AS AVENTURAS DE PI : UMA FÁBULA MODERNA IMPERDÍVEL


(Life of Pi, EUA, 2012) Após crescer na Índia rodeado de animais e de diferentes religiões, o garoto Pi Patel (interpretado, quando jovem, por Suraj Sharma, e quando adulto, por Irrfan Khan) tem de enfrentar o desafio de se mudar para o Canadá com sua família. Durante a viagem, o navio que fazia a viagem naufraga e ele e alguns animais são os únicos sobreviventes. Quando os animais começam a morrer, só restam ele e o tigre Richard Parker em um pequeno barco. Preso na embarcação durante dias em mar aberto, ele faz do tigre uma motivação e, ao mesmo tempo, um teste de seus próprios limites. O filme é baseado no livro de mesmo nome escrito pelo canadense Yann Martel e está indicado a três categorias no Globo de Ouro — melhor diretor (Ang Lee), melhor filme e melhor trilha sonora — e é presença certa no Oscar 2013, onde também deve aparecer na categoria fotografia, uma das melhores do ano.

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/imperdivel/cinema/as-aventuras-de-pi/

Crítica de As Aventuras de Pi

Crítica de As Aventuras de Pi (Life of Pi). 127 min. 2012. Direção de Ang Lee. Roteiro de David Magee baseado em livro de Yan Martel.  Fox. Com Suraj Sharma, Irrfan Kahn, Adil Hussain, Tabu, Rafe Spall, Gérard Depardieu, James Saito, Andrea Di Stefano.
SOREL PI 17202 Rv2 20120815085309 195464 c5e85a8ac908e924f375cce0627559f3 Crítica de <i>As Aventuras de Pi</i>
Indicado para os Globos de Ouro de diretor, drama e trilha musical, este é um filme inusitado e surpreendente mesmo para Ang Lee, que nos acostumou com surpresas. Ganhou um Oscar por O Segredo de Brokeback Mountain, fez depois um drama erótico de espionagem (o pouco conhecido Desejo e Perigo), uma comédia dramática sobre festival de rock (Aconteceu em Woodstock). E sua carreira anterior inclui dentre outros gêneros, filme de kung fu (O Tigre e o Dragão), de guerra civil (Cavalgada com o diabo), de culinária (Comer, Beber, Viver).
Nada, porém, tão arriscado e fora do comum como este filme que tinha tudo para ser mera curiosidade e total fracasso de bilheteria. No entanto, estourou nas bilheterias de todo o Oriente e não foi tão mal assim quanto se temia na América do Norte (está com cerca de US$ 70 milhões de bilheteria, para um orçamento de 120 encarecido pelo uso do 3D e intensa animação digital, de tal maneira que chegou a ser indicado para o prêmio da categoria Annie). Depois de Scorsese, temos outro grande diretor tentando expandir as fronteiras da Terceira Dimensão em filme não comercial.
Mais abaixo falaremos sobre o fato pouco explorado aqui de que o filme é inspirado num livro de autor brasileiro. Por enquanto vamos agradecer o fato de que não foram outros diretores inadequados que fizeram o filme (M. Night Shyamalan, Alfonso Cuaron, Jean Pierre Jeunet, estiveram antes envolvidos). Menos sorte teve o ex- Homem Aranha Tobey McGuire (amigo de Lee de outros filmes) que fazia originalmente o papel do escritor que visita o Pi e eventualmente irá escrever o livro. Depois de tudo feito, Ang Lee achou que o fato dele ser conhecido demais iria desequilibrar o resultado e foi substituído por Rafe Spall (filho do ator britânico característico Timothy Spall).
LIFEOFPI 2 Crítica de <i>As Aventuras de Pi</i>
O problema básico do filme é que ele leva certo tempo para começar, passando um período enorme em explicações e conversas. A ação só começa a ocorrer por volta dos quarenta e cinco minutos de projeção (calculo sem precisão) com o naufrágio e dali em diante o filme esquenta (para novamente encerrar com mais exposição e explicações quando a história parecia resolvida. Aí da uma virada que o complica. Acho que isso leva o filme a não ser indicado para crianças, ainda mais pequenas. Elas podem ser divertir com o tigre, mas não vão suportar a primeira parte). Na verdade é bom esclarecer que  por essas e outras, também não é um filme para o público que procura apenas diversão e passatempo.
