BRAHMAN : O NÃO TOCADO , IMANIFESTO

Foto: “Qual o sentido de se viver com medo? Não há sentido”.
 Robert Happé
 
Brahman
A expressão “não tocado” remete ao imanifestado: Brahman. Brahman é o nome que se dá na Índia à essência divina que não tem forma. Esse chakra permite uma intimidade tal com Brahman – o impalpável – que parece que ele foi apalpado.Ele permite sentir a fragrância do não manifestado, ouvir
o som do silêncio maior. Por um lado, percebemos que a sua essência é tão sutil que não pode ser tangida, mas, por outro lado, tão próxima que parece tateável. Aqui podemos vivenciar o que não pode ser tangido pelos dedos, o que as mãos emitem, mas não podem segurar: o amor. O amor, essa substância formadora da própria existência. São Francisco de Assis dizia: “Amor clamam
todas as pedras”.
O amor quando o experimentamos, percebemos que tudo em volta grita por ele, tudo em volta o almeja, o quer, o deseja ardentemente, anseia por ele, tudo em volta se alimenta dele e se desenvolve a partir dele, da energia dele. A expressão “não tocado” faz referência ao som que se ouve quando se penetra fundo no Anahata Chakra, o som de Brahman, a perfeita melodia do silêncio. É um som não expresso, não é proferido por nós – ele é apenas escutado, apenas percebido. Quando o contatamos o espaço onde ele ecoa, não podemos mais interferir, só podemos usufruir, curtir.
O coração físico cuida do ritmo da circulação. O Chakra do Coração, quando funcionando
na plenitude, ordena as funções do coração e organiza os diversos ritmos do corpo. Ele sintoniza o pulsar do coração físico com o emocional, o vital, o mental e o espiritual, proporcionando a harmonização entre os ritmos dos seus diferentes corpos.
Nesse estado de integração, ele nos evidencia Brahman – o criador – dentro de nós e dos outros. Ele evidencia a presença do “Não manifestado” dentro de cada objeto existente, seja ele vivo ou inanimado. Ele nos leva a descobrir o amor de Brahman e a perceber o que há de mais digno dentro do que antes podia parecer indigno. O Anahata Chakra muda a concepção de julgamentos que possamos ter dos que estão em volta de nós.
Ao meditarmos no “Quarto Chakra” e nos afinarmos com Brahman, um sentimento profundo de afeto nos invade e contatamos com o lugar de onde toda a criação vem. Sentimos uma entusiasmada afeição por tudo que é criado ou incriado e percebemos que a própria essência da criação é o amor. Com isso, nossas palavras se tornam mais inspiradas e com uma música própria. Elas fluem de maneira original e tocam o coração do outro, tornando-o receptivo. Quando as palavras vêm da mente, parecem arrumadas de uma forma lógica, quando fluem do coração, têm uma delicadeza genuína e exalam frescor e poesia.
Meditar no Anahata Chakra restaura a inocência e o sentimento de pureza, levando-nos a enxergar cada coisa que vivemos como algo especial e de maneira totalmente original
e fresca. Aumentamos a nossa capacidade de compreensão, e nos sentimos invadidos por
um sentimento de generosidade e alegria. Encontramos uma incrível capacidade de aceitação e de compaixão e nos vemos vivendo numa atmosfera de receptividade e aceitação. A abertura emocional que acontece em nós, aliada à sintonia e sensação de eixo, nos levam a uma bondade espontânea e a uma constante sensação de auto-estima e felicidade.
Por tudo isso, o Anahata Chakra equilibra as diversas intenções e tendências dentro de nós
e tem a chave de todos os equilíbrios. Ele é o chakra que, com suas meditações, mais facilmente aproxima o mestre do discípulo.
E o ser comum do mestre interior.

Pedro Tornaghi
 

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