OS PODERES MÍSTICOS DO YOGA - Sri KRSNA BHAGAVAN


14 (artigo) Os Poderes Místicos do Yoga (3)


Os Poderes Místicos do Yoga

Ler mentes, tornar-se leve como uma pluma, entrar em corpos alheios, ver coisas distantes. Krishna ensina o caminho pelo qual se dá o desenvolvimento pleno dos poderes místicos do yoga.

O yogi que dominou os sentidos, estabilizou a mente, dominou o processo respiratório e fixou a mente em Mim adquire as perfeições místicas do yoga. Os mestres do sistema de yoga declararam que há dezoito classes de perfeição e meditação místicas, das quais oito são primárias e têm seu refúgio em Mim, e dez são secundárias e aparecem do modo material da bondade.
Dentre as oito perfeições místicas primárias, existem três mediante as quais se adapta o próprio corpo, a saber, anima, tornar-se menor do que o menor; mahima, tornar-se maior do que o maior; e laghima, tornar-se mais leve do que o mais leve. Através da perfeição de prapti, obtém-se qualquer coisa desejada, e, através de prakamyasiddhi, experimenta-se qualquer objeto desfrutável, seja neste mundo, seja no próximo. Mediante ishita-siddhi, podem-se manipular as subpotências de maya, e, mediante a potência controladora chamada vashita-siddhi, fica-se livre dos impedimentos dos três modos da natureza. Quem adquiriu kamavasayita-siddhi pode obter qualquer coisa de qualquer lugar, até o limite mais elevado possível. Consideram-se que essas oito perfeições místicas existem naturalmente e são insuperadas neste mundo.
As dez perfeições místicas secundárias, oriundas dos modos da natureza, são: os poderes de livrar-se da fome e da sede e de outras perturbações corpóreas, ouvir e ver coisas distantes, mover o corpo com a velocidade da mente, assumir qualquer forma desejada, entrar nos corpos alheios, morrer quando desejar, testemunhar os passatempos entre os semideuses e as jovens celestiais chamadas apsaras, executar plenamente a própria determinação e dar ordens cujo cumprimento não é impedido.
O poder de conhecer o passado, o presente e o futuro; tolerância ao calor, frio e outras dualidades; conhecer as mentes alheias; deter a influência do fogo, Sol, água, veneno e assim por diante; e permanecer não dominado pelos outros – essas constituem cinco perfeições do processo místico de yoga e meditação. Até então, apenas relacionei-as aqui segundo seus nomes e características. Agora, por favor, aprende de Mim como perfeições místicas específicas originam-se de meditações específicas e também quais os processos particulares envolvidos.
Aquele que Me adora em Minha forma atômica que penetra todos os elementos sutis, fixando a mente apenas nisso, obtém a perfeição mística chamada anima.
Aquele que absorve a mente na forma específica do mahat-tattva e assim medita em Mim como a Alma Suprema da existência material total alcança a perfeição mística chamada mahima. Por absorver a mente ainda mais na situação de cada elemento individual, tal como o céu, o ar, o fogo e assim por diante, ele adquire progressivamente a grandeza de cada elemento material.
Eu existo dentro de tudo e, portanto, sou a essência dos constituintes atômicos dos elementos materiais. Por fixar a mente em Mim nessa forma, o yogi pode alcançar a perfeição chamada laghima, através da qual ele compreende a sutil substância atômica do tempo.
Fixando a mente por completo em Mim dentro do elemento do falso ego gerado do modo da bondade, o yogi obtém o poder de aquisição mística, através do qual se torna o proprietário dos sentidos de todas as entidades vivas. Ele obtém semelhante perfeição porque sua mente está absorta em Mim.
Quem concentra todas as atividades mentais em Mim como a Superalma daquela fase do mahat-tattva que manifesta a cadeia de atividades fruitivas obtém de Mim, cujo aparecimento está além da percepção material, a mais excelente perfeição mística chamada prakamya.
Quem concentra a consciência em Vishnu, a Superalma, o agente motor e Senhor Supremo da energia externa que consiste nos três modos, obtém a perfeição mística de controlar outras almas condicionadas, seus corpos materiais e designações corpóreas.
O yogi que deposita sua mente em Minha forma de Narayana, conhecida como o quarto fator, pleno de todas as opulências, é contemplado com Minha natureza e assim obtém a perfeição mística chamada vasita.
Aquele que fixa a mente pura em Mim sob Minha manifestação como o Brahman impessoal obtém a maior felicidade, com a qual todos os seus desejos são satisfeitos por completo.
