ÍNDIA : ANTES E DEPOIS DE GANDHI

República da Índia:


Influenciada por correntes muçulmanas, colonizada pelos interesses econômicos ingleses e libertada por Mahatma Gandhi, a Índia hoje é um dos países que conta com os maiores níveis de crescimento do mundo. Um país carregado de história e um futuro promissor.

DO PERÍODO PALEOLÍTICO A ALEXANDRE, O GRANDE

Os registros arqueológicos indicam que a Índia é habitada desde o período paleolítico. As primeiras culturas que conseguiram alcançar um nível de desenvolvimento arquitetônico, religioso e agropecuário de importância foram as Harappa e Mohendaro, em torno do ano 3.000 AC. Na verdade, são consideradas como o ponto de partida da cultura indiana. Esta foi uma civilização de alto desenvolvimento urbano, que construiu templos enormes, dedicou-se à agricultura irrigada e manteve um ativo intercâmbio comercial com povos do Golfo Pérsico e Suméria.

A partir do ano 1.200 AC, após a invasão dos povos arianos originários do ocidente, começou a estruturação do sistema social de castas e as principais correntes religiosas do subcontinente com as culturas védicas, jainista e brâmane. Os ocidentais introduziram na Índia o cavalo, armaduras de ferro e o idioma sânscrito, que transformaria-se na base da maioria dos idiomas indianos. A civilização criada pelos arianos, que depois recebeu o nome de védica, encontrou sua base num rígido sistema de castas, no qual os conquistadores faziam parte da nobreza dominante.

Porém no século VII, o rei Dario da Pérsia invadiu o vale do Indo, transformando-o numa província de seu império. Em seguida, chegaram as tropas de Alexandre, o Grande, que além de ocupar uma importante parte da Índia, trouxeram a influência da cultura helênica e o contato com as civilizações ocidentais.

A CHEGADA MUÇULMANA

Do século III em diante, a maior parte do território foi unificado pelo império Gupta, Chalukya e Chola. Foi um momento de esplendor para as ciências, a arte e a economia indianas. Diversos estudos eruditos sobre matemática, astronomia e medicina são realizados. Ademais, foi nesta época que o Kamasutra foi escrito, célebre tratado sobre amor e sexo. Além disto, durante este período, o budismo foi difundido e propagado, tranformando-se na religião dominante, enquanto o império Gupta ocupava os atuais territórios do Afeganistão, Nepal e Bengala. Porém a chegada do islamismo no século VII causou, como era de se esperar, profundas tensões entre os seguidores de Maomé e os budistas e hindus.

No ano 1.000 da era cristã, o império Mongol (dinastia da Ásia Central fundada por Babur no começo do século XVI) subjugou o território indiano, colocando-o sob o domínio de Akbar, o Grande. Em 1296, Ala-ud-din Khalji se auto-proclamou Sultão de Déli e, em 1311, a Índia inteira encontrava-se baixo seu sultanato. Para compensar o poderio muçulmano, em 1336, o Império Vijayanagara é fundado, com capital em Hampi, representando o reino da aliança hindu. Com o passar do tempo, vários levantes dividiram o império e os sultanatos muçulmanos formaram uma nova aliança. Entretanto, em 1565, a coalisão dos sultanatos venceu o exército de Vijayanagar. Por esta razão, o poder da região foi passado aos governantes muçulmanos, cujos reinos foram anexados ao Império Mongol.

A CHEGADA EUROPÉIA

No momento onde a expansão mundial das potências européias era a regra, o desembarque no litoral da Índia não foi uma excessão. A competição entre as potências européias pelo domínio do mercado indiano começou no século XV, quando chegaram as primeiras expedições provenientes da Grã-Bretanha, França, Holanda e Portugal. Em 1498, o navegante português Vasco da Gama chegou ao litoral norte da Índia. Os portugueses fizeram frente à supremacia árabe no Mar Arábico e no Golfo Pérsico e, em 1510 tomaram posse de Goa, cidade que acabou transformada no centro do seu poderio comercial e político na Índia, e que controlaram por quatro séculos e meio.

Os interesses econômicos eram tão fortes quanto os conflitos travados entre as potências que lutavam pelo controle da Índia. Em 1687, a Compania das Índias Orientais britânica instalou-se em Bombai e durante todo o século XVIII esteve numa guerra com os franceses, aos quais finalmente derrotaram em 1784. Foi a partir de então, que as tropas da Compania, comandadas por Richard Wellesley, realizaram a conquista constante e planejada do território indiano.

