A LENDA DO REI ARTHUR


A lenda do Rei Arthur

Há duas versões da lenda para a transformação de Arthur em Rei, são elas:
 
A Versão da Excalibur:

Conta essa versão que Uther Pendragon estava sendo perseguido por inimigos que lhe armaram uma emboscada e antes de morrer fincou a sua espada mágica numa pedra e disse que o próximo rei seria quem a retirasse desta pedra. Para satisfazer suas vontades de se transformarem em rei, todos os grandes guerreiros tentaram, e passaram a organizar torneios anuais onde o vencedor receberia a chance de tentar retirar a espada mágica da rocha. Arthur, nessa época, era criado por Ectório e era o seu filho mais novo (de criação) e ele, como acontecia na era medieval, era o Pajem de seu irmão mais velho Cai. Numa dessas batalhas Arthur perdeu a espada de Cai e quando viu a espada encravada na rocha retirou-a e levou-a  a seu pai. Neste momento alguns se ajoelharam e um outro senhor, Ban da Bretanha, jurou Guerra ao bastardo. Começada a guerra, Arthur imobilizou Ban e pediu para Ban jurar fidelidade a ele. Ban disse que não juraria fidelidade a um rei que não tivesse ainda se tornado um cavalheiro de verdade. E Arthur, sem pestanejar disse: "Estás certo meu senhor, faça-me então cavalheiro e jure fidelidade ao seu rei." Diante disso, Ban não acreditando na coragem do jovem, tomou a Excalibur em suas mãos e fê-lo cavalheiro jurando-lhe fidelidade diante de todos os seus soldados. Assim, Arthur foi feito rei de toda a grande Bretanha.

A Versão das Brumas:

Igraine foi forçada por Viviane a se deitar com Uther para que ele lhe fizesse um filho. Depois disso, Arthur foi dado a Ectório para ser criado como um bastardo, visto que ele fora feito enquanto Igraine ainda era mulher de Gorlois da Cornualha, e isso não seria aceito por seus súditos. Quando Uther morreu, Arthur foi levado para Avalon para ser coroado de acordo com as celebrações do Gamo-Rei, e depois do ritual ele teve que se deitar com a Deusa incorporando o gamo, para com isso finalizar a sua coroação. Após a coroação, Arthur recebeu a espada mágica excalibur que tinha uma bainha confeccionada pelas mãos das sacerdotisas de Avalon, e seus símbolos significavam as mágicas que ela continha. Para a confecção dessa bainha, a sacerdotisa dava também seu sangue para a magia, e dentre outras mágicas, a bainha continha a proteção contra ferimentos e desmaios. Com essa espada e a bandeira do pendragon mantida como a bandeira do reino, Arthur conseguia que os povos antigos fossem seus aliados para o resto da sua vida. E não feria as tradições da Igreja Católica, uma outra forte aliada. Nesta cerimônia, Arthur jurou fidelidade aos preceitos da Antiga Religião.

Os Personagens da Lenda: 
Rei Arthur

Arthur, o rei, é a personagem principal desta lenda. Ele foi coroado aos 15 anos, após a cerimônia do Gamo Rei, onde ganhou a Excalibur (sua espada mágica). Existem duas versões para esta história, que serão contadas mais adiante.Ele teve uma irmã (Morgana) e um irmão de criação (Cai), sua mãe (Igraine) era filha da Senhora de Avalon e irmã de Viviane (Sacerdotisa atual de Avalon na saga). O Mago Merlim é pai da mãe de Arthur, seu avô de direito.Arthur não teve filhos de seu conhecimento, mas ele foi pai em conjunto com Morgana no ritual do Gamo Rei. Morgana nunca contou ao seu irmão sobre o acontecido, visto que nesse ritual os corpos eram doados aos deuses para a unificação do ritual que será explicado na história do "Gamo Rei".Arthur criou a Távola Redonda, onde todos os seus cavaleiros se sentavam à uma mesa redonda de acordo que não houvesse ponta nem cabeceiras, reafirmando que todos eram iguais perante ao rei e perante ao Cristo.Arthur traiu o povo das fadas (seus familiares por parte de mãe) ao negar a bandeira do Pendragon e instituir em Camelot a bandeira com a cruz do Cristo e a Virgem Maria. Essa bandeira foi confeccionada por Guinevere, sua esposa e rainha de Camelot. Arthur, após a mudança do reino de Tintagel para Camelot, começou a dar ouvidos a sua esposa e fazer tudo o que ela queria, com isso negou aos seus ancestrais, traiu o povo de Avalon e instituiu uma religião una em toda a Bretanha, o Cristianismo.
A Rainha Guinevere

Guinevere (ou Gwen) ainda era uma moça quando se casou. Ela foi aceita pelo rei que nem mesmo a conhecia; mais por causa do seu dote do que por qualquer outra coisa. Gwen trazia consigo 100 cavalos de guerra pesados e 100 soldados para montá-los. Arthur ao vê-la encantou-se, mas o coração de Gwen já era de Lancelot do Lago, o chefe da cavalaria de Arthur. Gwen teve dias felizes em Camelot e em Tintagel, mas o seu amor proibido fazia com que uma angústia enorme acompanhasse a Rainha da Bretanha. Gwen não era tão boazinha quanto parece: ela tornou-se uma mulher fria, calculista e vingativa; deu forças para que Morgana se casasse com um velho rei e fez com que Lancelot tomasse ódio de Morgana. Guinevere tinha muitos ciúmes de Morgana; a rainha era também muito católica e fez com que Arthur trocasse a bandeira do Pendragon pela cruz do Cristianismo e com isso criou o início da decadência do reinado do seu marido. Guinevere também mantinha encontros furtivos com seu verdadeiro amor, Lancelot. A figura da rainha é retratada como a mulher que se impõe num regime onde ela não tem vez. Guinevere e Morgana formam a espinha dorsal da trama e desencadeiam todas as histórias que acontecem dentro do reino. Guinevere é exilada mais tarde por Arthur devido a sua vida "indigna" com Lancelot.
O Mago Merlim