Um ser humano que se concentra em Mim como o protetor dos princípios religiosos, a personificação da pureza e o Senhor de Svetadvipa obtém a existência pura através da qual se liberta das seis ondas da perturbação material, a saber, fome, sede, definhamento, morte, aflição e ilusão.
Aquela entidade viva purificada que fixa a mente nas extraordinárias vibrações sonoras que ocorrem dentro de Mim como o céu personificado e o ar vital total é então capaz de perceber dentro do céu a fala de todas as entidades vivas.
Imergindo a visão no Sol e depois o Sol nos próprios olhos, a pessoa deve meditar em Mim, que existo dentro da combinação do Sol com a visão. Dessa maneira, adquire-se o poder de ver qualquer coisa distante.
O yogi que absorve por completo a mente em Mim e que então faz uso do vento que segue a mente para absorver em Mim o corpo material obtém através da potência da meditação em Mim a perfeição mística pela qual seu corpo segue de imediato sua mente aonde quer que ela vá.
Quando o yogi, ajustando sua mente de certa maneira, deseja assumir uma forma em particular, essa mesma forma aparece de imediato. Essa perfeição é possível mediante a absorção da mente no refúgio de Minha inconcebível potência mística, através da qual assumo inúmeras formas.
Ao desejar entrar no corpo de outrem, o yogi perfeito deve meditar em si mesmo dentro do outro corpo e, então, abandonando o próprio corpo grosseiro, deve entrar no corpo alheio através dos caminhos do ar, tão facilmente quanto uma abelha deixa uma flor e voa para outra.
O yogi que alcançou a perfeição mística chamada svacchandamrityu bloqueia o ânus com o calcanhar e então eleva a alma do coração para o peito, depois para o pescoço e, enfim, para a cabeça. Situado dentro do brahma-randhra, o yogi abandona o corpo material e conduz a alma espiritual para o destino escolhido.
O yogi que deseja desfrutar nos aprazíveis jardins dos semideuses deve meditar no modo purificado da bondade, que está situado dentro de Mim, e então as mulheres celestiais, geradas do modo da bondade, aproximar-se-ão dele em aeroplanos.
O yogi que tem fé em Mim, absorvendo a mente em Mim e sabendo que Meu propósito sempre se cumpre, em qualquer ocasião, alcançará seu propósito através do próprio meio que ele determinou seguir. Quem medita perfeitamente em Mim adquire Minha natureza de ser o supremo governante e controlador. Sua ordem, tal qual a Minha, jamais pode ser frustrada de alguma maneira.
O yogi que purificou sua existência mediante a devoção a Mim e que assim conhece com perícia o processo de meditação obtém conhecimento acerca do passado, presente e futuro. Ele pode, portanto, ver o nascimento e a morte de si mesmo e dos outros.
Assim como os corpos dos seres aquáticos não podem ser feridos pela água, o corpo do yogi cuja consciência está pacificada pela devoção a Mim e que se desenvolveu plenamente na ciência do yoga não pode ser ferido pelo fogo, Sol, água, veneno e assim por diante.
Meu devoto torna-se invencível por meditar em Minhas opulentas encarnações, que são decoradas com Srivatsa e várias armas e são dotadas de parafernália imperial como bandeiras, guarda-sóis ornamentais e abanos.
O devoto erudito que Me adora por meio da meditação ióguica com certeza obtém em todos os aspectos as perfeições místicas que descrevi. Para o sábio que dominou os sentidos, a respiração e a mente, que é autocontrolado e vive absorto em meditar sobre Mim, que perfeição mística seria difícil de obter?
Sábios peritos em serviço devocional declaram que as perfeições místicas do yoga que mencionei na verdade não passam de empecilhos e são perda de tempo para quem está praticando o yoga supremo, através do qual se alcança, diretamente de Mim, toda perfeição da vida. Quaisquer perfeições místicas que possam ser adquiridas através de bom nascimento, ervas, austeridades e mantras podem ser alcançadas através do serviço devocional a Mim; com efeito, não se pode alcançar a verdadeira perfeição do yoga de nenhuma outra maneira.
Eu sou a causa, o protetor e o Senhor de todas as perfeições místicas, do sistema de yoga, do conhecimento analítico, da atividade pura e da comunidade dos eruditos mestres védicos. Assim como os mesmos elementos materiais existem dentro e fora de todos os corpos materiais, nada pode Me encobrir. Existo dentro de tudo como a Superalma e fora de tudo em Meu aspecto onipenetrante.

Sri Krsna Bhagavan(Excerto do capítulo quinze do décimo primeiro capítulo do Srimad-Bhagavatam)

Fonte:http://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/os-poderes-misticos-do-yoga/

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