A Compania das Índias Orientais foi o instrumento através do qual os ingleses dominaram o país, e que com o passar do tempo, trasformou-se na “jóia da Coroa Britânica”,cuja exploração possibilitou o desenvolvimento da incipiente Revolução Industrial no coração do Reino Unido, abastecendo a indústria britânica de matérias primas baratas, de capital e um amplo mercado consumidor. Paralelamente a esta exploração, a economia indiana foi desmantelada. Nos setores da economia em que a Índia representava uma concorrência para a Inglaterra, os britânicos foram implacáveis. Suprimiram a exportação de tecidos de excelente qualidade, produzidos de forma caseira e artesanal, que representavam um obstáculo para a indústria têxtil inglesa. Consequentemente, a ruína desta indústria –primordial na Índia na época- trouxe com ela o empobrecimento maçiço dos camponeses, fazendo com que a terra fosse reorganizada sob o cruel sistema Zamindari, que facilitava a cobrança de impostos, enriquecendo ainda mais o Tesouro Britânico. E, para completar o cenário, os camponeses foram obrigados a mudar sua agricultura tradicional para uma de produtos de exportação de acordo com as novas necessidades do mundo industrializado (índigo, juta, café e chá), o que produziu uma grave escassez. A chave da penetração inglesa na economia e cultura indiana encontrava-se no planejamento das centenas de milhares de kilômetros de ferrovias, o que lhe permitia cobrir todo o território de maneira mais eficiente.

Porém a colonização profunda e decisiva dos britânicos na Índia teve seu início na batalha de Plassey em 1757, logo após derrotar o Siraj Nawab Ud Daulah. A vitória permitiu com que os ingleses ocupassem a região de Bengala, que transformou-se num protetorado, sob a administração da Compania. Desde aí, os ingleses expandiram sua influência até outras regiões indianas, de tal maneira que em 1850 tinham sob seu domínio, a maior parte do subcontinente indiano.

Entretanto, em 1857, uma revolta de soldados indianos que prestavam serviço aos britânicos, teve uma consequência política direta: O Parlamento inglês transferiu o poder político e administrativo da Compania à Coroa, transformando-a na administradora direta das colônias britânicas naquela região até sua independência.

A INDEPENDÊNCIA E UM SÍMBOLO: GANDHI

A Grã-Bretanha impôs seu poderio militar na Índia ajudada por uma hábil manipulação de disputas entre castas e grupos nacionais. Em 1858, a maior parte da Índia passou a fazer parte do Vice-reinado inglês. Foi assim que se criou um forte sincretismo entre as culturas locais e os costumes ocidentais, enquanto o sistema econômico alienava-se, movido pela necessidade de abastecimento de matérias primas da principal potência da Revolução Industrial.

A partir do começo do século XX, os movimentos independistas começaram a tomar mais força. Apesar da Índia apoiar com soldados e recursos o esforço britânico na primeira e segunda guerras mundiais, ao mesmo tempo alimentava a idéia de desfazer-se do jogo que representava o domínio colonial. O advogado hindu Mahatma Gandhi (Mokandas Karmchand Gandhi) propunha a resistência pacífica, as greves e a desobediência civil para desarticular o sistema de obediência, sob o qual o poder britânico era mantido. Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional Indiano e a Liga Muçulmana, alentavam diferentes modalidades de combates, políticos ou insurgentes, para forçar os britânicos a conceder a emancipação indiana. Em 1947, após um longo e doloroso processo, onde abundaram os massacres de indianos e prisão de muitos de seus dirigentes, a colônia obteve sua independência. A região central transformou-se na Índia, enquanto as regiões muçulmanas do Paquistão e Bangladesh, formaram um estado separado. A divisão provocou o êxodo de 8 milhões de muçulmanos e sikhs para um lado e 6 milhões de hindus, que pretendiam chegar às regiões onde eram maioria na Índia ou Paquistão.

Pelo menos meio milhão de pessoas de ambos os grupos foram exterminadas por seus adversários religiosos. Esta rivalidade entre muçulmanos e hindus, marcaria uma constante tensão entre a Índia e o Paquistão, que nos anos seguintes terminaria em confrontos militares esporádicos. Choques frequentes também aconteceriam nas fronteiras com a China e incidentes com minorias sikhs de Punjab, os tâmils do Sri Lanka e a maioria muçulmana na região de Cachemira.

HOJE

A Índia passou a fazer parte da comunidade de ex-colônias britânicas, porém equilibrou sua política exterior com uma aproximação aos países do Terceiro Mundo e uma excelente relação com a União Soviética. O nacionalismo dominou os anos seguintes à independência e os planos protecionistas e assistencialistas tentaram de diversas maneiras, com êxitos diferentes, combater à pobreza, o analfabetismo e às condições negativas geradas pelo sistema de castas. Depois de uma séria crise, em 1991 o estado indiano adotou políticas de traço capitalista que, de pouco a pouco, foram desarticulando o intervencionalismo estatal na economia e deram fortes e inéditos índices de crescimento consecutivo. Os economistas prevêem que, no rítmo de crescimento atual, no ano 2020 a Índia se transformará no país mais populoso da mundo, e em 2050, na terceira maior economia.