Merlim era um título dado ao sacerdote mais graduado na religião antiga. O Merlim era como se fosse o representante masculino da Deusa. Ele, juntamente com a Sacerdotisa de Avalon, formavam o elo entre a magia e os humanos. O Merlim, no início da lenda, é o Taliesin (aquele velho de barba branca, como ficou imortalizado na mente das pessoas) que teve duas filhas importantes no enredo da lenda: Igraine (a mãe de Arthur) e Niniane (a Sacerdotisa de Avalon que substituiu Viviane). Taliesin foi também o articulador e conselheiro do reino de Ambrósio e Uther Pendragon. Já no reino de Arthur ele participou do início mas pela sua idade foi substituído por Kevin, o Bardo. Kevin era um homem com problemas físicos, foi surrado por um cavaleiro na sua infância e com isso tem problemas para se locomover, ficando corcunda e manco, e mesmo os problemas nas mãos  não o   impediram de fazer valer o seu maior dom: a Harpa. A bela voz também o acompanhava, Kevin era o melhor harpista de todo o reino de Camelot e empunhava a sua amada (a sua harpa) de uma forma peculiar, pois não tinha forças para erguê-la e por isso abaixava-se junto ao instrumento como que reverenciando-o por todos os belos sons que ele emitia. Kevin era calmo e muito lúcido, e por vezes se mostrou até pouco radical quanto à sua religião para não ferir os propósitos maiores que era manter a religião pagã viva e não torná-la a mais importante da Bretanha. Nesse período, os antigos já tinham a certeza de que a sua religião não era mais a dominante na região, mas que apenas continuaria viva e deveria se respeitada assim como a católica. O papel do Merlim na trama a partir daí não era o de fazer magia e feitiços, mas sim de mostrar ao seu povo que ele continuava junto ao rei e com isso assegurar a paz entre o reino e os povos antigos, tornando-os aliados incontestáveis. O Merlim era um título e não um homem, é bom que isso fique muito bem claro.
Lancelot

Lancelot era filho de Viviane, o melhor guerreiro da Távola Redonda e o Mestre de Armas de Arthur. Lancelot mantinha vínculos com Avalon e sempre que podia visitava sua mãe, porém ele não seguia nenhuma das duas religiões da época (Católica e Wicca), Lancelot não era um homem ligado aos cultos religiosos, embora pertencesse à linhagem real e tivesse a visão. Ele era apaixonado por Guinevere, antes mesmo desta se tornar rainha. A sua vida sempre foi regada por vitórias em batalhas e campeonatos, Lancelot era o mais valioso guerreiro do rei e o mais hábil domador de cavalos selvagens. Casou-se tarde, com a filha do rei Pelinore e, com isso, se afastou um pouco do reino de Camelot e da rainha Guinevere, com quem mantinha encontros furtivos e a quem realmente pertencia o seu coração. O seu romance com Guinevere foi descoberto pelos cavaleiros da Távola Redonda, e depois disso ele foi expulso do reino de Arthur e nunca mais voltou. Lancelot morreu velho no reino de seu sogro, o Rei Pelinore.

Morgana das Fadas

Morgana era a irmã mais velha de Arthur. Filha de Igraine e Gorlois da Cornualha. Ela foi criada em Avalon como uma sacerdotisa, segundo as ambições de Viviane, sua tia, Morgana seria a próxima Senhora de Avalon, pois tinha a linhagem real e era muito aplicada à Deusa e aos seus ensinamentos. Mas, depois da Cerimônia do Gamo-Rei, onde Morgana foi dada ao seu irmão Arthur em nome da deusa, ela se aborreceu com Viviane e com o que foi obrigada a fazer e abandonou Avalon. Foi morar com Morgause (sua tia) e depois foi para a corte de seu irmão. Morgana também era apaixonada por Lancelot, mas este nunca a quis por ela ser sua prima e por ver em Morgana sua mãe Viviane. Morgana armou o casamento de Lancelot, e, com isso, afastou-o de Guinevere se vingando de tudo que sofrera até então. Morgana teve um filho (Gwydion ou Mordred) com o rei Arthur, que depois de muito tempo voltou para Camelot e se tornou o conselheiro de Arthur até virar o grande herdeiro do trono depois da morte do filho de Lancelot. Morgana foi expulsa de Camelot depois de roubar a bainha mágica de Excalibur e jogá-la no lago sagrado. Morgana não concordava com a transformação de Camelot num reino cristão e lutou com todas as suas forças para derrubar Arthur do poder. Ela fracassou em todas as tentativas dessa sua luta pessoal e perdeu com isso a amizade dos poucos que gostavam dela. Acolon, um consorte dela, morreu tentando derrubar o rei para Morgana, isso a deixou muito abalada e fez com que ela se exilasse em Avalon para a eternidade. Morgana morreu velha em Avalon que se perdeu para sempre nas brumas.
Viviane - A Senhora de Avalon

Viviane é uma das grandes personagens da trama. Ela é irmã mais velha de Igraine e Morgause. Viviane teve dois filhos, Lancelot e Balam. Lancelot se tornou o mestre de guerra de Arthur e Balam era um dos cavaleiros do Rei. É a tia de Morgana e Arthur. Viviane é a fiel representante da Deusa, a Sacerdotisa de Avalon. Ela ganhou muitas inimizades devido à sua devoção incondicional às suas crenças. A primeira a se revoltar quanto ao seu modo de agir foi Igraine, que teve de casar com Gorlois de acordo com a vontade da Deusa, e depois teve que se dar a Uther antes mesmo de se tornar viúva, para conceber Arthur. Viviane morreu pelas mãos do meio irmão(Balim) de seu filho. Ela esteve na comemoração de Pentecostes para requerer que Arthur continuasse fiel às suas promessas de respeito à religião dos povos antigos. Balim, Cavaleiro do Rei, aproveitou-se disso para matá-la em frente a toda corte e sofreu as punições devidas a uma desonra como essa. Balim foi morto por Lancelot em vingança a sua mãe, com o consentimento do Rei Arthur. Viviane foi enterrada em frente a um convento no memorial da Corte, a contra-gosto de Morgana que queria levar o corpo a Avalon para que ela recebesse as últimas saudações

