
Isso foi categoricamente apresentado na página 161 do famoso tratado, Fawaid al-Fuad, traduzido por Bruce B. Lawrence (Paulist Press, New York, 1992); que Auliya confirmou à autoridade do grande jurista Islâmico, Imã Abu Hanifa, que a perdição dos infiéis é certa e o Inferno a única morada, mesmo que reconheçam e confessem total lealdade à Alá no Dia do Julgamento.
Sufis contra Hindus
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Lord Ganesha – Deus primordial cujo mantra Om (ॐ) é o mais importante do hinduísmo
No tratado mencionado acima sobre a filosofia Sufi, Fuwaid al-Fuad, foi citado um caso muito interessante de escravatura de Kaffir Hindus para ganhos monetários,  o qual mostra outro Sufi, Shayakh Ali Sijzi, fornecendo assistência financeira a um dos dervishes para que pudesse participar de um lucrativo mercado de escravos. Ele aconselhou ao dervixe que levasse “os escravos para Ghazni, onde o potencial de lucro ainda continua grande”. E isso foi confirmado pelo Nizamuddin Auliya que “o Dervixe obedecia”. Obviamente que, daí por diante, nem a ética espiritual ou a  justiça para todos, incluindo os infiéis, será o ponto forte dos santos Sufis.
Se a pregação com base nas narrativas e atos de Khwaja Moinuddin Chishti em Ajmer for considerada como indicação de sua filosofia religiosa e feito, ele emerge como um mestre Sufi que nutriu um profundo ódio contra os infiéis Hindus e demonstrou extremo desprezo pelas suas crenças religiosas.
Como elaborado por S.S.A. Rizvi em ‘A History of Sufism in India, Vol. 1 (Munshiram Manoharlal, 1978, p. 117); existe uma referencia no livro, Jawahar-i- Faridi, sobre o fato de que, quando Moinuddin Chishti chegou próximo do Lago Annasagar em Ajmer , onde foi localizado um número de santuários Hindus , ele matou uma vaca e cozinhou um kebab na sagrada praça rodeada por vários templos.
Além disso, reivindicou no Jawahar-i-Faridi que Khwaja havia secado dois lagos sagrados, Annasagar e Pansela, com o calor mágico do poder espiritual Islâmico. Ele inclusive afirmou ter feito a imagem  de um templo Hindu próximo a Annasagar recitar o Kalma.  Khwaja tinha um desejo ardente de destruir o Estado do bravo Rajput Kind, Prithiviraj Chauhan, tanto assim que atribui a vitoria de Muhammad Ghori na batalha de Taraint inteiramente a sua própria proeza espiritual e declarou que “Nós capturamos Pithaura viva e o entregamos ao exercito do Islã.” [Fonte: Siyar`l Auliya, citado por Rizvi na página 116 de ‘A History of Sufism in India’].
Os Sufis e o Patrocínio de Soberanos Muçulmanos
Durante todo o prolongado domínio Muçulmano na Índia, todos os Sufis apreciaram a confiança completa, os favores da Realeza e o patrocino dos cruéis soberanos Muçulmanos. Embora estupidamente aceito como “secular” pela maioria dos Hindus que buscava consolo espiritual depois de terem sido combatidos, machucados e marginalizados, quase todos os santos Sufis dogmaticamente seguiram os mandamentos contidos no Quran, no Hadith e na Sharia.