GEOGRAFIA E CLIMA


 Por sua extensão, a Índia possue o sétimo maior território do planeta. É terra de contrastes extremos: sua geografia vai desde as montanhas mais altas do mundo no Himalaia até as planícies tropicais do Golfo de Bengala.

Pelo lado norte encontra-se a grande cadeia montanhosa do Himalaia que separa o país de outras nações. Predominam os climas muito frio no alto e temperaturas mais moderadas nos grandes e férteis vales de Kashmir, Naintal, Shimla, Darjeeling e Katmandu. Pelo sul encontra-se uma zona de planaltos, onde destacam-se Malkwa e Decán. Sua geografia semiárida atua em combinação com as extremas alturas das cordilheiras de Satpura e Vindhya. A região costeira é caracterizada por inclinações suaves, planícies férteis e climas mais moderados. O noroeste tem um clima seco e é coberto pelas elevações de Rajasthn que o separam do Pakistão.

O deserto de Thar, zona mais seca da Índia, forma parte deste ecosistema. Os pântanos argilosos de Rann de Kutch, são desebocadura dos cursos fluviais que desembocam no norte do Mar Arábico. O nordeste está coberto por planícies úmidas denominadas Ghats, onde o clima tropical está afetado pela estação das monções que a cada ano trazem grande quantidade de umidade aos rios que desembocam no Golfo de Bengala.
ECONOMIA


O nacionalismo indiano dominou o cenário político desde os tempos da independência. Por isso foi imposto um modelo fortemente protecionista com alguns traços socialistas que acentuavam o controle do estado sobre o desenvolvimento econômico. Em 1991, a economia viveu a mais forte crise de sua existência. Começou então um processo para mudar a regulamentação existente e que permitia os investimentos estrangeiros, grande parte do esquema do estado.

A Índia atravessa um processo de modernização acelerado que provoca grandes contrastes, como por exemplo, o que acontece nos bairros pobres de Calcutá e os arranha-céus que dominam a cidade. As zonas industriais que circulam Nova Délhi e outros centros de importância, convivem com as vastas regiões rurais onde a economia de subsistência e os latifúndios continuam inalterados há séculos.

A agricultura representou no entanto um terço da produção da Índia, porém as indústrias já ultrapassaram a metade do total do PBI do país. Exportam arroz, trigo, algodão, açúcar e tubérculos. No comércio industrial, destaca-se a produção de aço, minério, indústria química e de forma crescente máquinas pesadas e automóveis. As políticas de desenvolvimento educacional tem alcaçado êxito, através de uma mão de obra altamente qualificada, o que tem facilitado o desenvolvimento dos serviços e especialmente da indústria de software, um comércio no qual a Índia transformou-se em potência mundial.

Mesmo com seus altos índices de crescimento no mundo, a economia indiana é também uma das mais desiguais em termos de divisão da riqueza e a renda per capita apontam o país como um dos mais pobres do mundo. Em termos quantitativos, a Índia tem o maior número de pessoas pobres e mendigos do planeta, apesar de sua economia haver alcançado, por seu volume de produção, um posto entre as 10 mais importantes do mundo.

FATORES HUMANOS
 A Índia é o país mais povoado do mundo, logo atrás da China. Seus 1 bilhão 160 milhões de habitantes representam um mosaico cultural sem paralelos em qualquer parte do planeta, tanto nas diferentes etnias, idiomas, religiões ou nacionalidades nenhum país pode exibir a exuberância e a variedade da Índia.

A língua mais falada é o hindu, seguida pelo drádiva. Porém na Índia fala-se pelo menos outras 200 línguas nacionais e 1600 dialetos locais. Nos negócios e na adminstração o inglês é utilizado como idioma de praxe.

Um total de 80% da população observa a religião hindu, que por sua vez está subdividida em numerosas correntes e seitas de motivação e rituais diversos. Os muçulmanos representam 13.5% da população. Outras minorias significativas são os sikhs, budistas, católicos, protestantes, jainistas e judeus.

No que se refere ao trato com o visitante estrangeiro, a população das regiões turísticas é bastante amável e instruída. Fora estes circuitos recomenda-se ser discreto e utilizar o auxílio de guias locais.