Uther Pendragon

Uther Pendragon foi o rei que substituiu Ambrósio. Uther era o capitão da guarda de Ambrósio, não sendo herdeiro por direito, visto que não era filho do rei. Com a morte de Ambrósio, Uther era o seu preferido, e por isso foi o escolhido.O novo rei foi leal ao seu povo e muito voltado para os combates, já que era um ótimo guerreiro.Ele se apaixonou por Igraine que até então era a esposa de Gorlois, Duque da Cornualha. Igraine também se apaixonou por ele e Merlim os ajudou a ter uma noite de amor enquanto Igraine ainda era casada. Uther usou as roupas de Gorlois e com um encanto todos acharam que este realmente era o Duque e entrou no quarto de Igraine para passar a noite com ela. Desta noite surgiu Arthur o Grande Rei.Depois disso Gorlois foi morto pelos homens do Rei e Uther pde se casar com Igraine.PENDRAGON - era um título dado ao mestre das armas. O Pendragon era o melhor guerreiro, o mais respeitado e o chefe de guerra.

Igraine

Igraine era filha da Grande Sacerdotisa, irmã de Viviane (a Senhora do Lago) e de Morgause.Ela foi treinada para ser sacerdotisa em Avalon assim como sua irmã mais velha, mas Viviane a entregou para Gorlois e este a fez sua esposa.Ela teve uma filha de Gorlois (Morgana), e depois teve um filho de Uther (Arthur). Igraine, enquanto esposa de Gorlois ficou muito longe de sua fé e renunciou a visão (mais por raiva de ter sido casada contra a sua vontade do que por causa do afastamento de Avalon), e foi muito infeliz com este casamento. Depois, com Uther, o homem que amava, foi feliz e deu um herdeiro a ele. Teve ótimos dias em Tintagel mas, sempre teve muita tristeza por não ter conseguido dar um filho que fosse legitimado o príncipe herdeiro, visto que Arthur nasceu antes de Uther e Igraine constituírem matrimônio, e não poderia ser proclamado herdeiro com o consentimento do povo e de seus aliados.Com a morte de Uther, Igraine foi viver num convento (ela já tinha, nessa época se entregado ao cristianismo), só saindo de lá na ocasião do casamento de seu filho Arthur. Igraine morreu no convento, tendo ao lado somente Guinevere (a rainha) e clamando por Morgana.

O Amor Proibido entre Lancelot e Guenevere

Guinevere (Gwenwyfar ou Gwen) e Lancelot são duas personagens muito importantes em toda essa lenda de Camelot. De um lado, a grande rainha e mulher de Arthur, o mais justo dos reis, e, do outro lado, o grande herói, o melhor cavaleiro, o chefe da cavalaria real: Sir Lancelot. Esse amor nasceu de uma visita de Lancelot ao reino do pai de Guinevere para cogitar se a herdeira daquele reino era digna de se sentar ao lado do grande rei da Bretanha, Arthur. Os dois se olharam e trocaram sorrisos, e a partir daí nasceu o amor tão comentado e polêmico que decreta a ruína de Camelot. Depois de muitos anos, Lancelot se casa e some de vez do reino de Arthur, mas, com o retorno do grande cavaleiro à Camelot, Gwen e Lancelot voltam a se encontrar e, guiados por Mordred , os Cavaleiros da Távola Redonda armam uma emboscada a fim de desmascarar toda essa traição ao seu grande Rei. Lancelot é descoberto, e numa luta contra os cavaleiros acaba fugindo, mas antes mata Gareth, o filho de Morgause e o seu maior fã. Arthur descobre, manda Gwen para um convento e decreta a expulsão de Lancelot de seu reino. Existe uma outra versão que diz que Arthur condenou Gwen à fogueira e Lancelot veio em seu auxílio e a livrou da morte lutando com muitos soldados do Rei e decretando guerra a Arthur, mas isso é por mim visto como muito romântico e fantasioso, cabe ao leitor acatar a versão da lenda que lhe é mais apropriada, lembrem-se que o meu objetivo é narrar os fatos e não impor qual é o certo e o errado. Por fim, Gwen acaba voltando para Camelot depois de um pedido de perdão de Lancelot e a sua promessa de nunca mais voltar ao reino de Arthur enquanto os dois viverem.

O Filho de Morgana

Mordred (ou Gwidion) era o filho de Morgana e Arthur, nascido da Cerimônia do Gamo Rei. Mordred foi criado em segredo longe dos olhos de Arthur por Morgause e aprendeu as artes da guerra em território saxão (os saxões eram inimigos do povo de Arthur, os bretões). Mordred voltou e se apresentou ao rei como filho de Morgana e foi feito cavaleiro da Távola Redonda por Lancelot, depois de desafiá-lo publicamente em uma festa de Pentecostes. Mordred também foi treinado para ser um Merlim da Bretanha em Avalon, e era como sacerdote que ele negara toda a religião cristã e se tornara o conselheiro de Arthur (que sabia que Mordred era seu filho). Mordred se tornou herdeiro do reino depois da morte de Galahad (filho de Lancelot) na busca do Santo Graal. Contudo Mordred nunca assumiu esse trono. Ele morreu antes disso numa batalha, depois de comandar a derrocada do reino de Arthur revelando a todos o romance de Gwen e Lancelot. Mordred tinha raiva de seus pais por o terem abandonado e queria muito se vingar do rei por questões pessoais e pela traição à Avalon. Existe uma versão que diz que Arthur e Mordred morreram lutando um contra o outro, e fala-se também que Lancelot matou Mordred e depois morreu guerreando contra Arthur. Todas essas versões enriquecem essa história maravilhosa!
A Távola Redonda