Historiadores registraram que muitos Sufis acompanhavam os exércitos Muçulmanos invasores para usarem seus poderes espirituais em prol das conquistas do Islã. Nenhum deles levantou sequer um único dedo; nenhum santo Sufi se levantou para proibir o assassinato de inocentes; nem questionaram a imposição da Jizya (imposto de “proteção”) pelos soberanos Muçulmanos. De fato, a maioria deles guiou os soberanos Muçulmanos para que levassem adiante suas conquistas missionárias e conversões, avançando as campanhas de saqueamentos de riquezas sobre os Hindus, das quais muitos Sufis voluntariamente tomaram parte.
Sufis não eram pro-Hindu
Isso foi quase um tabu para os Sufis, os tão chamados santos, aceitar um Hindu ascendendo ao trono de qualquer reinado durante os tempos áureos dos soberanos Muçulmanos. Em um exemplo narrado por S.A.A. Rizvi página 37, do seu bem pesquisado livro, The Wonder That Was India (Vol.II, Rupa & Co, 1993, New Delhi); menciona que quando o poderoso guerreiro Benali, King Ganesha, conquistou o poder em Bengali durante o ano de 1415 A.D., Ibrahim Shah Sharqi atacou o seu reino a pedido do indignado ulemá e de inúmeros Sufis de Bengal. Durante a luta que se seguiu, o líder Sufi de Bengal, Nur Qutb-i-Alam, intercedeu e garantiu um acordo político para beneficiar a comunidade Muçulmana e satisfazer os Sufis.
Sob terrível ameaça, king Gabesha foi forçado a abdicar de seu trono em favor do seu filho de 12 anos, Jadu, que tinha se convertido ao Islã e proclamado como Sultão Jalaluddin – para satisfação dos mestres Sufis. Similarmente, o Sultão Ahmed Shah de Gujarat (1411-42), embora praticante da filosofia Sufi, foi um iconoclasta duro de matar e que tinha prazer em destruir templos, como registrado no mesmo tomo, por S.A.A. Rizvi. O Sultão também costumava forçar os chefes Rajput a casar suas filhas com ele para que assim pudessem se tornar párias em sua própria comunidade. E no jogo final do Sultão poderia muito bem ser que, talvez, alguns dos párias pudessem então optar por se tornarem Muçulmanos.
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Lord Shiva: Deus da Renovação, Artes e Danças…
Lamentavelmente, devido à incansável colonização da mente Hindu durante 1.000 anos de longo e opressivo domínio Muçulmano, a população Hindu até os dias de hoje falha ao reconhecer que a tão chamada filosofia Sufi de harmonia religiosa é uma rua de mão única.  A tendência dos Hindus de orar em túmulos e dargahs foi alimentada pela forte corrente subterrânea de crença no espiritualismo entre a população Hindu, mesmo nas classes educadas. Este é o ponto crucial da questão. Profundamente mergulhados nas crenças tradicionais da espiritualidade e do misticismo, os Hindus desenvolveram o costume de visitar darghs e continuam rezando nas tumbas dos Sufis. Contudo, nenhum Muçulmano ou Sufi, alguma vez concordou em cultuar um templo Hindu, nem mesmo fazer uma reverencia perante as imagens dos Deuses ou Deusas Hindus. Para ele, seria um sacrilégio grosseiro, além de uma inaceitável violação dos dogmas do Sufismo.
Essa é a verdade sobre os santos Sufis 
e sua “filosofia” de harmonia inter-religiosa.