É importante informar-se sobre as particularidades e costumes de cada grupo ou casta para não interferir negativamente no ambiente local. Além disto, considerando-se que um em cada tres indianos vive em estado de pobreza absoluta, a presença de turistas pode gerar situações incômodas geradas pelo contraste da riqueza entre uns e outros.
país mas poblado del mundo luego de China”
CULTURA

É muito difícil demonstrar a variedade cultural da Índia. Entretanto a tarefa fica mais simples quando compreende-se o peso da religião e do sincretismo em cada aspecto da vida de seus habitantes. A sociedade indiana tem demonstrado uma inigualável capacidade para incorporar elementos dos povos que lhe invadiram ou com os quais se realcionam comercialmente para desenvolver novos costumes e expressões artísticas.

O hinduísmo é a corrente dominante do universo cultural indiano. Seus ritos estão difundidos por todos os cantos do país. Nas margens do rio Ganges, é possível observar um dos rituais mais difundidos do hinduísmo. O banho ritual a beira do rio busca a limpeza do espírito dos crentes e é realizado diariamente por milhares de hindus que chegam em peregrinação ao rio sagrado. Bastante impressionante é a celebração do Diwali, ou Festival das Luzes, ocasião em que os seguidores do budismo, jainismo e sijismo iluminam suas casas com velas e lampiões ao cair da tarde. Em seguida, fogos artificiais e cantos povoam a atmosfera das cidades. Na costa do Golfo de Bengala, os hindus celebrar o Durga Puja, em coloridas procissões em honra a Deusa Dur Ga. Os muçulmanos indianos comemoram o fim do Ramadã ou Eid ul Fitr vestindo roupas claras e com festas.

O festival Ganesh Chaturthi realizado no fim de agosto é celebrado em toda a Índia. Fogos de artifício, procissões coloridas e o curiosa costume de evitar olhar para a lua formam parte do ritual. Também espetacular é o Rath Yatra, desenvolvido na região de Puri nos meses de junho e julho. O ponto alto do festejo é o desfile de um imenso templo sobre rodas acompanhado por milhares de adoradores do Deus Jagganath.

As tradições também ditam o modo de vida e como atua a sociedade indiana. Ainda que a divisão de castas provoquem reações ambíguas nos estrangeiros, aprofundar-se no emaranhado dos costumes que a sustentam é uma forma de conhecer as particularidades deste povo. Muitos indianos acreditam que cada indivíduo foi criado de uma parte diferente do corpo dos deuses e que daí devem seu lugar no sistema de castas. Nas reencarnações seguintes, seus atos serão recompensados ou não, e e eles lhe darão um lugar diferente no sistema de acordo com os méritos conseguidos. Acima desta escala estão os brahmanes (sacerdotes, sábios e professores), depois encontram-se os políticos e militares (chatrias), um pouco acima dos comerciantes, agricultores e pastores (vaishias), seguidos pelos shudras, onde estão os construtores e outros trabalhadores. Bem abaixo encontram-se os dalits ou panchamas, os intocáveis, onde estão os doentes ou membros da sociedade considerados malditos. O casamento entre membros de diferentes castas é proibido, mas os tempos modernos fez com que muitos indianos desafiassem esta restrição.
Esta divisão da sociedade pode ser observada nas roupas, na distribuição geográfica de cada grupo em determinadas cidades, na maneira com que se tratam os integrantes de cada casta e também na maneira com que cada grupo se apropria da riqueza dentro do sistema de produção.

Fora do hinduísmo as culturas locais são tão vastas como complexas. Os sikhs tem seus próprios rituais e interação social, da mesma forma que os muçulmanos, budistas e jainistas preservam culturas próprias.

O vestuário é uma excelente fonte para estabelecer a posição social ocupada por cada indivíduo na Índia. As roupas mais populares são os saris, vestidos utilizados pelas mulheres indianas, cuja confecção e cor podem fornecer dados surpreendentes sobre quem usa. Os homens podem vestir o dhoti, túnica que ficou conhecida mundialmente por ser utilizada pelo pacifista indiano Mahatma Gandhi. Igualmente populares são as Kurtas, casacos longos com carreiras de botões cuja confecção muitas vezes requer elaborados bordados. Também pode-se observar muitos indianos vestidos a maneira londrina ou tentando imitar os rapeiros norte americanos em qualquer cidade do país. Os indianos que usam turbantes e barbas pertencem à comunidade Sikh.

Os expoentes mais tradicionais da música indiana tem suas origens em tempos milenares. Caracterizada por rítmos de uma variação muito ampla e por sua associação com ritos religiosos, a música local tem seus representantes mais famosos em Qawwali, Bauls, Bhangra, Dandiya e Ganasangeet. Os dançarinos de cada região executam diferentes coreografias nos estilos Bhangra, em Punjab, o Bihu em Assam ou o Ghoomar em Rajastán.