A Távola Redonda nada mais era do que uma mesa redonda que Arthur ganhou do pai de Guinevere em seu casamento (Aliás, Arthur se casou com Guinevere por causa de um dote de 100 cavalos de guerra pesados e 100 soldados cavaleiros). Após isso, com a criação de Camelot, Arthur mandou construir um salão enorme para colocar essa mesa, de modo que todos os cavaleiros pudessem se reunir, não havendo lugares mais importantes entre eles, visto que, na mesa não haviam quebras e por isso simbolicamente todos os presentes eram iguais. Os "Cavaleiros da Távola Redonda" eram todos os homens que eram feitos cavaleiros por Arthur ou os que eram formados fora do reino e que tenham sido absorvidos por Arthur como sendo de confiança (Lancelot, Gawaine e outros). A história fala de 12 cavaleiros, mas isso não deve ser uma regra.

A Criação de Camelot

Camelot era o reino do Rei Arthur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Ele foi criado depois que Arthur conseguiu expulsar os saxões de sua terra, ganhando com isso a aliança dos inimigos. Antes, Arthur morava no Castelo de Tintagel, onde era a base de seu reino. Em Camelot, Arthur construiu a sala da Távola Redonda e foi aí que começou a ser criada a ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda (que eram todos os homens feitos cavaleiros por Arthur). O local era em cima de uma montanha, rodeado por um lago e muito fortificado visto que a altura facilitava a visão da guarda. Foi ali que Arthur conseguiu a felicidade e a calmaria.
Camelot seria o reino onde Arthur estabelecera sua corte, mas onde ficava Camelot e de onde teria surgido este nome?
Supõe-se que o nome Camelot, referindo-se à suposta capital de Arthur, tenha sido dado pela primeira vez, no século XII, pelo romancista francês Chrétien de Troyes. Não há nenhuma garantia histórica sobre a existência de tal capital e essa idéia só entra na história depois que o general Arthur se transformou mitologicamente na figura do rei. Acredita-se que Camelot seja uma corruptela francesa para Camalodunum, nome romano de Colchester. Em 1542, um antiquário chamado John Leland visitou a colina de Cadbury (ao lado), em Somerset, que os habitantes chamavam de Palácio de Arthur, e ficou realmente convencido de que lá ficava a Camelot de Arthur, o que levou a chamá-la de Camelot e interpretar erroneamente o nome da vila vizinha de Queen's Camel, dizendo que originalmente poderia ter-se chamado Queen's Camellat. Essa associação infeliz ocultou as prentenções de Cadbury ser a verdadeira fortaleza de Arthur.
Cadbury, próxima a Glastonbury, é um monte de 75 metros de altura cujo topo se estende por 8 hectares. O monte é cercado por quatro elevações, uma acima da outra, remanescentes de antigas obras de defesa. Em 1960, provou-se que o local foi habitado entre 500 e 400 a.C.; que os romanos a encontraram ocupada, massacraram alguns de seus habitantes e removeram o restante para o nível do solo; e que mais tarde desmantelaram o forte e aplainaram o topo da colina. Outro estágio das escavações arqueológicas revelou que a colina havia sido refortificada em 470 d.C., fato provado pela presença, nos muros e pilares, de fragmentos de cerâmica do estilo Tintagel do século V.
Os locais foram sugeridos para a capital de Arthur, como Caerlon-on-Usk, no País de Gales, mostrado nos textos de Godofredo de Monmouth. O patrono de Willian Caxton, que editou a versão de Malory da lenda de Arthur, afirmava que existia uma cidade de Camelot, no País de Gales, que parecem ser os remanescentes romanos de Caerleon. Já Malory identificava Camelot como sendo a atual Winchester. No entanto, parece que as maiores evidências são para a Colina de Cadbury como a fortaleza de Arthur, já que esta servia perfeitamente como quartel-general para alguém que estivesse lutando no sudoeste da Inglaterra, em uma batalha travada no perímetro da planície de Salisbury.
Avalon - O Túmulo de Arthur 
Avalon, chamada de Avilion por Malory, surgiu pela primeira vez na história de Arthur através de Godofredo de Monmouth. Godofredo juntou uma miscelânea de tradições com relação à sobrevivência de Arthur e ao lugar de refúgio: tanto para britânicos, bretões ou galeses, o lugar é sempre um paraíso cercado de água, localizado na região costeira, que se chamava Avalon. E disse: "O renomado rei Arthur, gravemente ferido, foi levado para a ilha de Avalon, para a cura de suas feridas, onde entregou a coroa da Bretanha a seu parente Constantino, filho de Cador, duque da Cornualha, no ano de 542 do Nosso Senhor". Mais tarde, no livro Life of Merlin, Godofredo descreve o lugar como uma ilha fantástica, habitado por nove damas, uma das quais a sua irmã, a fada Morgana.