Tradução: Sebastian Cazeiro 
Fonte:https://tiaocazeiro.wordpress.com/2015/05/27/o-lado-sinistro-do-sufismo/


DIVERGÊNCIAS E INTERPRETAÇÃO DO SUFISMO À LUZ DO ISLAMISMO

SUFISMO (PARTE 1 DE 2)

Descrição: Um breve olhar em como o Sufismo difere e contradiz os ensinamentos do Islã.  Essa primeira parte define Sufismo, menciona suas origens e como difere do Islã no conceito de crença em Deus, crença no Profeta Muhammad (que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele) e crença no Paraíso e Inferno.

Introdução

Através de um documentário na TV ou um site belamente projetado, a maioria das pessoas já ouviu algo sobre “sufis” e “Sufismo”; programas na TV têm divulgado, anfitriões de programas de entrevista fazem menção a eles e políticos passaram a ter um forte interesse nesse grupo... basta apenas digitar a palavra “sufi” em qualquer programa de busca para ser soterrado com vídeos e fotos disponíveis.  No espaço cibernético podem-se ver imagens e vídeos de místicos e anciões sufis dançando em formas rítmicas ao som de melodias vibrantes.  Imagens perturbadoras de anciões místicos sufis furando suas cabeças com facas ou se submetendo a várias formas de tortura são muito comuns também.  Uma pessoa interessada no Islã pode ter uma idéia errada sobre o Islã e os muçulmanos, porque para o ocidente “sufis” e “Sufismo” é apenas um sinônimo de Islã e muçulmano.
A pergunta que surge é se eles são realmente muçulmanos e se estão praticando o Islã. Antes de continuar tenho que mencionar que existem muitos sites, artigos e livros que foram escritos e compilados, mas a maioria fala sobre Sufismo de forma emotiva, dando a impressão que são imparciais.  Nessa humilde empreitada tento escrever sobre “Sufismo” de maneira informativa, longe de qualquer preconceito.
Embora sejam somente uma pequena minoria, sufis podem ser encontrados em muitos países, islâmicos e não-islâmicos.  Mas contrário à crença de que o Sufismo é um “grupo”, o sufismo é dividido em “ordens”; cada um difere da outra em termos de crença e prática.  Alguns grupos são maiores que outros e alguns grupos acabaram com a passagem do tempo.  Entre os grupos sobreviventes hoje existe a ordem Tijani, a ordem Naqshabandi, a ordem Cadirita e a ordem Chatili.

Origem do Sufismo

Em sua forma inicial os ensinamentos do Sufismo salientavam que um indivíduo deve dar mais ênfase aos aspectos espirituais do Islã, como resultado de muitos perderem de vista esse grande objetivo do Islã.  Depois de um período de tempo, entretanto, anciões infames sufis introduziram práticas estranhas ao Islã que foram bem recebidas por seus seguidores.  Práticas introduzidas incluíam dançar, tocar música e até consumir haxixe.
O sábio Ibn al-Jawzi escreveu em seu livro ‘Talbis Iblis’ sobre a origem do nome usado por esse grupo, dizendo: “São chamados por esse nome em referência a primeira pessoa que dedicou sua vida à adoração ao redor da Caaba, cujo nome era Sufah.”
De acordo com isso, aqueles que queriam imitá-lo se chamavam “sufis”.
Ibn al-Jawzi também menciona outra razão: “usavam roupas feitas de lã.” Lã em árabe é chamado “soof” e roupas de lã eram o sinal de um asceta naquela época, uma vez que a lã era a forma mais barata de vestimenta e era muito áspera sobre a pele; em resumo, era um símbolo de ascetismo.  Em qualquer caso, a palavra sufi não estava presente na época do Profeta Muhammad e seus companheiros e apareceu pela primeira vez por volta do ano 200 da Hégira (200 anos depois da migração do Profeta de Meca para Medina).
Ibn Taymiyyah, o sábio bem conhecido, menciona que o primeiro surgimento do Sufismo foi em Basrah, no Iraque, onde algumas pessoas foram a extremos na adoração e no afastamento da vida mundana, como não era visto em outras terras.[1]

Então, o que é Sufismo?

O Sufismo é uma série de conceitos e práticas que passam pela pobreza, reclusão, ilusão, privação da alma, cantar e dançar; e é baseado em uma mistura de muitas religiões e filosofias diferentes, como a filosofia grega, Zoroastrismo, Budismo, Hinduísmo e também no Islã.  Frequentemente os próprios sufis ou os orientalistas se referem ao Sufismo como o “misticismo islâmico”, para dar a impressão de que o Islã é no todo ou em parte uma religião dogmática com um conjunto de rituais sem sentido.  A própria natureza do Sufismo (ou Tasawwuf) se opõe ao que um muçulmano deve acreditar, o que será explicado mais adiante quando eu fizer menção às crenças sufis em geral.