A Índia é o maior produtor de filmes do mundo. Em Bollywood, forma popular de chamar a indústria cinematográfica local, concentrada na periferia de Bombaim, foram produzidos milhares de filmes. A sociedade indiana conta com seu próprio universo de superstars, diretores premiados e filmes clássicos.

Na Índia é possível conseguir uma incrível variedade de artesanato e cada região conta com seus produtos típicos. Destacam-se as sedas de Varanasi, os tecidos bordados em ouro de Myosore, as preciosas lãs de Cachemira ou produtos típicos como kurtas ou saris fabricados de algodão de grande qualidade. Os tapetes mais famosos são produzidos na região de Darjeeling e Bhadohi. Na joalheria, os ouríveis de Hyderabaad competem com os de Jaipur na criação de magníficas peças combinando pedras preciosas com ouro e prata. As peças de madeira de sândalo de Karnátaka ou Madrás refletem intricados desenhos bastante apreciados. As ervas e variedades de chá, são uma opção para aqueles que querem relembrar os sabores da Índia, quando estiverem de volta à casa.
LUGARES IMPERDÍVEIS

Nova Délhi 25°18'46"N 83°0'32"E
Pouco se sabe sobre a fundação de Nova Délhi, mas imagina-se que era habitada no ano de 3000Ac. A cidade começou a ter uma importância mais estratégica no século VII, quando a dinastia Tomara a tranformou em uma próspera comunidade com um desenvolvimento considerável tanto comercial como cultural. Em 1206, foi nomeada capital do sultanato de Délhi. Depois de sucessivas invasões, transformou-se na capital do império mongol, em 1638. A chegada dos britânicos significou a mudança da administração da colônia à Calcutá, enquanto o arquiteto Edwin Lutynes desenhava um novo conglomerado urbano que veria a ser conhecido como Nova Délhi e que na verdade se fundiu com a parte antiga da cidade até que formaram um mesmo conjunto. Em Nova Délhi, que em 1911 voltou a ser o centro político da Índia, é possível visitar inúmeros monumentos e palácios.

O Forte Vermelho engloba 50 hectares e em seu perímetro encontram-se construções imperiais onde o Shah Jahan alojava sua corte. Sua arquitetura é uma mescla de influências muçulmanas e hindus. Ao redor, é possível admirar os maravilhosos jardins cuidadosamente desenhados de acordo com a descrição que o Alcorão faz do paraíso. A Porta da Índia é outro monumento bastante emblemático da cidade. É uma imensa porta de 42 metros de altura, construída em 1931 em homenagem aos 90.000 hindus que perderam a vida nas guerras lutadas pelos ingleses na Europa e no Afeganistão. O templo sikh de Gurdwara Bengla Sahib, destaca-se da paisagem urbana por sua imensa cúpula dourada. É o centro das peregrinações sikhs e hindus, que o consideram lugar sagrado. O complexo de Qutb é famoso por seu imenso e ricamente decorado minarete de 72.5 metros de altura. A mesquita de Queeat ul Islam, construída no ano 1190, faz parte do conjunto arquitetônico e é o primeiro templo muçulmano construído na cidade.

Taj Mahal 27°10′27″N 78°02′32″E
Nos arredores da cidade de Agra, no estado de Utar Pradesh, encontra-se o Taj Mahal, um dos monumentos mais conhecidos e belos do planeta. Sua construção teve início em 1631, quando o imperador Shah Jahnan, líder da dinastia mongol mais poderosa do momento, ordenou a obra em homenagem à sua esposa, Tage Mehale, falecida pouco tempo antes de dar à luz ao décimo quarto filho do casal real. Seu desenho reflete uma harmoniosa utilização dos espaços e uma romântica concepção dos elementos arquitetônicos. O “Armud”, ou cúpula central é sustentada por elaboradas chattris, colunas adornadas em alto relevo e versos do Alcorão, finamente esculpidos. Ao redor foram construídos imensos jardins com fontes, lagos e canteiros cujo objetivo era representar o paraíso, como descrito nos versos muçulmanos.

Templo Harmandir Sahib 31°37'11"N 74°52'35"E
Também conhecido como Templo do Ouro, a construção é o lugar mais sagrado da religião Sikh. Localizado em Armistar, estado do Punjab, recebem os seguidores da religião que são obrigados a visitá-lo pelo menos uma vez na vida. Foi construído entre 1581 e 1606 por ordem do Imperador Akhbar. Os Sikhs resistiram séculos de tentativas de submissão e aniquilação. O Templo do Ouro foi testemunha de fortes combates contra tropas hindus, mongóis e inglesas. Entre 3 e 6 de junho de 1984, foi tomado à força pelas tropas do exército indiano desalojando os rebeldes sikhs que estavam escondidos dentro dele.