A trama é complexa e sujeita a discussões, assim como o fato de ter um muito forte teor religioso. Já que Pi se declara indiano de origem e formação, católico porque gostou da história do filho de Deus se sacrificar pelos humanos e finalmente muçulmano por graças de Ala. Ou seja, no ardor da tragédia e sucessivos perigos, ele invoca com frequência a Deus que é louvado (o que pode agradar muitos, mas outros podem rejeitar o filme tanto pela amplitude de fés, quanto pela ênfase nela).
Foi meu amigo Claudio Erlichman quem me passou a informação (acrescentando que há entrevista inclusive no You Tube, do escritor Moacyr Scliar falando sobre o fato). De qualquer forma, a matéria que me mandou foi publicada antes em A Tribuna de Santos, por Alfredo Monte. Nele me baseio. Seria mais ou menos o seguinte. Scliar infelizmente já falecido era mesmo um grande escritor (eu o conheci pessoalmente, dizia que era meu admirador e eu garanti que o admirador era eu). E lia suas obras regularmente. Parece que o autor do livro Yan leu o livro de Scliar, Max e os Felinos, de 81, que tinha basicamente a mesma historia e se inspirou diretamente nela.
O brasileiro ficou sabendo disso e, no entanto, recusou-se a processar o outro, achando que era difícil e trabalhoso demais. Porém, não sei se precavido ou sincero, passou a colocar nas edições posteriores do seu livro uma referencia logo na primeira pagina, dizendo que realmente se inspirou em Scliar (diz que a “centelha de inspiração” deve realmente ao Scliar!). O que cá entre nos deveria ter feito isso antes e mais explícito. Mas continuou dizendo que tinha apenas lido uma resenha e não o livro. Essa controvérsia aconteceu quando  Pi ganhou o importante Premio Booker.
as aventuras de pi Crítica de <i>As Aventuras de Pi</i>
No livro de Scliar se tratava de um judeu refugiado a caminho do Brasil (Scliar era judeu) e no barco salva vidas tinha que conviver com um felino, um jaguar no caso de Scliar,  um tigre de bengala, no de Yan. E este afirmava que sua intenção era fazer uma alegoria sobre o nazismo e o abuso do poder.
O autor do artigo não acha que tenha havido plagio dizendo que o livro de Yan explora melhor o assunto mas fiquei na duvida, de uma coisa, de quem é  o nome do navio cargueiro japonês que aqui é Tsimtsum que é na verdade o nome hebreu usado no século 16 pelo cabalista Isaac Luria para designar Deus na criação das coisas. No filme, Pi adulto menciona de passagem que da um curso de Kabala, mas no livro afirma baseado nesse Luria.
Se bem que o filme aproveita também outras jogadas com nomes , já que Pi vem do nome que lhe foi dado ao nascer, o de Piscine Molitor que é o nome de uma famosa piscina publica de Paris, que fica perto do Bois de Boulougne  (alias resulta numa das cenas mais bonitas da fita). A piscina caiu em desuso mas em 1990 virou monumento histórico.
Quem faz Pi jovem é um brilhante novato que tem uma grande interpretação embora não tenha passado realmente perigo com o tigre, que a maior parte do tempo foi criado por CGI (apenas algumas poucas cenas foram com um tigre real, e naturalmente a mesma coisa com a hiena, o orangotango e o rato que também estão no barco). Saber desses e outros detalhes apenas acrescentam o prazer de ver o filme (como saber que a ilha carnívora tem a forma do deus indiano Vishnu deitado) que custa a arrancar mas é sempre envolvente, inquietante e desafiador.
20205015.jpg r 640 600 b 1 D6D6D6 f jpg q x xxyxx Crítica de <i>As Aventuras de Pi</i>
Chega questionando as religiões, discutindo relações familiares ou mera historia de sobrevivência em alto mar. Lee não se furta de interromper a narrativa para fazer devaneios simplesmente poéticos com as estrelas, os peixes voadores ou outros vindo das profundezas ou então se fixar no enfrentamento do pesadelo, como domar um tigre num barco salva vidas! Como marcar o território?
Toda a história é narrada pelo já maduro Pi (feito por Irrfan Kahn, de Quem quer ser um milionário? O espetacular Homem Aranha e mais 111 filmes!) e quem tem uma participação pequena, mas num personagem muito falado que é o cozinheiro francês  Gérard Depardieu.
Sabem o que deixa feliz... É  que o cinema de hoje em dia tenha ainda espaço para uma fabula filosófica como Pi, alegórica ou não, imperfeita que seja. Mas sem dúvida um dos poucos e grandes filmes interessantes do ano.

