QUEM É VOCÊ - PALAVRAS DE EMMANUEL


QUEM É VOCÊ? 

Tenho refletido nesses dias sobre nossa real identidade. Tenho percebido pessoas próximas em processo de mudanças pessoais e profissionais e vejo o quanto nossas vidas está subordinada ao constante fluxo de impermanência. 

Até mesmo nossos papéis desempenhados na sociedade. Mas papéis não são quem somos. É sobre isso que queria falar com vocês. 

Quem é você? Quem sou eu? Quem somos? 

Tais perguntas triviais e respondidas de forma tão descompromissada muitas vezes reforçam uma ilusão primordial acerca de nós mesmos. 

Eu sou o Rodrigo? Eu sou professor? Você é a Sonia Regina? Liane? 

Você é publicitária? Empreendedora? Médica? Advogado? Policial? Bombeiro? Pedreiro? 

Todas essas definições de nós mesmos perdem o sentido sob a ótima das vidas sucessivas. Já fomos tantas coisas. Tantos nomes. Tantas famílias. Tantas profissões. 

Dessa forma, nos vermos pela profissão, nomes, cargos, religião, sexo ou qualquer outro atributo de uma identidade transitória, ou seja, um persona assumido em nosso cotidiano é uma forma de ilusão. 

Não somos nada disso, porém estamos isso. 

E em geral é um personagem que o próprio tempo faz mudar. A impermanência, um dos principais axiomas da filosofia dialética de Heráclito, diz-nos que tudo está em processo de mudança. Isso não é positivo nem negativo necessariamente: é como é. 

A impermanência faz com que estejamos solteiros e depois casados. Depois solteiros novamente e talvez depois casados. Estejamos filhos e depois, ou também, pais. Faz a semente virar uma bela flor e uma bela pessoa sofrer os efeitos do envelhecimento. 

Assim são as identidades e o mundo das formas: transitórios. 

A persona é, de acordo com a Psicologia Analítica, o arquétipo da adaptação social. O nome vem da máscara usada no teatro grego para representar esse ou aquele papel em uma peça.  Para Jung - criador da psicologia analítica - persona é a máscara ou fachada aparente do indivíduo exibida de maneira a facilitar a comunicação com o seu mundo externo, com a sociedade onde vive e de acordo com os papéis dele exigidos. 

Isso é muito importante do ponto de vista de praticidade social. 

Imaginem se me perguntam “quem é você?” e minha resposta for: “sou uma alma atualmente encarnada no Brasil em busca de aquisição de virtudes e a consequente felicidade plena. Sou muito grato por ter encarnado pois a vida é o bem mais preciso que temos”. 

Resposta tecnicamente correta porém pouco prática no contexto social. 

Mas o problema decorre do fato de esquecermos que o que respondemos em geral sobre quem nós somos é a explicação do persona, que muda de uma existência para outra e muitas vezes – como já devem ter percebido – dentro da própria existência. Quantos de nós já não reinventamos a nós mesmos?  

Nos definir com base em elementos transitórios é, portanto, equivocado e a raiz de muitas aflições de nossas vidas, pois supervalorizamos eventos e situações que por si só já estão destinados a mudarem. 

Muito do apego, dos desejos, da ira e demais aflições decorrem da ignorância (ou esquecimento) de nossa realidade espiritual: somos espíritos em passando por (mais) uma experiência encarnada e não encarnados passando por uma experiência como espíritas ou espiritualistas. 

Podemos interagir com pessoas e sim, nos comportarmos de acordo com os personas exigidos (em algum momento rompemos com os personas, como já falamos), mas nunca poderemos perder a consciência de que não somos o persona. 

O objetivo primordial da vida não é apenas adquirir e conquistar desejos do persona (mudam não é mesmo? Já perceberam como são cíclicos?). 

Imaginem diversas camadas de crenças, condicionamentos, padrões de comportamento: são as expressões herdadas e reforçadas ao longo das existências já vividas. Manifestações da personalidade, ou expressões de nosso Ego, que não são quem somos, mas sim respostas que aprendemos em algum momento como necessárias ou satisfatórias em algum ponto de nossa existência transcendental (ou seja, que transcende, vai além dessa vida). 

