VIAGENS NO TEMPO

Viagens no Tempo


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Se existem temas que definitivamente fascinam os produtores de entretenimento, a viagem no tempo é um dos principais, como fica claro em Alice Através do Espelho. No longa, que estreia esse mês nos cinemas, a jovem heroína embarca em um universo paralelo no qual presente e futuro se misturam.
Mas, antes de tentar entrar no espelho da sua casa, vamos investigar esse complexo assunto e descobrir o que é possível nesse roteiro e o que provavelmente nunca vai passar de ficção.
A pergunta que não quer calar: dá para viajar no tempo?
Quem responde é Rodrigo Nemmen, astrofísico, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e pesquisador de buracos negros. “Certamente é possível viajar no tempo, mas somente para o futuro”.
Até hoje, estudos, teorias e cálculos comprovam que isso é factível de duas maneiras: embarcando em uma viagem próxima à velocidade da luz ou sobrevoando uma região onde a força da gravidade seja extrema, como uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
Para entender como tudo acontece, precisamos encarar de frente duas das teorias mais inovadoras da física: a Teoria da Relatividade Especial ou Restrita e a Teoria da Relatividade Geral, ambas de Albert Einstein – e, sim, mesmo sendo centenárias, elas continuam a nortear toda e qualquer experiência sobre esse assunto.
Mas antes de alinharmos nosso pensamento às ideias de um dos principais físicos de todos os tempos, precisamos falar sobre o tempo!


Que tempo é esse?

Lição número 1: o tempo NÃO é absoluto. Ou seja, um segundo na Terra não é equivalente a um segundo em qualquer parte do Universo.
Como Einstein chegou a essa conclusão? Observando a velocidade da luz, que é uma constante. Ou seja, mesmo que a luz seja emitida por um objeto em movimento, sua velocidade é sempre a mesma: 299.792.458 m/s.
Relembrando, então, aquela famosa fórmula que aprendemos no Ensino Médio: a velocidade é igual a distância percorrida, dividida pelo tempo. No caso da velocidade da luz (que, como já foi explicado, é constante) a variante é o tempo!


Teoria da Relatividade Especial ou Restrita

Esqueça aquela história de uma supernave que vai viajar a uma velocidade absurda, até transpor um determinado portal e te levar para o futuro. De acordo com a física, o que acontece é que ao viajar próximo à velocidade da luz, o tempo passa mais devagar.
“Suponha que você é um astronauta e viaja no espaço, que é um ambiente sem gravidade, por um ano inteiro próximo à velocidade da luz. Para um observador que está na Terra, terão se passado 70 anos”, exemplifica Rodrigo Nemmen.


Teoria da Relatividade Geral

Nesse estudo, Einstein descobriu que quanto maior é o campo gravitacional de uma região, mais o tempo passa devagar nesse local quando comparado a um campo gravitacional mais fraco.
Isso acontece porque a matéria (energia) é capaz de “curvar” o espaço e o tempo à sua volta. No site do Instituto de Astronomia e Pesquisas Espaciais de Araçatuba (INAPE), há um ótimo exemplo que diz o seguinte: imagine o espaço-tempo como um colchão, basta colocar um objeto pesado sobre sua superfície para que ele se curve para baixo. Ou seja, quanto maior a densidade da matéria no tempo-espaço, maior será a curvatura causada e maior será a intensidade da força gravitacional.
“A gravidade em um buraco negro é extremamente forte. Se alguém conseguir orbitar próximo dessa região, sem ser ‘engolido’, o tempo para essa pessoa passará mais devagar do que em relação a uma pessoa que está longe desse ambiente”.
Então, se essas são as duas possibilidades já comprovadas de se viajar para o futuro, por que ninguém foi para lá até agora? Porque não é nada fácil acelerar um ser humano perto da velocidade da luz ou orbitar próximo a um buraco negro!
“Acelerar partículas subatômicas não é um problema para a tecnologia, mas fazer isso com um ser humano demanda uma quantidade colossal de energia que, provavelmente, explodiria o experimento. Isso porque, quanto mais próximo se chega da velocidade da luz, mais energia é necessária”, explica Rodrigo.
Quanto à segunda opção, precisaríamos criar um ambiente onde seja possível manipular a gravidade, outra coisa que não é nada fácil. Ou teríamos que ficar bem próximos a um astro denso. Detalhe: o buraco negro mais próximo da Terra encontra-se a meros mil anos-luz de distância.


Grandes – e velozes – passos para a humanidade

Mesmo sendo algo quase nulo do ponto de vista prático, os estudos e experimentos sobre viagem no tempo não devem parar nunca. “Na ciência, é importante que as pessoas pesquisem os mais diversos temas. Ao explorar os limites da física, como viajar no tempo, é normal esbarrar em becos sem saída. Grande descobertas científicas acontecem quando corajosos vão pelos caminhos menos explorados”, ressalta o professor.
Do ponto de vista científico e tecnológico, dois grandes avanços encheram a comunidade especializada de esperança. O primeiro deles é o Grande Colisor de Hadrons, que é o maior acelerador de partículas e o de maior energia existente no mundo. Trata-se, portanto, de uma espécie de “máquina do tempo” para as pequenas partículas que estão sendo aceleradas ali dentro, explorando a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein.
Para dar uma ideia de sua grandiosidade, o colisor começou a ser construído em 1998 e demorou dez anos para ser concluído. O equipamento é enorme e ocupa um túnel de 27 km de circunferência, localizado na Suíça.
O segundo grande avanço aconteceu no início deste ano e refere-se a descoberta das ondas gravitacionais. “É a descoberta científica mais impactante da última década”, constata Rodrigo Nemmen. Ao observar a colisão de dois buracos negros, foi possível comprovar a criação de uma onda capaz de deformar o próprio tempo-espaço, como Albert Einstein previu na Teoria da Relatividade Geral. “Eventualmente, com esses conhecimentos, poderemos aprender uma maneira de deformar o tempo e viajar por ele”, esclarece o professor.


Sem olhar pra trás!

Não podemos dizer que é impossível viajar ao passado, mas nenhuma solução físico-teórica foi encontrada até o momento. Por isso, paradoxos temporais, buracos de minhoca e realidades paralelas são apenas especulações teóricas, sem qualquer tipo de comprovação.

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Fonte:https://megaarquivo.com/2016/06/28/15-616-viagens-no-tempo/

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