Fonte:http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2012/12/21/critica-de-as-aventuras-de-pi/

Tornar belo e tangível aquilo que seria impossível é uma das marcas registradas do aclamado diretor Ang Lee (O tigre e o dragão).  Em As Aventuras de Pi, Lee convida o espectador a um mergulho fantástico na divina história de um jovem que se vê em situações aparentemente surreais.Através de efeitos visuais deslumbrantes com tecnologia CGI combinados a um 3D sutil e muito bem aproveitado, Pi reconta sua vida a um escritor cético, porém disposto a ser surpreendido.
O filme é uma adaptação de The Life of Pi, obra polêmica do canadense Yann Martel, acusado de ter plagiado Max e os Felinos (1981), do brasileiro Moacyr Scliar. Muito parecidas, as histórias se distanciam por pormenores e, na canadense, ainda conta com uma certa ironia em relação a acusação. Scliar escreve sobre um judeu que se vê preso com um jaguar em uma pequena embarcação. Já Martel coloca Pi (hindu, muçulmano e católico) com um tigre. E para aqueles que ainda têm dúvidas deste claro marcador, Pi, quando é questionado se também é judeu, responde: “Isso não”.
Cena de "As aventuras de Pi". Filme traz uma estética inovadora
Rixas à parte, Lee é capaz de comover os espectadores assim como ambos escritores fizeram com seus leitores. Visual, emocional e espiritual são unidos em uma excelente e grandiosa adaptação que trata das micro e macro visões da vida, constantemente fundidas, formando paradoxos infinitos, nos quais o um é o todo e o todo é um. Impossível não se sentir parte do universo de Pi.
Bastante preocupado com a conexão do espectador com o filme, Lee optou por um elenco formado basicamente por desconhecidos e chegou a trocar duas vezes o ator que faria o escritor. Na última, Rafe Spall substituiu Tobey Maguirepor Lee considerá-lo “famoso demais” e temer que tal fato comprometeria o foco do filme.Muito provavelmente é o que aconteceria. Mas nem todos são “carne nova”. Fugindo à regra estão Gerard Depardieu, que aparece brevemente, e a atriz Tabu,que faz o papel da mãe de Pi e é bastante reconhecida na Índia.Ainda assim, um rosto novo pras bandas de cá. Outra parte da viagem a este mundo magnífico se deve a atuação intensa do ator recém descoberto, Suraj Sharma, que faz Pi aos 17 anos. Brilhante.
Impecável em vários quesitos, o filme já promete muitas estatuetas no Oscar 2013, que por sinal estará disputadíssimo. Aguardar e ver.
Cotação: **** (Excelente)


Fonte:Alice Turnbull-http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2012/12/23/critica-as-aventuras-de-pi/

Com 'As aventuras de Pi', Ang Lee transforma best-seller em filme 3D

Longa usou quatro tigres e o maior gerador de ondas artificiais do mundo.
Suraj Sharma e Gérard Depardieu estão no elenco.