Características de um Muçulmano

Um muçulmano sempre recorre ao Alcorão e às narrações do Profeta Muhammad, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele, chamada Sunnah, em questões de religião.  Deus nos diz no Alcorão:
“Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se á evidentemente.” (Alcorão 33:36)
O Profeta Muhammad enfatizou a importância de seguir o Alcorão e a Sunnah e o perigo de introduzir quaisquer inovações no Islã.  É sabido que o Profeta disse: “Aquele que fizer um ato que não está de acordo com meus comandos (ou seja, a Lei Islâmica), deve ser rejeitado.” (Saheeh Muslim)
Ibn Mas’ood (um companheiro do profeta), que Deus esteja satisfeito com ele, disse:
“O Mensageiro de Deus, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele, fez uma linha reta no chão com sua mão e então disse: “Este é a senda reta de Deus.” Depois ele fez uma linha curta de cada lado da linha reta e então disse: “Em cada uma dessas linhas curtas existe um demônio convidando as pessoas para elas.” Então ele recitou o versículo do Alcorão:
“Esta é a Minha senda reta. Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Minha senda.” (Alcorão 6:153)
Saheeh: relatado por Ahmad e an-Nasaae’e.
Um muçulmano, portanto, deve obedecer a Deus e Seu Mensageiro.  Esta é a autoridade mais alta no Islã.  Não se deve seguir cegamente líderes religiosos; ao contrário, como humanos devemos usar as faculdades que nos foi dada por Deus, para pensar e raciocinar.  O Sufismo, por outro lado, é uma ordem que retira da pessoa o livre pensar e o critério pessoal e a coloca a mercê do sheik da ordem... como foi dito por alguns anciões sufis, “deve-se comportar com seu sheik como uma pessoa morta se comporta ao ser lavada”, ou seja, não deve argumentar nem se opor à opinião do sheik, e deve demonstrar obediência e submissão totais a ele.
Verdadeiros muçulmanos estão satisfeitos com o nome “muçulmano” dado a eles por Deus Todo-Poderoso, como Ele diz:
“E não vos impôs dificuldade alguma na religião, porque é o credo de vosso pai, Abraão. Ele vos denominou muçulmanos, antes (nas escrituras sagradas anteriores) e neste livro (Alcorão)...” (Alcorão 22:78)
Os sufis podem insistir que são muçulmanos, mas ao mesmo tempo alguns insistem em se identificarem como sufis ao invés de como muçulmanos.

Crenças Islâmicas em um Relance: Crença em Deus

Resumidamente, um muçulmano acredita na unicidade de Deus.  Ele não tem parceiros e nada e ninguém é semelhante a Ele.  Deus, Todo-Poderoso, diz:
“Nada é igual a Ele[2], e Ele é Ouniouvinte, Onividente.” (Alcorão 42:11)
Deus é separado de Sua criação e não uma parte dela. Ele é o Criador e tudo o mais é Sua criação.
Os sufis têm uma variedade de crenças em relação a Deus, Todo-Poderoso; entre essas crenças estão as seguintes:
a)     Al-Hulool: Essa crença denota que Deus, Todo-Poderoso, habita em Sua criação.
b)     Al-It’tihaad: Essa crença denota que Deus, Todo-Poderoso, e a criação são uma presença única, unida.
c)     Wahdatul-Wujood: Essa crença denota que não se deve diferenciar entre o Criador e a criação, porque ambos, Criador e criação, são uma entidade.
Mansur al-Hallaaj, uma figura muito reverenciada pelos sufis, disse: “Sou Aquele a Quem amo”, exclamou, “Aquele a Quem amo sou eu; somos duas almas que coabitam um corpo. Se você vir a mim, O verá e se O ver verá a mim.”[3]
Muhiyddin Ibn Arabi, outra figura reverenciadas no Sufismo, foi infame por suas declarações: “O que está sob minha vestimenta não é nada, exceto Deus,” “O servo é o Senhor e o Senhor é um servo.”[4]
Essas crenças acima contradizem fortemente a crença islâmica na unicidade de Deus, porque o Islã é um estrito monoteísmo.  Essas doutrinas cardinais sufis não estão distantes de algumas das crenças cristãs ou da crença hindu de reencarnação. S.R. Sharda em seu livro “Sufi Thought” (Pensamento Sufi) disse: “A literatura sufi do período pós-Tamerlão mostra uma mudança significativa na essência de pensamento.  É panteísta.  Depois da queda do poder da ortodoxia muçulmana no centro da Índia por aproximadamente um século, devido à invasão de Tamerlão, o Sufismo ficou livre do controle da ortodoxia muçulmana e se associou com santos hindus, que os influenciaram a uma extensão surpreendente.  Os sufis adotaram o monismo, a devoção extremada e práticas Bhakti e iogues da escola vedântica Vaishnava.  Naquela época a popularidade do panteísmo vedântico entre os sufis alcançou seu apogeu.”