Trazemos expressões cármicas, adquiridas em outras existências, que nos dão traços inatos de caráter, talentos, fraquezas e até mesmo identidades que entram em conflito ou harmonia com identidades desta experiência atual. 

Nessa perspectiva, o processo de Individuação, segundo a psicologia analítica, é a jornada do Ego na busca do aumento da consciência do Self. O Self é o símbolo da divindade no homem, nosso destino final. 

Lembrem-se do aviso de Jesus: “tudo que eu faço vocês podem fazer e o farão até maiores”. 

O objetivo primordial é o deslocamento do centro psíquico do Ego para o Self, ou seja, no reconhecimento e na vivência de nossa plenitude, que é o produto final da Individuação / Iluminação. 

Assim, devemos nos perguntar: 

Tenho refletido sobre quem eu SOU, ou apenas sobre quem eu ESTOU? 

Tenho traçado objetivos que visam a conquista de aquisições ETERNAS, ou apenas transitórias? 

Não estamos dizendo para esquecermos nossos projetos profissionais, nossas famílias e demais compromissos assumidos. De forma alguma. 

Mas nos convidando para uma reflexão sobre como estamos lidando com as questões do cotidiano. 
 
A partir do momento que entendemos quem SOMOS e porque estamos destinados e atualmente encarnados, será que não olharemos para nossa profissão, nossa família, nossos sonhos e nossas relações com um olhar mais maduro e responsável? 

Não iremos parar de nos afligir com tantas questões pequenas e passaremos a investir nossa energia na conquista de coisas realmente relevantes para nós? 

A vida está sempre nos convidando para ser o que realmente somos para desenvolver nossa plenitude e cumprir com mérito a existência que nos foi dada. 

As vezes é preciso parar um pouco, respirar e olhar para dentro. Por vezes o espelho nos engana: é preciso olhar para dentro. 

Uma reflexão final para nós todos, algo que acredito plenamente: o que procuramos na vida, também está procurando por nós. 

Muita paz.

 
QUEM É VOCÊ?
Tenho refletido nesses dias sobre nossa real identidade. Tenho percebido pessoas próximas em processo de mudanças pessoais e profissionais e vejo o quanto nossas vidas está subordinada ao constante fluxo de impermanência.

Até mesmo nossos papéis desempenhados na sociedade. Mas papéis não são quem somos. É sobre isso que queria falar com vocês.

Quem é você? Quem sou eu? Quem somos?

Tais perguntas triviais e respondidas de forma tão descompromissada muitas vezes reforçam uma ilusão primordial acerca de nós mesmos.

Eu sou o Rodrigo? Eu sou professor? Você é a Sonia Regina? Liane?

Você é publicitária? Empreendedora? Médica? Advogado? Policial? Bombeiro? Pedreiro?

Todas essas definições de nós mesmos perdem o sentido sob a ótima das vidas sucessivas. Já fomos tantas coisas. Tantos nomes. Tantas famílias. Tantas profissões.

Dessa forma, nos vermos pela profissão, nomes, cargos, religião, sexo ou qualquer outro atributo de uma identidade transitória, ou seja, um persona assumido em nosso cotidiano é uma forma de ilusão.

Não somos nada disso, porém estamos isso.

E em geral é um personagem que o próprio tempo faz mudar. A impermanência, um dos principais axiomas da filosofia dialética de Heráclito, diz-nos que tudo está em processo de mudança. Isso não é positivo nem negativo necessariamente: é como é.

A impermanência faz com que estejamos solteiros e depois casados. Depois solteiros novamente e talvez depois casados. Estejamos filhos e depois, ou também, pais. Faz a semente virar uma bela flor e uma bela pessoa sofrer os efeitos do envelhecimento.

Assim são as identidades e o mundo das formas: transitórios.