Grande é a associação de Glastonbury com Avalon. A grande abadia de Glastonbury foi fundada no século V. A seu lado havia uma pequena igreja, muito antiga, de paredes de taipa, que se dizia ser o primeiro santuário construído na Bretanha, e, assim, associado a José de Arimatéia, que teria trazido o Santo Graal para a Bretanha. Em 1184, um incêndio destruiu a pequena igreja, bem como a maioria dos prédios da abadia. Um programa de reconstrução foi então iniciado por Henrique II, mas, como demandava somas intensas, era necessário alguma coisa para atrair peregrinos com suas bolsas. Giraldus Cambrensis, um galês de ascendência parcialmente normanda, produziu então, entre 1193 e 1199, um obra intitulada De Principis Instructione, na qual registra que Arthur teria sido um benfeitor da abadia e que teria sido na verdade enterrado nela, já que seu corpo fora encontrado em 1190. Jazia entre duas pirâmides de pedra que marcavam os locais de outros túmulos, a 5 metros de profundidade, envolvido em um tronco de árvore oco. Do lado de baixo do tronco que servia de caixão, havia uma pedra e abaixo dela uma cruz de chumbo na qual estavam gravadas as seguintes palavras em latim: "Aqui jaz enterrado o renomado rei Arthur com Guinevere, sua segunda esposa, na ilha de Avalon". Dois terços do caixão eram ocupados por um homem de tamanho incomum e o restante por ossos de uma mulher, juntamente com uma trança de cabelos loiros que virou pó ao ser tocada por um monge. A tal descoberta teve o sucesso que interessava e Glastonbury tornou-se uma atração turística.
Godofredo de Monmouth dissera que Arthur fora levado embora, mortalmente ferido, para a ilha de Avalon. A partir do momento que os ossos de Arthur teria sido encontrados em Glastonbury, junto com a cruz funerária que dizia que ele teria sido enterrado em Avalon, Glastonbury tornou-se sempre Avalon. Guilherme de Malmesbury, em sua Gesta Regum Anglorum (Gesta do Rei dos Anglos), de 1125, apenas menciona o fato de os britânicos chamarem Glastonbury de Inis Witrin, a Ilha de Vidro. Caradoc de Lancafarn, em sua Life of Gildas, de 1136, repetiu que os britânicos a chamavam de Ynis Gutrin, Ilha de Vidro. Giraldus Cambrensis e Ralph, abade de Coggeshall, em sua Chronicon Anglicanum (Crônica Anglicana), foram os dois primeiros escritores a dizer que Glastonbury era Avalon.
 Os Anais da Páscoa
A história do Rei Arthur e seus cavaleiros é realmente apaixonante, tanto que no século XII ainda havia derramamento de sangue de bretões e ingleses, sendo que os primeiros lutavam em nome de Arthur. Mas quem foi Arthur? Ele realmente existiu? Se existiu, por que toda sua história está envolta em lendas e sem conteúdo histórico?
O mais empolgante é descobrir que Arthur realmente existiu. Como a Páscoa é uma festa móvel, era necessário fazer cálculos para saber quando cairiam as próximas festas, nos anos seguintes. Essas tabelas de cálculos, existentes em várias abadias, eram chamadas de Tabelas da Páscoa. Eram organizadas em colunas, sendo que a coluna da mão direita era deixada em branco. Nela eram anotados os eventos de importância relevante. Os itens desta coluna eram chamados de Anais de Páscoa.
É comumente aceito que a data do manuscrito que continha os anais é consideravelmente mais velha que os eventos anotados nela; mas os especialistas concordam que, quando novas tabelas de cálculo eram feitas, os principais eventos das tabelas anteriores eram transcritos para as mais novas. No Museu Britânico há um maço de documentos conhecidos como Historical Miscellany (Coletânea histórica) que contém um conjunto de tabelas de Páscoa. Em suas colunas de anais ocorrem dois registros: O primeiro tem sua data discutida, já que o copista teria datado os registros a partir do ano em que se iniciaram os anais, que pode ser 499 ou 518 d.C. Está escrito: "Batalha de Badon, na qual Arthur carregou nos ombros a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por três dias e três noites, e os bretões foram vitoriosos". No segundo registro de 539, lê-se: "Batalha de Camlann, na qual Arthur e Modred morreram. E houve pragas na Bretanha e Irlanda". O argumento que mais demonstra se tratar de uma evidência histórica é que também Gildas mencionou a Batalha do Monte Badon, cuja ocorrência registrou a mesma data do seu nascimento, descrevendo-a como "a última matança do inimigo, depois do que, durante toda a sua vida, teria sido refreado o avanço saxônico no sudeste e no sudoeste". Além disso, em uma conhecida história marcada por ausência de nomes próprios, Gildas, apesar de não falar no nome de Arthur, cita o nome da batalha, atribuindo-lhe importância singular.
Os anais dizem que Arthur lutou por três dias e três noites, o que é verossímil, pois Gildas chamou essa batalha de cerco obsessio Badonici. O fato de Arthur ter carregado a cruz nos ombros explica-se pela possível troca de palavras shield (escudo) por shoulder (ombros). A localização da colina chamada Badon é controvertida, mas supõe-se que deva estar localizada além de Kent e Essex, na rota do avanço saxônico.
É a partir desta batalha que a penetração anglo-saxônica proveniente do sudeste se interrompe, quando já tinha atingido as fronteiras da planície de Salisbury, em Berkshire e Hampshire, reiniciando somente meio século mais tarde. Não é sabido se Arthur e seus guerreiros atingiram o topo ou se foram os sitiantes; de qualquer modo o resultado foi o massacre dos saxões. Essa referência e aquela em que tanto Arthur como Modred morrem na Batalha de Camlann foram os profundos alicerces com os quais se ergueu a elevada e bem estruturada fama de Arthur.