O premiado diretor Ang Lee garante que quebrou todas as regras em "As aventuras de Pi" ("Life of Pi"), ao transformar o best-seller de mesmo nome em um impressionante filme 3D, com um ator desconhecido no papel principal, quatro tigres e o maior gerador de ondas artificiais do mundo. "Existem alguns truques clássicos no filme: nunca fazer um filme com animais, crianças, água e 3D. Ignoramos tudo isso", brincou o diretor americano de origem taiwanesa. (Assista a um trecho da 'As aventuras de Pi' no player ao lado).
O cineasta detentor de dois Oscar (melhor diretor por "O segredo de Brokeback Mountain", de 2006, e melhor filme estrangeiro de 2001 por "O tigre e o dragão"), precisou se esforçar para levar o romance de Yann Martel, publicado em 2001, às telas de cinema.
A história, centrada em um jovem náufrago indiano chamado Pi tentando sobreviver em um bote na companhia de um tigre de Bengala, criou enormes dificuldades. O tema central do filme - a busca de Deus - também não faz parte dos clássicos de Hollywood.
Cineasta Ang Lee e ator Suraj Sharma em estreia de 'As aventuras de Pi' em 16 de novembro na cidade de Los Angeles (Foto: Phil McCarten/Reuters)
Cineasta Ang Lee e ator Suraj Sharma em estreia de 'As aventuras de Pi' em 16 de novembro na cidade de Los Angeles (Foto: Phil McCarten/Reuters)
Sua primeira resposta chegou com o jovem ator Suraj Sharma, um completo desconhecido de 17 anos que veio de Nova Délhi com seu irmão para a audição e que foi escolhido entre 3.000 candidatos. "Era para ser o meu irmão. Ele veio para a audição e eu só vim com ele", explicou.
Para seu filme, Lee viu longe ao criar uma produção internacional financiada por Hollywood e que parece tão fantástica quanto a própria história. A primeira parte do filme foi filmada em Pondicherry, Índia. Cerca de 5.500 figurantes foram recrutados para as cenas suntuosas da vida nas ruas e para as cerimônias religiosas.
Suraj Sharma em cena de 'As aventuras de Pi' (Foto: Divulgação/Twentieth Century Fox)
Suraj Sharma em cena de 'As aventuras de Pi' (Foto: Divulgação/Twentieth Century Fox)
O cozinheiro françês: Gérard Depardieu
Já a segunda metade do filme de duas horas acontece no mar. Lee se transportou para Taichung, em sua terra natal Taiwan. É lá que ele filmou em um tanque gigante de 70 por 30 metros, capaz de armazenar 6,4 milhões de litros de água. Um gerador de ondas artificial foi projetado especificamente para o filme. "Criamos nossa própria Hollywood', disse Lee.

É neste ambiente que as cenas dramáticas se conjugam perfeitamente com a experiência 3D, com peixes voadores saindo para fora da tela e as viagens surrealistas da câmera pelas profundezas povoadas de medusas luminosas e baleias.
Depois de encontrar a sua estrela e um certo número de destaques, entre eles um chef francês grosseiro, interpretado por Gérard Depardieu, Lee teve que encontrar o principal papel secundário: o tigre.
'As aventuras de Pi', de Ang Lee (Foto: Divulgação/Twentieth Century Fox)
'As aventuras de Pi', de Ang Lee (Foto: Divulgação/Twentieth Century Fox)

O animal, chamado Richard Parker, é em grande parte o resultado de efeitos especiais. Todas as características físicas mais importantes que forneceramm a base para os efeitos, no entanto, foram obtidas a partir de quatro tigres reais.
O treinador de animais Thierry Le Portier, a quem devemos as cenas de "Gladiador", envolvendo grandes felinos, encontrou três dos animais na França e um no Canadá. De acordo com Lee, um grande macho chamado King é o principal modelo para Richard Parker, enquanto duas fêmeas, também da França, foram usadas para modelar os movimentos mais agressivos.
Os momentos mais dóceis, como quando Richard Parker fica enjoado, foram modelados a partir de um tigre canadense muito carinhoso. Sharma, que interpreta Pi, garante que rapidamente se sentiu em casa no tanque de água. Para seu papel, ele se reuniu com o ex-náufrago e autor do romance "Adrift", Steve Callahan.
Sua interpretação entre seu personagem assustado e o tigre faminto, no entanto, foi inteiramente realizada na presença de um animal invisível. "O barco estava vazio", brincou. "Não havia nenhum tigre."

