Sentir raiva com frequência pode indicar
alto grau de estresse ou até mesmo alguma
patologia
Sentir raiva demais pode prejudicar
a sua saúde; veja dicas para superar
esse sentimento.
Tem dias que tudo parece estar contra você. É a fila no banco, o farol que fecha quando você está atrasado, o celular que não funciona, o chefe que pega no pé. É quando vem a raiva, um sentimento importante para nos mobilizar para a ação, mas que, em excesso, pode até gerar problemas de saúde.
"A raiva é uma emoção que faz parte de nossas vidas e senti-la quando somos provocados ou agredidos é normal e difícil de controlar. É uma reação de sobrevivência da espécie. Neste caso, se a raiva salvar sua vida, será positiva", diz a psicóloga Marilice Rubbo Carvalho, especialista em comportamento cognitivo pela USP (Universidade de São Paulo).
O problema todo começa quando o sentimento extrapola o bom-senso e passa a prejudicar a saúde e o convívio social. "Ela é ruim quando chega a causar sintomas mentais e físicos prejudiciais, como depressão", aponta Carvalho.
Veja como lidar com a raiva de forma positiva
O primeiro passo para lidar com esse sentimento é não negá-lo. Se ele está lá, tente entendê-lo e avaliá-lo com a maior clareza possível, prestando atenção nos pensamentos que o levam a sentir raiva. "Identificar se estamos sentindo raiva por uma situação real ou se estamos tendo reações desproporcionais ao evento é fundamental", afirma Carvalho.Para isso, é preciso avaliar a situação com tranquilidade e tentar olhá-la de vários ângulos, e não somente o seu, frisa a especialista da USP. A ajuda de um terapeuta pode ser de grande valia neste processo. "Para lidar melhor com a raiva é necessário reconhecer o que desencadeia esta emoção em você mesmo. O que pode te provocar e a reação que isso gera em você", avalia Repanas.
Outra dica valiosa é tentar ser o mais assertivo possível em todas as situações de sua vida. Para isso, é preciso uma dose de coragem e equilíbrio emocional, mas os resultados prometem ser muito melhores do que "engolir sapos". "Tente falar o que incomoda, quando possível, de forma clara e objetiva", fala Carvalho. Segundo ela, isso evita que se guardem mágoas mal resolvidas que poderão se transformar em raiva acumulada.
Agir por impulsividade também pode levar uma pessoa a excessos desnecessários. O ideal, ao sentir aquele acesso de raiva, é sempre esperar antes de reagir. O tradicional "contar até dez" ajuda. "Tente fazer uma respiração, descansar e somente depois tomar uma atitude", fala a psicóloga. "De forma racional, lembre-se sempre: quem mantém a calma tem o controle da situação", completa Fátima Repanas, psicóloga e terapeuta floral.
Investir em atividades que ajudem a canalizar este sentimento, como algum esporte, também é uma boa forma de lidar com a raiva. "É possível transformar sentimentos negativos em positivos quando você se propõe a transferir essa emoção para uma atividade construtiva. Um bom exemplo seria a corrida", fala Repanas.
A raiva provoca uma descarga de adrenalina muito grande no organismo, e leva a alterações fisiológicas como aumento da pressão e dos batimentos cardíacos, tonturas, vertigens, tremores, sudorese, pelos arrepiados, inquietação e até insônia. É como se o corpo, literalmente, se preparasse para o ataque.
Ao longo do tempo, essas "descargas" de raiva podem acarretar doenças mais graves, caso ocorram com muita frequência e intensidade além do aceitável. "Os hormônios por trás da raiva podem se transformar em gatilhos para um infarto cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC)", alerta Neves Filho.
A raiva também pode levar à obesidade, já que está por trás do transtorno do comer compulsivo, que leva indivíduos a ingerirem desenfreadamente comida.
Isso sem contar os prejuízos no convívio social e o isolamento que o sentimento pode acarretar, uma vez que alguém constantemente raivoso se torna desagradável, afastando as pessoas que ama de perto de si. "Raiva excessiva maltrata o corpo, a mente e principalmente as relações. É responsável por destruir casamentos, impedir a comunicação afetiva e a escuta atenta. Literalmente, ela cega", fala Neves Neto.
"Explosões"
A raiva pode começar com uma simples irritação e se transformar em fúria, se não for controlada ou canalizada corretamente. O maior ou menor potencial para se ter este sentimento tem bastante ligação com a personalidade de cada pessoa e com a maneira como ela encara a vida. "A forma de se encarar os problemas e adversidade na vida tem relação com o sentir raiva", diz Carvalho.
Atitudes como inflexibilidade, perfeccionismo, exigência e impaciência transformam o indivíduo em alguém mais raivoso que os demais. Como quase sempre as coisas não saem da forma como a pessoa gostaria, ela se sente frustrada, insegura e ameaçada, e se torna alvo fácil da raiva. "É necessário fazer uma reestruturação cognitiva para que seus pensamentos e crenças de vida possam ser trabalhados e assim ter uma melhora", explica a psicóloga.
Junto com o estresse do dia a dia, essa raiva pode ser potencializada e transformar a pessoa em uma bomba-relógio prestes a explodir. "O estresse aumenta ainda mais a irritabilidade e os ataques de raiva podem ser mais intensos", diz a médica. "O problema normalmente se dá quando a pessoa perde controle desse estado emocional e começa a reagir intensamente ao sentimento", continua ela.
Daí para agressões físicas ou verbais é um passo. Expressar a raiva de forma violenta, no entanto, não é considerado um comportamento normal, ainda que todo dia vejamos na TV e no noticiário exemplos desse tipo. "O ‘explodir’ geralmente ocorre com pessoas agressivas e muitas vezes com transtorno de personalidade", fala Carvalho.
Essas explosões podem indicar algum problema psiquiátrico, como transtorno bipolar, caracterizado por oscilações de humor que podem levar a ataques de fúria e raiva, ou transtorno de personalidade borderline, cujas características de comportamento são explosão, agressividade, intolerância e irritação. "Sempre se recomenda uma avaliação com especialista para um diagnóstico e tratamento adequado", frisa a especialista da USP.
Fonte:http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/12/
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