A ANTROPOSOFIA E AS PROVAS FÍSICAS DA EXISTÊNCIA DE FENÔMENOS ESPIRITUAIS

 

(imagem adicionada por Henrique
site da Sociedade Antoposófica Brasileira - Artista Gisela Nisch)


A Antroposofia e as Provas físicas da existência de fenômenos espirituais

Com referência à palestra "A física quântica e a mediunidade" , gostaria de colocar aqui uma concepção minha: é impossível provar fisicamente a existência de processos não físicos ou espirituais. Se isso fosse possível, não haveria liberdade de se escolher entre ser espiritualista ou materialista, o que denomino de "hipótese existencial fundamental".
Qualquer prova física da existência de processos espirituais, inclusive a mediunidade (por exemplo, tentando detectar alguma energia física sendo transmitida) é no fundo uma aplicação do materialismo. O mesmo se aplica a qualquer uso da mecânica quântica (MQ) e de sua teoria para justificar fenômenos espirituais. É fundamental separar-se o que é físico, como a MQ, do que é espiritual. É importante reconhecer-se que fenômenos físicos são expressões físicas de fenômenos espirituais (como, por exemplo, a forma dos seres vivos), e não o contrário.

Nosso apreciado coordenador Henrique transformou a minha postagem que abre este assunto em um novo assunto, o que agradeço muito.
Em minha opinião (que é inspirada pela Antroposofia, mas não a representa), a física quântica (FQ) tem um papel muito importante para o espiritualismo: ela mostrou que é impossível compreender materialmente o átomo e as partículas atômicas. Isso se deve a várias razões, por exemplo:
1. Alguns elementos que aparecem nas equações da FQ, como o spin de todas as partículas, não têm limite clássico, isto é, não podem ser compreendidos com os conceitos da física clássica, newtoniana. Ora, esta última é baseada em nossos sentidos físicos, de modo que o resultado é que é preciso abandonar a prisão dos nossos sentidos para abarcar o mundo atômico.
2. Há fenômenos incompreensíveis do ponto de vista clássico, como por exemplo o salto quântico, postulado por Bohr para resolver um problema do modelo planetário do átomo introduzido por Rutherford em 1909. Neste último, os elétrons são bolinhas e giram em torno do núcleo. No entanto, segundo a teoria de James Maxwell, como eles têm carga elétrica e devem ser acelerados para mudarem de direção (a fim de percorrerem uma órbita em torno do núcleo), necessariamente deveriam irradiar energia eletromagnética e, assim, fariam uma espiral e acabariam caindo no núcleo, o que obviamente não acontece. Aí Bohr postulou que as órbitas eram estáveis, sem irradiação de energia (o que contraria a mecânica clássica), mas podiam passar instantaneamente para uma órbita inferior (emitindo um fóton de energia) ou para uma superior (absorvendo um fóton). Só que esse denominado salto quântico, por ser instantâneo, mais uma vez contraria a mecânica clássica (onde a mudança de órbita deveria ser contínua) e nossa compreensão.
3. Outro fenômeno incompreensível é o "emaranhamento" (entanglement) de partículas, já provado experimentalmente: em certos experimentos pode-se produzir duas partículas "emaranhadas", e qualquer mudança que se faça numa ocorre também na outra, novamente de modo instantâneo e, o pior, independente da distância entre elas (já houve comprovação experimental a quilômetros de distância). Esse fenômeno é denominado de não localidade. É como se uma informação fosse transmitida de uma partícula para outra instantaneamente.