Fonte:http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/12/

 

Digerindo uma perspectiva sobre crenças


Se tem uma coisa que não podemos dizer, é que Ang Lee seja um péssimo diretor. O cara sabe o que está fazendo, apesar de nem sempre escolher os melhores projetos. Talvez Pi seja sua redenção nesse caso, já que fanboys pelo mundo o amaldiçoam desde seu Hulk com cachorros radioativos e ele tem se mantido afastado desde Brokeback Mountain. Agora vamos a outro oposto, um filme de bela fotografia, cheio de simbolismo em cada quadro do filme e muita reflexão sobre profundas questões do ser humano, disfarçado de discussão religiosa. Esse é o curto retrato das Aventuras de Pi.
As Aventuras de Pi - Suraj Sharma, Pi
Pi é um garoto que cresce e passa sua vida em um zoológico, sendo influenciado ao longo de sua vida por diversos tipos de pessoas, até que é forçado a se mudar para o ocidente com sua família e colocar a venda os animais com os quais cresceu. Em um acidente marítimo no caminho, se vê as voltas com um bote salva vidas, alguns animais e um tigre que vai acompanha-lo em uma jornada mais do que singular, da qual ele sairá uma pessoa totalmente diferente em relação a Deus e o mundo.
As Aventuras de Pi - Ang Lee
Ok, posso ter enfeitado a sinopse, porque se dissesse que boa parte do filme é sobre um garoto e um tigre em um bote salva-vidas, não faria justiça ao roteiro fantástico de David Magee, baseado no romance do espanhol Yann Martel. Ang Lee finalmente acerta na escolha de seu projeto com um grande blockbuster, sucesso de público e crítica. Um trabalho primoroso que pode talvez irritar alguns pela sua longa narrativa, um ritmo um pouco diferente, mas muito mais humano, de se se contar histórias. Lee não economizar tempo em trabalhar seus personagens e, principalmente, não trata seus espectadores como imbecis.
As Aventuras de Pi - Suraj Sharma como Pi
Outro ponto fortíssimo foi ter usado, em grande maioria, atores totalmente desconhecidos, tirando Gérard Depardieu em sua pequena ponta e o especialista em interpretar vilões, Irrfan Khan, dessa vez interpretando o adulto protagonista, de forma bem diferente e carismática. O show fica por conta do jovem Suraj Sharma, que realmente conduz muito bem o personagem principal em sua fase mais complicada. Muito parabéns a todos os envolvidos, inclusive o pequeno papel de Rafe Spall, que representa o espectador da história no papel do curioso escritor.
As Aventuras de Pi
A verdade é que, no âmago, As Aventuras de Pi se apresenta como um drama de discussão religiosa, mas aborda muito mais os dramas humanos filosóficos em sua simbologia, sobre como nos enxergamos e como enxergamos o nosso mundo, nossas vidas e suas questões mais primárias: sobrevivência, mortalidade e destino. Algo tão profundo fica tão bem construído em uma narrativa, que oferece duas alternativas, tendendo para um lado e tentando mostrar que o sentido de tudo é dado não por quem conta, mas por quem receba qualquer estória. Ao final, o filme não vai fazer uma daquelas insultantes recaptulações estilo M. Night Shyamalan, para que os espectadores incautos pensem “aaaah, então foi isso?”. Nada descarado, pelo menos. Não, ele vai deixar você digerir muito bem o filme em sua casa e deixa-lo pensar em sua real mensagem, sobre como nós damos o significado a nossas vidas e não o que as pessoas esperam de nossas vidas.

Complicado explicar o filme sem grandes spoilers, pois toda a narrativa é um bloco só de peças que se encaixa em um todo maior, de escolhas e profundidade. Não é para todos, mas vai agradar, pelo menos em algum aspecto, muitos. É uma contemplação silenciosa – ou para o casal imbecil na poltrona próxima, uma oportunidade para risadas histéricas e conversas desnecessárias – em cima de uma belíssima e divertida obra audiovisual que vai lhe fazer rir, chorar e pensar ao mesmo tempo. Então está mais do que recomendado, com ressalva do tempo de edição gasto pelo autor trabalhando e estabelecendo o conto.

Fonte:Fernando Quirino-http://www.cinemista.com.br/as-aventuras-de-pi-critica/

AS AVENTURAS DE PI


 
 

FICHA TÉCNICA

Diretor: Ang Lee
Elenco: Tobey Maguire, Irrfan Khan, Gérard Depardieu, Suraj Sharma, Adil Hussain, Ayush Tandon
Produção: Ang Lee, Gil Netter, David Womark
Roteiro: David Magee, baseado na novela Yann Martel
Fotografia: Claudio Miranda
Trilha Sonora: Mychael Danna
Duração: 129 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Fox 2000 Pictures / Rhythm and Hues
Classificação: Livre

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