Crença no Profeta de Deus

Um muçulmano acredita que o Profeta Muhammad foi o profeta final e mensageiro de Deus.  Não era divino e não é para ser adorado, mas é para ser obedecido. Não se pode adorar Deus exceto da forma que foi sancionada pelo Profeta Muhammad, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele.
As ordens sufis adotam uma ampla variedade de crenças em relação ao Profeta Muhammad, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele.  Entre eles existem os que crêem que ele ignorava o conhecimento que os anciões sufis possuem.  Al-Bustami, um sheik sufi, disse: “Entramos em um mar de conhecimento na margem em que os profetas e mensageiros pararam.”
Outros sufis atribuem algum tipo de divindade ao Profeta, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele, dizendo que toda a criação foi criada da “luz” do Profeta Muhammad.   Alguns até acreditam que ele foi a primeira criação e que está descansando sobre o trono de Deus, que é a crença de Ibn Arabi e outros sufis que vieram depois dele.

Crença no Paraíso e Inferno

De forma resumida, os muçulmanos acreditam que o Inferno e Paraíso existem agora e são duas moradas reais.  O Inferno é onde uma pessoa pecadora será punida e o Paraíso é onde uma pessoa piedosa será recompensada.
Os sufis em geral acreditam que ninguém deve pedir a Deus que lhes garanta o Paraíso; até alegam que o Wali (guardião) não deve buscar o Paraíso, porque é um sinal de falta de intelecto.  Para eles “Paraíso” tem um significado imaterial, que é o de receber o conhecimento do oculto de Deus e se apaixonar por Ele.
Quanto ao Inferno, os sufis acreditam que ninguém deve tentar escapar dele.  De acordo com eles, um verdadeiro sufi não deve temer o Fogo.  Alguns até acreditam que se um ancião sufi cuspir sobre o Fogo ele será apagado, como Abu Yazid al-Bustami alegou.
Fonte:https://www.islamreligion.com/pt/articles/1388/sufismo-parte-1-de-2/

SUFISMO (PARTE 2 DE 2)

Descrição: Alguns princípios do Sufismo, o papel do “sheik”, A Aliança, “Dhikr” e a posição do Sufismo sobre a interpretação do Alcorão; tudo contradizendo fortemente os ensinamentos do Islã.

Princípios do Sufismo


“Submissão total e voluntária ao sheik” é provavelmente o lema do Sufismo.  Em um relance, é claro que um laço especial e completo é formado entre o líder da ordem sufi (o “sheik”) e o murid (seguidor); o entendimento dos princípios do Sufismo reside no entendimento de sua estrutura básica.  Sobre o que ele é?
Basicamente o seguidor faz um voto de aliança no qual se compromete a obedecer ao sheik e, por sua vez, o sheik promete livrar o seguidor de todo problema ou calamidade que recair sobre ele.  O sheik também oferece ao seguidor sincero benefícios adicionais lucrativos.  Uma vez que o seguidor concorde, ele é abençoado e lhe é designado um conjunto de Dhikr (cânticos).  O seguidor também deve viver sua vida de uma maneira especificada pela ordem sufi.  Se surgir um conflito entre seus deveres com a ordem e seus deveres externos, o seguidor deve agir de acordo com as instruções do sheik.  Dessa forma, o controle do sheik sobre o seguidor se torna absoluto.
De todas as maneiras o seguidor é separado do mundo exterior e é explorado de várias formas.  Como muçulmanos acreditamos que nenhum humano tem um poder ou habilidade especial para nos livrar das calamidades do túmulo ou da Vida Eterna.  Cada um de nós se apresentará perante Deus e será julgado individualmente.
Deus nos diz:
“Nenhuma alma receberá outra recompensa que não for a merecida, e nenhuma pecador arcará cm culpas alheias.” (Alcorão 6:164)
Também acreditamos que como muçulmanos não devemos nos submeter ou entregar a ninguém além de Deus, Todo-Poderoso.  Além do Criador, tudo o mais está sujeito a cometer erros.  O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou:
“Todo filho de Adão comete erros e o melhor deles é aquele que se arrepende.” (Tirmidthi)