Calcutá 22°32′28″N 88°20′16″E
A cidade de Calcutá está situada no estado de Bengala Ocidental. É habitada a pelo menos 2000 anos. Em 1699 os britânicos levantaram o Forte William, do qual lançaram numerosos ataques contra os grupos locais que resistiam à ocupação colonial. Foi no ano de 1722 que Calcutá se transformou na capital do Império Britânico na Índia. Em 1757, após uma rebelião de grupos locais que desalojou os invasores ingleses, a cidade foi retomada pelas tropas britânicas. A instalação em Calcutá da sede central da Companhia das Índias, a mais poderosa entidade econômica da região, transformou a cidade no centro político e comercial do território indiano. Calcutá está tomada por monumentos que testemunham a rica história da cidade. No lado sul, é possível visitar o Templo Kalighat, uma esplêndida construção dedicada à Deusa Kali. O Memorial Victoria, um perfeito exemplo da mistura do estilo arquitetônico inglês e influências estéticas indianas, conserva em seu interior elementos da história colonial e de outras épocas cruciais do desenvolvimento político, artístico e cultural do país. Outra construção que relembra o passado colonial é a Casa de Governo de Calcutá, um exemplo de estilo vitoriano construído para albergar funcionários do poder britânico. Também é possível visitar a Casa do Moribundo, a sede da congregação católica Missionárias da Caridade que ficou famosa pelo obra assistencial de Madre Teresa em Calcutá.

Bombaim 18°57′53″N 72°49′33″E
A atual cidade de Bombaim nasceu de um grupo de sete ilhas habitadas por pescadores drávidas. Os registros arqueológicos indicam que os primeiros assentamentos populacionais ocorreram ao redor do ano 1500 AC, e existem menções em antigos textos gregos que falam da existência deste arquipélago no ano 250 AC. A cidade foi conquistada por imperadores hindus, colonizada por judeus vindos do Yemen e foi também sede de governos muçulmanos. Em 1537 a cidade passou às mãos dos portugueses e com eles chegou o catolicismo, que foi somado às outras religiões que conviviam na cidade. Em 1538 os britânicos tomaram Bombaim e começaram uma estratégia de terraplanagem dos terrenos que foi unindo diferentes partes do arquipélago, até formar o atual território da cidade.

O Museu Prince of Wales refletiu como poucos o estilo arquitetônico desenvolvido pelos ingleses na Índia com elementos tomados da cultura local tanto no que se refere ao hinduísmo quanto ao islamismo. A cúpula Mongol do edifício é quiças o melhor exemplo desse sincretismo. Os admiradores do Mahatma Gandhi podem visitar o Mani Bhasvan Gandhi Museum, construído onde o pacifista tinha seu escritório e onde foram tomadas muitas das decisões transcedentais que o pacifista teve na sua vida política. O Gateway of India, finalizado em 1924 com projeto assinado pelo arquiteto George Wittet, foi concebido como homenagem para a visita do rei inglês George V à Índia e reflete o momento de maior esplendor do poderio colonial dos ingleses na região.

Jaipur 26°55'16"N 75°48'11"
A capital da província de Rajastán é também conhecida como a “cidade rosa” devido à abundante utilização de calcário rosado em constuções e palácios. Foi construída em 1728 por ordem do Maharajá Sawai Jai Singh. Por estar cercada de vizinhos belicosos, a cidade foi envolvida por fortalezas nas quais a função militar foi combinada como o uso de refinadas técnicas decorativas. Uma de suas construções mais imponentes é Hawa Mahal, construído com inúmeros balcões para que a realeza pudesse apreciar as procissões religiosas e a vida dos súditos sem ter que entrar em contato com eles. O observatório de Jantar Mantar, um dos cinco construídos por Jai Singh, foi desenhado para estudo do movimento dos astros e até hoje fornece medidas exatas da duração de cada dia. O Palácio da Cidade é o edifício mais admirado do patrimônio arquitetônico de Jaipur. É a residência do Maharajá, que apesar de haver sido despojado de seus suas funções monárquicas, mantém uma função cultural e de ascenção política sobre a cidade.