A Historia Brittonum

Em segundo lugar, em importância como documento histórico, é a coleção do monge galês Nênio, da metade do século VIII, onde, segundo ele, agrupou tudo aquilo que havia encontrado nos anais romanos, os escritos dos santos padres e a tradição dos sábios. Esta coleção faz parte da Historical Miscellanny e é conhecida como Historia Brittonum (História dos Bretões). Começa com a recapitulação de outros trabalhos, inclusive o cálculo das seis era do mundo, iniciando com o Dilúvio; a seguir vem o que é chamado de seção independente, informações das quais Nênio foi a única fonte. Relata a carreira de Vortigern e o estímulo dado aos saxões. Nênio conta a história da descoberta, feita por Vortigern, de um menino clarividente, chamado Ambrosius, cuja mãe confessa ter sido ele gerado por um íncubo. Esse menino diz que o castelo que Vortigern se esforça tanto para construir não ficará em pé e avisa-lhe para drenar o poço que ele encontrará debaixo de suas fundações. Assim que for esvaziado, nele se descobrirão dois dragões: um vermelho e outro branco, que lutarão entre si. O branco vence o vermelho e o menino diz que a luta prediz a vitória saxônica sobre os bretões.
Depois dessa fábula vem uma passagem que, apesar de ter sido escrito muito tempo depois, será tão preciosa quanto os registros dos Anais da Páscoa. Inicia indicando uma data: "Depois da morte de Hengist, seu filho Octha, proveniente do norte da Bretanha, fixa-se em Kent, de onde inicia a dinastia dos reis de Kent". A ascensão de Octha, sob o nome de Aesc, ocorreu em 488, de acordo com a Crônica Anglo-Saxônica. Nênio continua: "Então, naqueles dias, Arthur lutou contra eles junto com os reis bretões, tendo sido o líder das batalhas". Isto mostra que, após a retirada dos romanos, muitos reis, soberanos de pequenos reinos britânicos, uniram-se contra os saxões, sendo Arthur comandante geral das tropas combinadas. Não foi somente Nênio que afirmou que Arthur não foi um rei propriamente dito; em outro capítulo do livro The Marvels of Britain (As maravilhas da Bretanha), ele o chama de um simples soldado, ou miles; Nênio fala ainda de Cabal, o cachorro, e do túmulo de Anwr, filho de Arthur, o soldado.
A próxima passagem é rápida e misteriosa; é uma lista das doze batalhas onde Arthur lutou, das quais apenas duas são passíveis de identificação. Nênio diz que a primeira batalha ocorreu no rio Glen, que pode ser tanto em Northumberland como em Lincolnshire. A segunda, a terceira, a quarta e a quinta batalhas aconteceram no rio Dubglas, in regio Linnus, o que pode significar Lindsey, em Lincolnshire. A sexta foi em Bassas, nome que não foi traduzido. A sétima foi a Batalha de Caledonian Wood, que se acredita ser uma floresta em Strathclyde. A oitava foi na Tor Guinnion, lugar que não foi identificado geograficamente, mas é assinalado pela narração de que ali Arthur teria carregado nos ombros a imagem da Virgem Maria, por cuja virtude e pela de Jesus Cristo, os pagãos teriam sidos expulsos. A nona ocorreu na cidade de Legion, nome romano de Chester. A décima foi na praia de Tribuit; a décima primeira, na montanha de Agned; e a décima segunda no monte Badon, e foi aí que Nênio disse que tinham caído novecentos e sessenta em um violento ataque desfechado por Arthur. Apesar de não ser possível delinear com exatidão onde ocorreram, parece que as batalhas ocorreram em uma área ampla, que ia de Strathclyde, no noroeste oriental, talvez até Northumberland ou, mais para o sul, até Lincolnshire; de Chester no oeste até algum lugar no sudoeste, onde o combate do monte Badon culminaria com uma vitória definitiva, estabelecendo, por fim, cinqüenta anos de paz.

Fonte:http://www.eusouluz.iet.pro.br/reiarthur.htm

HISTÓRIA POLÊMICA

Rei Artur (em inglês King Arthur) é uma figura lendária britânica que, de acordo com histórias medievais e romances, teria comandado a defesa contra os invasores saxões chegados à Grã-Bretanha no início do século VI. Os detalhes da história de Artur são compostos principalmente pelo folclore e pela literatura, e sua existência histórica é debatida e contestada por historiadores modernos. A escassez de antecedentes históricos de Artur é retratada por diversas fontes.
O lendário Artur cresce como uma figura de interesse internacional em grande parte pela popularidade do livro de Geoffrey de Monmouth, Historia Regum Britanniae (História dos Reis Britânicos). Porém, alguns contos de Gales e da Bretanha e poemas relativos a história do Rei Artur foram feitos antes deste livro; nestas obras Artur aparece como um grande guerreiro que defende a Grã-Bretanha dos homens e inimigos sobrenaturais ou como uma figura fascinante do folclore, às vezes associada com o Outro Mundo, Annwn. Quanto ao livro de Geoffrey de Monmouth, foi mais adaptado dessas obras do que inventado por ele mesmo, porque ele é desconhecido. Embora os temas, acontecimentos e personagens da lenda de Artur variem de texto para texto e não exista uma versão totalmente comprovada, a versão de Geoffrey sobre os eventos é frequentemente usada como ponto inicial das histórias posteriores. Geoffrey descrevia Artur como um rei britânico que venceu os saxões e estabeleceu um império composto pela Grã-Bretanha, Irlanda, Islândia e Noruega. Na realidade, muitos elementos e acontecimentos que agora fazem parte da história de Artur apareceram no livro de Geoffrey, incluindo Uther Pendragon, pai de Arthur, o mago Merlim, a espada Excalibur, o nascimento de Artur em Tintagel, sua batalha final em Camlann contra Mordred em Camelot e o fim de Avalon. Chrétien de Troyes, escritor francês do século XII que adicionou Lancelote e o Santo Graal à história, iniciou o gênero de romance arturiano que se tornou uma importante vertente da literatura medieval. Nestas histórias francesas, a narrativa foca frequentemente em troca do Rei Artur para outros personagens, como os Cavaleiros da Távola Redonda. A literatura arturiana teve sucesso durante a Idade Média, mas diminuiu nos séculos que se seguiram até ter um ressurgimento significativo no século XIX. No século XXI, as lendas continuam vivas, tanto na literatura como em adaptações para teatro, cinema, televisão, revista em quadrinhos e outras mídias.


Rei Artur, em escultura da alemã renascentista dos anos 1520 (Igreja da Corte, Innsbruck).