O Sheik

Ele é a “autoridade suprema”, o líder de distribuição de “tarefas” dentro da ordem e dá a cada um dos seguidores seu Dhikhr necessário.  É a esse indivíduo que o seguidor promete obediência total e plena; consequentemente, as duas leis universais do elo sheik-seguidor entrarão em efeito:
a.     O seguidor não deve nunca argumentar com o sheik, nem pedir a ele uma prova em relação aos atos que ele faz.
b.    Quem quer que se oponha ao sheik terá quebrado a “aliança” e fica assim privado de todos os benefícios adicionais oferecidos pelo sheik, mesmo se for um amigo próximo dele.
Como muçulmanos acreditamos que todos os atos de adoração são “Tawqeefiyah”, ou seja, não é sujeito a opinião; então devem ser substanciados com evidências textuais que são autênticas e decisivas.  Deus, Todo-Poderoso, nos diz:
“Mostrai vossa prova se estiverdes certos.” (Alcorão 2:111)
Acreditamos que não existe intermediário entre Deus e Seus servos.  Dirigimos-nos a Ele diretamente.  Deus nos diz:
E o vosso Senhor disse: Invocai-Me, que vos atenderei! Em verdade, aqueles que se ensoberbecerem, ao Me invocarem, entrarão, humilhados, no inferno.” (Alcorão 40:60)
No Sufismo considera-se o sheik como “o homem inspirado para cujos olhos os mistérios do oculto foram desvelados, porque os sheiks vêem com a luz de Deus e sabem quais pensamentos e confusões estão nos corações dos homens. Nada lhes pode ser ocultado.” [1] Ibn Arabi alegou que costumava receber revelação direta de Deus, semelhante à forma como o Profeta fazia, e suas palavras foram citadas: “Alguns trabalhos que escrevi no comando de Deus me foram enviados durante o sono ou através de revelações místicas.” M. Ibn Arabi, “The Bezels of Wisdom,” pp.3
Acreditamos que o conhecimento do oculto é restrito somente a Deus.  Quem quer que reivindique o conhecimento do oculto, mente.  Deus nos diz:
“Haverá alguém mais iníquo do que quem forja mentiras acerca de Deus, ou do que quem diz: Sou inspirado!, quando nada lhe foi inspirado?” (Alcorão 6:93)
O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou:
“Não forjem mentiras contra mim, porque aquele que o faz entra no Inferno.” (Saheeh Muslim)

A Aliança

Essa é uma cerimônia interessante que, de longe, é o princípio mais importante do Sufismo já que é comum entre todas as ordens sufis.  Aqui o sheik e o seguidor dão as mãos e fecham seus olhos em meditação solene.  O seguidor espontaneamente e de todo coração promete respeitar o sheik como seu líder e guia para o caminho de Deus.  Ele também promete aderir aos rituais da ordem ao longo de sua vida e nunca se afastar dela. Junto com isso o seguidor promete fidelidade completa e incondicional, obediência e lealdade ao sheik. Depois disso o sheik recita:
“Em verdade, aqueles que te juram fidelidade, juram fidelidade a Deus.” (Alcorão 48:10)
Então é dado ao seguidor seu Dhikr específico.  O sheik pergunta ao seguidor: “Aceitou-me como seu sheik e guia espiritual perante Deus, Todo Poderoso?” Em resposta, o seguidor deve dizer “aceitei” e o sheik responde dizendo “nós aceitamos.” Ambos recitam o Testemunho de Fé e a cerimônia termina com o seguidor beijando a mão do sheik.
A cerimônia inteira era desconhecida durante a vida do Profeta e as três melhores gerações que o sucederam.  O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou:
“Quem quer que viva depois de mim verá muitas diferenças (ou seja, inovações religiosas); então se apeguem a minha Sunnah e à Sunnah dos meus Califas Bem Guiados.” (Abu Dawood)
O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, também afirmou:
“Em verdade, o melhor dos discursos é o Livro de Deus e a melhor das orientações é a orientação do Profeta Muhammad e o mal de todos os assuntos religiosos são as inovações. Toda inovação (em religião) é uma bidah e cada bidah é desorientação, e toda desorientação levará ao Inferno.” (Saheeh Muslim)
O imame Malik, que Allah lhe conceda Sua Misericórdia, disse: “Aquele que introduz uma inovação na religião do Islã e a considera uma coisa boa de fato alega que Muhammad traiu (a confiança de transmitir) a Mensagem Divina.”