Benarés 25°20′N 83°0′E
Segundo a lenda hindu, a cidade de Benarés foi fundada pela deusa Shiva no ano 3100 AC. Durante séculos foi centro do império Kashí e é frequentemente citada nos textos sagrados. Sua posição estratégica às margens do rio Ganges a converteu em lugar de peregrinação e centro comercial de importância. Na beira do Ganges é possível observar os banhos rituais que servem para purificar a alma dos crentes. A tradição budista indica que quem morre em Benarés rompe o ciclo de reincarnações, por isto suas ruas estão cheias de idosos e hospitais para doentes que elegem a cidade para viver o fim de seus dias. A cidade também aloja o Templo Dourado, frequentado somente pelos fiéis hindus. O mesmo acontece com a célebre Mesquita de Gyanvapi, reservada aos seguidores do Alcorão.
COMO VIAJAR DENTRO DO PAIS

A Índia está convenientemente conectada ao mundo através de inúmeras companhias aéreas. Para mover-se pelo imenso país, é possível viajar com umas das diversas linhas que cobrem seu território.

A opção de viajar de ônibus é inconsistente. Algumas companhias conectam lugares turísticos importantes e grandes cidades contam com veículos confortáveis e modernos, outras utilizam veículos que deixaram de ser cômodos há séculos e que a quantidade de passageiros desafia as leis da física.

Os trens na Índia, que cobrem a maioria dos lugares povoados do país, são conhecidos por seu desconforto. Viajar neles pode ser uma aventura inesquecível, onde há que ter disposição para transitar por vagões superlotados, antigos e frequentemente compartido por pessoas e animais. Nestes, o preço é bastante econômico e permitem conhecer em primeira mão o modo de vida da população local.

Os que preferem viajar de carro, devem estar conscientes de que as ruas e estradas são um grande desafio para o motorista. Um trânsito infernal, a presença de animais sagrados que tem preferência na passagem, centenas de motos e bicicleta amontoadas nos cruzamentos e multidões de pessoas caminhando, são apenas alguns dos fatores que deve-se tomar em conta antes de alugar um carro. Sugere-se utilizar os serviços de um motorista que conheça os caminhos e os costumes locais para evitar problemas. Em caso de pressa para atravessar uma zona urbana, a única salvação é uma viagem de helicópter. Tudo na Índia requer paciência.
Nas cidades pode-se viajar em “autorickshaw”, um triciclo táxi capaz de alcançar seu destino em tempo recorde e meter-se por caminhos que um veículo maior nunca chegaria.
GASTRONOMIA

ChatnyConhecido no ocidente como chutney, trata-se de uma variedade de preparados usados como acompanhamento para outros pratos. É preparado através do cozimento de frutas, verduras, ervas e temperos em vinagre e açúcar. Cada mistura pode ser preparada de maneira diferente, mas os condimentos mais utilizados são a canela, o gengibre, o zimbro e o cardamano. O chatny mais popular é o de manga mas também são bastante apreciados os de alho, coentro, côco, maçã, hortelã e laranja.

Chapati
O pão indiano ou “roti” é utilizado para preparar uma comida muito popular cujas raízes são originárias da cozinha nortista da Índia. É preparado com uma mistura de farinha integral, água e sal. Os pães, de uns 15cm de circunferência, são cozidos em panelas bem quentes por aproximadamente um minuto. Quando estão mornos, passa-se manteiga e recheia-se com vegetais ou carne. (Dica: O chapati deve ser comido com a mão direita, já que é considerado de péssima educação usar a esquerda, considerada impura pela tradição local. Caso o chapati for preparado com painço é chamado “bajra roti” ou se é a base de milho, chama-se “makke ki roti”.)

DosaO café da manhã típico da Índia contém Dosa, uma espécie de panqueca preparada com arroz e lentilhas. A mistura é feita na noite anterior e pela manhã preparada numa frigideira com manteiga ou óleo. Este prato originário do sul da Índia pode ser acompanhado por ovos, batatas e cebolas fritas além de outros temperos para ressaltar o sabor. (Dica: Existem muitas variedades de dosa. Cada região tem uma receita para seu preparo)

Vada PavNa região ocidental da Índia, o Vada Pav representa o prato diário das classes baixas. Preparado com componentes vegetarianos, é muito popular em Bombaim e outras cidades desta região. Consistem em purê de batatas temperado com gengibre, Chaunk (sementes de funcho, cominho e fenacho fritas em azeite de oliva) e ervas. A massa é frita e colocada em pães. É complementado por chutney de manga ou tamarindo. (Dica: por tratar-se de uma comida muito difundiada, é encontrada em ambulantes a preços muito baixos. Por questão de higiene recomenda-se compra-los em restaurantes onde são preparados com maior segurança).

PakoraA Pakora é um tipo de prato vegetariano que consiste na fritura de diversos legumes ou vegetais. Os pratos mais comuns são preparados com batata, cebola, espinafre, queijo paneer e tomate. Previamente, cada pedaço é empanado com farinha de grão de bico. A farinha é temperada com ovo, bicarbonato e água para realçar o sabor.