Historicidade discutida

Tapeçaria com Artur como uma das nove pessoas respeitáveis, 1385.

A origem do mito do rei Artur é um ponto muito debatido pelos estudiosos até hoje. Alguns acreditam que o personagem Artur está baseado em alguma figura histórica, provavelmente um chefe guerreiro britânico da Antiguidade tardia e início da Idade Média, a partir do qual se criaram as lendas que conhecemos hoje. Outros estudiosos crêem que Artur é pura invenção mitológica, sem relação com nenhum personagem real.
A escola que crê num Artur histórico baseia-se em antigas obras como História dos Bretões (Historia Brittonum) e Anais da Câmbria (Annales Cambriae), as quais relatam de maneira fantasiosa eventos históricos ou pseudo-históricos ocorridos nas Ilhas Britânicas. Estes textos apresentam Artur como figura real, um líder romano-britânico que lutou contra a invasão da Britânia pelos anglo-saxões, situando o período do Artur histórico entre o final do século V e começo do século VI. O livro Historia Brittonum, escrito em latim por volta do ano 830, é o mais antigo em que aparece seu nome. A obra relata doze batalhas que Artur disputou, referindo-se a ele não como rei senão como "dux bellorum" (chefe guerreiro). Estas chegam a seu ponto máximo na Batalha do Monte Badon onde o cronista diz que Artur matou sozinho 960 homens. Estudos recentes, porém, questionam a utilidade do livro Historia Brittonum como fonte histórica deste período.
A outra crônica antiga que parece apoiar a existência histórica de Artur são os Annales Cambriae, escritos no século X, que também ligam Artur à Batalha do Monte Badon. O livro data essa batalha entre 516-518 e também menciona a batalha de Camlann, na qual morrem Artur e Mordred e que teria ocorrido entre 537-539. Estes detalhes aparentemente apóiam a versão da Historia Brittonum, confirmando que Artur realmente lutou no Monte Badon. No entanto, os manuscritos dos Annales Cambriae tem uma história complexa, e é possível que cronistas tenham utilizado o Historia Brittonum como fonte sobre as seções sobre Artur dos Annales no século X. Neste caso, o Historia Brittonum e os Annales Cambriae não seriam duas fontes independentes da historicidade de Artur.

História

Geografia da Grã-Bretanha por volta dos anos 500.

