MYANMAR - DÉCADAS DE ABUSO CONTRA A ETNIA CHIN

Myanmar

MYANMAR


Por Lucas Machado

Quando os militares assumiram o controle de Myanmar, também conhecido como Birmânia, na década de 1960, foi o início de décadas de abuso para as pessoas da etnia Chin, uma minoria de mais de um milhão de pessoas espalhadas por dezenas de tribos na parte ocidental do país.
De acordo com um relatório da Human Rights Watch , os Chins sofreram trabalho forçado, prisões e detenções arbitrárias, tortura, repressão religiosa e outras restrições às liberdades fundamentais nas mãos da junta.
A palavra birmanesa “chin” é uma derivação da palavra usada para “cesta”, em que se carrega objetos. O povoado de Chin tem origens há muitos séculos, na China e no Tibete. Eles viveram independentemente, isolados em suas terras, sob costumes tradicionais e hereditários, até que, no século 19, colonizadores britânicos chegaram.
Em 1948, o país tornou-se independente novamente. Mas o controle militar prevaleceu até meados de 2010.
Uma tradição dos Chin desperta curiosidade e fascínio, principalmente em nós, ocidentais: o costume que as mulheres tinham de fazer tatuagem facial. As tatuagens tinham seis tipos diferentes, cada um correspondendo a uma das seis tribos: os Muun, Daí, Ngagha, M’Kaang, Chinbo e Laytsu.
Por não existir nenhuma história escrita, contos da origens da tatuagem facial, variam de vila para vila. Alguns contam que a tradição começou como uma medida de proteção para que as jovens não fossem desejadas pelos reis birmaneses. “As jovens chin eram conhecidas por sua beleza marcante”, explica Man Sein em entrevista à revista britânica ‘Zoo’, uma senhora de 60 anos na vila de Bae’m Bong, cuja face é marcada por uma tatuagem parecida com uma teia de aranha.
Enquanto a tatuagem facial foi uma forma criada para impedir que o rei sequestrasse as jovens, passou a ser também um elemento da cultura chin, se tornando um ritual de passagem das jovens para a fase adulta.
Se a ideia de olhar para uma mulher com o rosto tatuado para alguns já é perturbadora o bastante, o pensamento de ter obrigação de realmente passar pelo ritual é muito pior. A tinta era feita espremendo o suco verde das plantas e misturando com fuligem (e, às vezes, com rim de búfalo).
O doloroso processo de aplicar a tinta na face envolvia perfuração da pele, com uma pena de pássaro ou com três espinhos. Embora a tatuagem tenha começado como um meio de esconder a beleza das jovens, ironicamente passou, nos dias atuais, a ser considerada símbolo da beleza.
Mong gruke, a palavra chin para tatuagem facial, pode ser traduzida como “se marcar com riqueza”. Ao contrário de antigamente, o povo chin via a tatuagem como uma decoração que tornava as mulheres mais bonitas, assim como joias ou brincos.
Embora ter continuado de forma marginalizada e em muito menor medida, depois de ter sido banida, as mulheres jovens Chin, hoje já não fazem tanto mais estas tatuagens. As mulheres que as exibem hoje em dia, são as mais antigas.
Separamos algumas fotos para vocês:
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Fonte:http://www.destrinchando.com.br/myanmar/

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