A persona é, de acordo com a Psicologia Analítica, o arquétipo da adaptação social. O nome vem da máscara usada no teatro grego para representar esse ou aquele papel em uma peça. Para Jung - criador da psicologia analítica - persona é a máscara ou fachada aparente do indivíduo exibida de maneira a facilitar a comunicação com o seu mundo externo, com a sociedade onde vive e de acordo com os papéis dele exigidos.

Isso é muito importante do ponto de vista de praticidade social.

Imaginem se me perguntam “quem é você?” e minha resposta for: “sou uma alma atualmente encarnada no Brasil em busca de aquisição de virtudes e a consequente felicidade plena. Sou muito grato por ter encarnado pois a vida é o bem mais preciso que temos”.

Resposta tecnicamente correta porém pouco prática no contexto social.

Mas o problema decorre do fato de esquecermos que o que respondemos em geral sobre quem nós somos é a explicação do persona, que muda de uma existência para outra e muitas vezes – como já devem ter percebido – dentro da própria existência. Quantos de nós já não reinventamos a nós mesmos?

Nos definir com base em elementos transitórios é, portanto, equivocado e a raiz de muitas aflições de nossas vidas, pois supervalorizamos eventos e situações que por si só já estão destinados a mudarem.

Muito do apego, dos desejos, da ira e demais aflições decorrem da ignorância (ou esquecimento) de nossa realidade espiritual: somos espíritos em passando por (mais) uma experiência encarnada e não encarnados passando por uma experiência como espíritas ou espiritualistas.

Podemos interagir com pessoas e sim, nos comportarmos de acordo com os personas exigidos (em algum momento rompemos com os personas, como já falamos), mas nunca poderemos perder a consciência de que não somos o persona.

O objetivo primordial da vida não é apenas adquirir e conquistar desejos do persona (mudam não é mesmo? Já perceberam como são cíclicos?).

Imaginem diversas camadas de crenças, condicionamentos, padrões de comportamento: são as expressões herdadas e reforçadas ao longo das existências já vividas. Manifestações da personalidade, ou expressões de nosso Ego, que não são quem somos, mas sim respostas que aprendemos em algum momento como necessárias ou satisfatórias em algum ponto de nossa existência transcendental (ou seja, que transcende, vai além dessa vida).

Trazemos expressões cármicas, adquiridas em outras existências, que nos dão traços inatos de caráter, talentos, fraquezas e até mesmo identidades que entram em conflito ou harmonia com identidades desta experiência atual.

Nessa perspectiva, o processo de Individuação, segundo a psicologia analítica, é a jornada do Ego na busca do aumento da consciência do Self. O Self é o símbolo da divindade no homem, nosso destino final.

Lembrem-se do aviso de Jesus: “tudo que eu faço vocês podem fazer e o farão até maiores”.

O objetivo primordial é o deslocamento do centro psíquico do Ego para o Self, ou seja, no reconhecimento e na vivência de nossa plenitude, que é o produto final da Individuação / Iluminação.

Assim, devemos nos perguntar:

Tenho refletido sobre quem eu SOU, ou apenas sobre quem eu ESTOU?

Tenho traçado objetivos que visam a conquista de aquisições ETERNAS, ou apenas transitórias?

Não estamos dizendo para esquecermos nossos projetos profissionais, nossas famílias e demais compromissos assumidos. De forma alguma.

Mas nos convidando para uma reflexão sobre como estamos lidando com as questões do cotidiano.

A partir do momento que entendemos quem SOMOS e porque estamos destinados e atualmente encarnados, será que não olharemos para nossa profissão, nossa família, nossos sonhos e nossas relações com um olhar mais maduro e responsável?

Não iremos parar de nos afligir com tantas questões pequenas e passaremos a investir nossa energia na conquista de coisas realmente relevantes para nós?

A vida está sempre nos convidando para ser o que realmente somos para desenvolver nossa plenitude e cumprir com mérito a existência que nos foi dada.

As vezes é preciso parar um pouco, respirar e olhar para dentro. Por vezes o espelho nos engana: é preciso olhar para dentro.

Uma reflexão final para nós todos, algo que acredito plenamente: o que procuramos na vida, também está procurando por nós.
Palavras de Emmanuel

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