A Grã-Bretanha, na Europa, é sujeita a controvérsias. A história mais provável é que o Rei Artur tenha existido na Bretagne, região da França. Como exemplo, os menhirs e os dolmens que existiam na vila de Carnac e muitos outros que são vestígios deixados por povos celtas ou gauleses ou "galloise" como pronunciado na França. O fato é que existem várias hipóteses. Aqui temos uma descrição da literatura inglesa. Pode ser que seja boa, mas até hoje não existe nada que prove. Para os curiosos a literatura francesa também tem a sua versão da história. Em princípios do século V, o imperador de Roma, Honório, já farto das revoltas da província da Bretanha mandou retirar as legiões e quadros administrativos dessa província; essas legiões deviam ser comitenses, tropas móveis (uma vez que se sabe que as tropas junto à Muralha de Adriano continuaram a cumprir o seu dever mesmo sem um império a quem servir).
A partir daí, de fato pouco se sabe, sendo a principal fonte um monge bretão do século VI, Gildas. Gildas, além de tudo um monge muito forte e de conhecimento da magia negra e branca ajudou Artur em muitas de suas batalhas defendendo e protegendo-o.
Os pictos do norte e os irlandeses do oeste começaram a lançar ataques cada vez mais atrevidos; em meados do século V, um rei Voltigern pede ajuda a saxões do continente para combater essas ameaças, mas rapidamente os mercenários decidem passar a combater por conta própria para conquistar esse país tão fértil (pelo menos do seu ponto de vista), chamando mais tropas do continente.
A situação estava estacionária quando, em finais do século V, Ambrosius Aurelianus, um romano da Bretanha (seja o que for que esse termo implique décadas depois da partida de Roma) consegue numa batalha esmagadora deter os saxões, a célebre Mons Badicus. Por algumas décadas a maré saxã parece ser detida (os achados arqueológicos demonstram-no), mas a incapacidade dos bretões em se manter unidos permite aos saxões resistirem, depois lançarem-se novamente ao ataque. Na segunda metade dão-se uma série de batalhas que destroem primeiro os reinos celtas do sul, depois são os do norte, até os celtas ficarem reduzidos à Cornualha, Gales e mais uns enclaves. A Inglaterra ia começar.
Depois da destruição dos reinos celtas, só existem novamente fontes com Beda, o venerável, em princípios do século VIII. Infelizmente, as informações que ele fornece para o período de Artur são copiadas de Gildas e os seus próprios dados começam só por volta de 600 com as missões católicas aos reinos saxões.
Em pleno século VIII temos informações relevantes vindas de um Bretão, Nennius. Finalmente o nome de Artur é referido (não é certo pela 1ª vez, mas sim relacionado com os fatos corretos). É descrito como um comandante militar que teria vencido 12 batalhas contra os saxões sendo a mais gloriosa Badon Hill (sendo assim ignorado Ambrosius). O problema desta fonte é que, segundo os historiadores, Nennius tinha uma certa tendência a “preencher” as lacunas com fatos inventados por ele. Isso não significa que ele tenha inventado tudo, mas que pode ter embelezado ou distorcido conforme as necessidades.
No século X surgem as “Annales Cambriae”, uma cronologia (de origem galesa podemos agora dizer, e não bretã) bastante sucinta. Para o ano 516 registra a vitória de Artur contra os saxões e em 537 registra a morte de Artur e Medraut (o futuro Mordred, embora não seja dito que eles fossem inimigos) numa batalha. Por curiosidade, na entrada de 573 é referido que Merlin enlouqueceu, não é dito que é um mágico, bardo ou o que quer que seja mas apenas que enlouqueceu. Artur continua a ser referido como um chefe militar mas não como um rei.
Ora acima foi dito que o nome de Artur já era referido antes de Nennius o descrever. De fato, em algumas baladas galesas que remontam ao século VII, o nome de Artur como rei aventureiro no norte da Bretanha surge, mas nenhuma informação concreta é fornecida (para além de que enfrentava seres fantásticos e corrigia injustiças). Quanto muito ficamos a saber que o imaginário popular já se apoderara dele e retirando todo o contexto real lhe dera uma nova dimensão (como Mircea Elliade tão bem se apercebeu com outras figuras). Essas baladas teriam a mais bela concretização no Mabinogion.
As crônicas anglo-saxônicas sendo muito posteriores (começaram a ser compiladas no século IX e vão até ao século XII) descrevem todo o processo de destruição progressiva dos bretões (embora omitindo as suas próprias derrotas) mas não referem os nomes dos líderes bretões, o que é uma forte lacuna.
E assim chegamos a Geoffrey de Monmouth. É do século XII e o último autor que diz estar a fazer história. Argumentou que utilizou um livro vermelho em língua bretã de onde tirou todas as suas informações (não se pode negar ou aceitar, mas era hábito da época justificar-se que se tinha uma fonte mais antiga). Ele vai acabar por dar alguns dos últimos acrescentos da futura lenda arturiana. Incorpora Uther Pendragon (pai de Artur) como irmão de Aurelius Ambrosius, refere a célebre passagem em que Merlin disfarça Uther com o aspecto do marido de Igraine, Mordred é já inimigo de Artur (mas apenas sobrinho e não filho incestuoso), Artur conquista o império romano, etc. Estamos de fato nos domínios da literatura.
Em finais do século XII Chrétien de Troyes, um francês, escreve contos sobre as aventuras do Rei Artur, Lancelote, Guinevere, Gawaine, Percival. Sabe-se que Artur e os seus cavaleiros eram personagens populares na época e as histórias a partir da Bretanha de língua céltica e de Gales tinham-se espalhado por outros países. Mas Chrétien, apropriando-se de mitos conhecidos, dá-lhe um cunho pessoal e sobretudo ficam guardados para a posterioridade. A partir daí, é um nunca mais terminar: o ciclo da vulgata francesa, o Parzival alemão, o La mort d’Artur de sir Mallory só para citar os mais conhecidos. Alguns escrevem sobre todo o ciclo desde a morte de Jesus Cristo até a morte de Artur, criando uma narrativa de séculos, outros descrevem apenas episódios que acontecem a cavaleiros. São incorporados mitos exteriores sem ligação inicial (a história de Tristão e Isolda, o mito do Graal, A Távola Redonda, Tintagel), novos personagens são criados (Galahad). As obras são traduzidas para todas as línguas do ocidente cristão, reescritas, fundidas, influenciando muito a maneira de pensar (ou pelo menos o conceito do que deveria ser o ideal) dos cavaleiros. No século XVII dá-se uma certa diminuição do interesse, mas não muito, pois na ópera continua-se a utilizar o tema. E o romantismo do século XIX com o seu interesse na Idade Média restaura o interesse (até escritores americanos como Mark Twain o fazem). O século XX, graças ao cinema e desenhos animados, completa o trabalho, mantendo o interesse vivo e permitindo que um maior público tenha acesso; os grupos neo-pagãos também tentam apropriar-se da lenda devido ao seu lado mais místico (centrando-se em Morgana, Viviane e Merlin por contraposição ao elemento cristão).
Os historiadores, depois de terem feito uma crítica feroz aos mitos arturianos, chegando mesmo a negar a sua existência, limitam-se a uma prudente reserva. O que nos fica então para além de belas histórias? Não podemos afirmar com toda a certeza que Artur existiu, pois não existem relatos contemporâneos.
Os arqueólogos, com as limitações que a ausência de registos implica, preferem falar de um período sub-romano para definir aquilo que é o período arturiano: séculos V e VI. Artur era de fato um nome até relativamente vulgar na época. Sabe-se que um comandante romano de um destacamento sármata do século II na Bretanha tinha esse nome. Outras figuras antes e depois do “Artur” que nos interessa tinham esse nome. Uma divindade do norte também tinha um nome semelhante.
Os nomes de origem romana ainda comuns nos séculos V e VI nas crônicas vão progressivamente desaparecendo à medida que, empurrados para Gales, os celtas vão se tornando galeses. Teria sido criado um herói a partir dos feitos de várias personagens que foram amalgamados pela memória coletiva? Ou de fato houve alguém que guerreou contra os saxões depois de Ambrosius e conseguiu depois adquirir um estatuto lendário? Ou nunca existiu ninguém assim e aos poucos surgiu uma lenda que foi crescendo? São várias as hipóteses mas nenhuma pode se impor no momento.

 Artur de Bernard Cornwell

O escritor Bernard Cornwell é famoso por ter escrito a história de Artur na Grã-Bretanha real do século VI. Em sua versão a magia era feita por druidas, entre os quais estava Merlin. Apesar do autor contar que era apenas coincidência e relatar que ninguém realmente a fazia.
Em seu livro, Artur não era rei, apenas filho bastardo do antigo Rei Uther. Bernard Cornwell conta a história feita através de relatos históricos da época em que os celtas britânicos eram invadidos pelos Anglos e Saxões.

 Bibliografia

  • Ritson, Joseph. Life of King Arthur From Ancient Historians and Authentic Documents. [S.l.]: Kessinger Publishing, 2003, 1825.
  • Barber, Richard. King Arthur: Hero and Legend. [S.l.]: Boydell Press, 1986.
  • Zimmer Bradley, Marion. The Mists of Avalon. [S.l.: s.n.], 1979.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Rei_Artur
 
 
 
 
 

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