BiryaniO Biriyani consiste basicamente de um preparado de arroz basmati misturado com ervas, carnes e iogurte. Cozinha-se em uma panela à qual junta-se cravo, cardamomo, canela, açafrão, coentro e louro. As versões não vegetarianas contém pedaços de frango, carne de cordeiro ou de peru. (Dica: Deve-se esclarecer sempre que tipo de Biryani se deseja comer. Anime-se a provar as infinitas variedades que cada cidade ou restaurante possuem deste prato.)


Bebidas típicas


Nimbu Pani
As altas alturas da Índia podem ser conquistadas com um bom trago de Nimba Pani, uma bebida preparada com suco de limão, água, açúcar ou mel, água de rosas e um pouco de sal. Esta bebida é vendida em qualquer ponto do país e pode ser encontrada em ambulantes de qualquer cidade ou povoado. (Dica: Devido ao sistema de limpeza da água ser realmente muito precário na maior parte do país, é recomendado consumir Nimba Pani em lugares que mostrem bom nível de limpeza ou pedir que seja preparado na hora com água engarrafada.)

CháA Índia é o maior produtor de chá e quiças o melhor lugar para saborear as variedades mais famosas da bebida. Toma-se a qualquer hora do dia, especialmente tratando-se de chá preto que é preparado puro, com leite ou limão. Pode-se adicionar açúcar e em alguns lugares também pode ser servido com ervas como cravo ou pimenta. (Dica: ao chegar à uma casa ou loja é comum que se ofereça um chá preto. Aceitar é de boa educação já que a recusa sem uma boa desculpa pode ser interpretada como ofensa).

LassiO Lassi deve ser consumido como um manjar e como um digestivo durante ou ao final de uma refeição. É preparado com água, iogurte, pedaços de banana ou manga e ervas, entre as quais deve fazer parte canela, gengibre ou cardamono. Para adoçá-lo utiliza-se mel ou açúcar, ainda que seu saber seja bastante adocicado. É servido bem gelado e é excelente para combater o calor. (Dica: o Lassi tem forte propriedades diuréticas e seus efeitos podem ser bastante imediatos. Existe uma variedade denominada Bhang Lassique, preparada com cannabis, bastante fácil de conseguir em algumas regiões. O efeito do Bhang é muito parecido ao da maconha quando fumada.

pésima educación usar la otras mano, considerada impura por la tradición local”
DICAS E CURIOSIDADES

• Dentro dos trens indianos, o lugar reservado à cada passageiro é aquele conseguido a base de empurrões e ataques ao próximo. As pessoas que se irritam com o contato físico com estranhos devem evitar os trens.
• Na Índia dirige-se pela direita. A única preferência de mão é dada aos animais sagrados.
• A forma mais comum e extensa de saudação consiste em juntar as palmas das mãos à altura do peito e dizer “namasté” com uma ligeira inclinação do corpo para frente. Usar abraços ou beijos como saudação pode ser considerado ofensa em muitos lugares da Índia. Se não houver outro jeito a não ser um aperto de mão, use sempre a mão direita, já que a esquerda é considerada impura e portanto deve-se evitar seu uso para tocar jóias, comidas, dinheiro ou pessoas em público.
• Na hora de comer é impróprio partir os alimentos com a boca. Para seguir os costumes locais, deve-se partir a comida com a mão direita sem usar o indicador, que é considerado um dedo impuro.
• A maioria dos indianos considera a vaca um animal sagrado. A carne mais comum é a de búfalo, porco, frango ou cordeiro.
• O sinal vermelho pintado na testa das mulheres indianas indica que elas são casadas ou comprometidas. Raramente são usados como adereço.
• Algumas regiões da Índia não são recomendadas ao turismo. Recomenda-se evitar as regiões de Cachemira e Sri Lanka, onde os rebeldes independistas são muito ativos.
• A existência de vastas regiões sem água potável sugere o consumo de bebidas engarrafadas.
• As doenças mais comuns são a cólera, a dengue, a malária, hepatitis, tifo, e em certas zonas tuberculose e lepra.
• Em Nova Délhi, Calcutá e Bombaim os níveis de poluição são extremamente altos, portanto pessoas com problemas respiratórios devem tomar precauções.
• Na primeira quinzena de junho a região leste é assomada por monções que, além de provocar transtornos na infraestrutura de estradas e turismo, representa um perigo para as pessoas.
• Diferentemente do que acontece em outros países, na Índia a gorgeta é dada antes para que se consiga um bom serviço.


Fonte:http://www.seuhistory.com/travel/travel_india.html

Comentários