4. Um outro fenômeno da FQ é a expressão da localização de partículas atômicas usando uma "onda de probabilidades"; uma partícula pode estar em todas as posições, mas ao se detectá-la (o que é chamado de "colapsamento") ela estará apenas em uma, seguindo uma certa probabilidade de estar naquele local, isto é, repetindo-se a medida um montão de vezes, ela estará nos vários locais em um número de vezes em cada um dado pela onda de probabilidade. Ora, já nas ondas eletromagnéticas tem-se um problema incompreensível: "onda" é um conceito da mecânica clássica (uma partícula empurrando ou puxando outra ritmicamente, e com isso formando uma onda, como numa corda balançada, presa numa extremidade, ou nas ondas provocadas por uma pedra atirada num lago). Mas o que é que é puxado ou empurrado em uma onda eletromagnética, se ela se propaga no vácuo? Daí ter-se postulado que, no vácuo, a onda não é mais aquela, é um pacote de energia. De fato, penso que a onda só se manifesta quando existe interação da irradiação eletromagnética com a matéria. A luz é invisível; torna-se visível quando interage com a matéria, iluminando-a. Infelizmente os físicos estão acostumados a fazer extrapolações indevidas, por exemplo ao afirmarem que a luz é uma onda devido ao fenômeno de interferência, isto é, luz passando em duas fendas próximas e dando franjas em um anteparo posterior., devido à adição ou subtração das duas ondas, dependedo da fase de cada uma na confluência das duas. O máximo que cientificamente se deveria dizer é que no anteparo o fenômeno é de ondas ou, então, ao interagir com as fendas, a luz transforma-se em ondas; nada se deveria afirmar sobre a luz antes das fendas. Voltando às ondas de probabilidade da FQ, ora, raios, como é que se propaga uma "onda de probabilidade", se probabilidade é um conceito puramente matemático, inexistente no mundo "real"?
Infelizmente, uns e outros usam, em meu ponto de vista indevidamente, fenômenos físicos quânticos para justificar a existência do espírito, ou de "substâncias" e fenômenos não físicos (isto é, que não podem ser reduzidos a matéria e fenômenos físicos). Segundo pude compreender de sua teoria, esse é justamente o caso de Amit Goswami, o fundador do Ativismo Quântico. Em seu livro O Ativista Quântico, em lugar de dizer que devemos mudar de mentalidade, uma mudança anímica e espiritual, ele diz claramente que devemos fazer um "salto quântico". Não é uma metáfora; segundo compreendi, ele realmente acha que o que se passa espiritualmente é exatamente o salto quântico atribuído por Bohr aos elétrons, um fenômeno físico. É isso que eu chamo de visão materialista do espírito. Mais, ele explica fenômentos puramente espirituais, como a telepatia, por meio de um suposto emaranhamento de partículas que existiriam nos cérebros das pessoas envolvidas. Ora, emaranhamento é um fenômeno físico; pior, ele se passa quando se criam partículas emaranhadas. Existe uma conjectura de que durante o estapafúrdio "Big Bang" foi criada uma enorme quantidade de partículas emaranhadas. Que elas tenham ido parar no cérebro de pessoas que conseguem fazer um contato telepático é forçar muito a especulação...
Considero Goswami um espiritualista, mas infelizmente ele tenta justificar o espírito por meio de modos de pensar puramente materialistas. Isso não diminui seu valor, por exemplo quando ele critica a educação, a política, a economia etc. Com as suas justificativas quânticas (indevidas, em minha opinião), ele consegue atrair uma porção de gente que simplesmente não consegue pensar de maneira viva, espiritual, e precisa do pensar morto da ciência materialista. No entanto, aprecio o que ele consegue produzir de transformação de atitude nessas pessoas, por exemplo com o desenvolvimento da autoconsciência e do amor. E é, sem dúvida, um excelente "marqueteiro", tipicamente americano apesar de sua origem hindu. Imagino a quantidade de gente que fica felicíssima ao ouvi-lo, achando que a Física provou a existência do espírito.
Não sou físico, mas estudei um bocado de Física Moderna, desde a faculdade, há mais de 50 anos. Seria interessante se um físico comentasse minhas consideraçãoes sobre a Física Quântica., comprovando-as ou refutando-as. Se estiverem erradas, preciso mudar de argumentos...


Postado por Valdemar W. Setzer
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