O Dhikr

Também é conhecido como o “Wird” e no Sufismo é a prática de repetir o nome de Deus e a repetição de um número estabelecido de invocações.  Essas invocações podem incluir suplicar aos mortos ou buscar a ajuda de outros além de Deus para necessidades que somente Deus Todo-Poderoso pode conceder.
Ahmad at-Tijani, um ancião sufi, alegou que o wird era realizado pelo Profeta Muhammad, mas que ele não o ensinou a nenhum de seus Companheiros.  At-Tijani alegou que o Profeta sabia que chegaria uma época em que o wird seria tornado público, mas a pessoa que faria isso ainda não existia.  Como consequência, os sufis acreditam que existe uma cadeia de transmissão em andamento entre o Profeta Muhammad e seu sheik atual.
O Dhikr é categorizado pelos anciões sufis em três categorias:
A.    Dhikr do homem comum, em que repetem ‘La ilaaha ill-Allah Muhammad-ur-Rasoolullah’ (ou seja, não existe outra divindade merecedora de adoração exceto Allah e Muhammad é o servo de Deus.)
B.    Dhikr da alta classe, que é repetir o nome de Deus, “Allah”.
C.    Dhikr da elite, que é repetir o pronome divino “Hu” (ou seja, Ele).
Às vezes o Dhikr é cantado em hinos melódicos com os olhos fechados, música rica pode ser tocada (para alguns isso é essencial); além disso alguns dançam perante o sheik enquanto recitam o Dhikr.  Muitas vezes o Dhikr inclui politeísmo notório (o maior pecado no Islã).  Deus nos diz:
“Já te foi revelado, assim como aos teus antepassados: Se idolatrares, certamente tornar-se-á sem efeito a tua obra, e te contarás entre os desventurados.” (Alcorão 39:65)

Interpretação do Alcorão

No Sufismo estudar a exegese do Alcorão ou ponderar sobre os significados de seus versículos é desencorajado e, às vezes, até proibido.  Os sufis alegam que todo versículo do Alcorão tem um significado manifesto e um significado interior.  O significado interior é conhecido somente pelos anciões sufis.  Com base nisso os sufis introduziram conceitos e palavras que são totalmente estranhos aos ensinamentos do Islã.
No Alcorão, Deus Todo-Poderoso nos encoraja a entender corretamente Suas palavras.  Deus nos diz:
“(Eis) um Livro Bendito, que te revelamos, para que os sensatos recordem os seus versículos e neles meditem.” (Alcorão 38:29)
A exegese do Alcorão é realizada pelo estudo do Alcorão junto com a Sunnah; essas duas fontes da lei islâmica devem ser consideradas uma unidade integral.  Compreendemos e interpretamos o Alcorão e a Sunnah da forma que foram compreendidos pelas primeiras gerações.

Conclusão

Como pode ser visto do que foi mencionado acima, o Sufismo difere de forma muito drástica do verdadeiro espírito do Islã.  O Sufismo inculca no seguidor a vontade de parar de usar as faculdades básicas dadas a ele por Deus, o Criador do mundo, e a se submeter a uma forma de escravidão.
O Islã, por outro lado, é muito simples; não há necessidade de intermediários ou quaisquer santos entre o homem e Deus e só se deve submeter e entregar a Deus, Todo-Poderoso.
Fonte:
//www.islamreligion.com/pt/articles/1389/sufismo-parte-2-de-2/
FOOTNOTES:
[1]Al-Fataawaa (11/6)
[2]Não existe qualquer semelhança entre o Criador e Sua criação em essência, em atributos ou ações.
[3]At-Tawaaseen de Al-Hallaj
[4]Al-Fatoohaatul-Makkiyyah & Al-Fatoohaat
[1]Saif an-Nasr, Seera of Hamidiyyeh, 1956

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