PLANETA TERRA E A DISCUSSÃO DA RIO+20

Participante do Mato Grosso confere a refeição oferecida na Kari-Oca, evento paralelo à agenda oficial da Rio 20 (AFP PHOTO/Christophe Simon )
Participante do Mato Grosso confere a refeição oferecida na Kari-Oca, evento paralelo à agenda oficial da Rio+20

Conheça os principais dados sobre o estado do planeta, que centram as discussões da cúpula Rio+20 da ONU sobre desenvolvimento sustentável

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começou nesta quarta-feira com a Reunião do Comitê Preparatório, quando técnicos de todos os países participam de debates para elaborar os esboços dos documentos que serão examinados pelos presidentes e primeiros-ministros.

Confira alguns dados que centram os debates na conferência:

- População mundial: 7 bilhões de habitantes em 2011 (o dobro em relação a 1950). Estimativa para 2050: 9,3 bilhões. A população dos países pobres se multiplicou por 4,3 desde 1962. Cerca de 60% da humanidade vive na Ásia; a metade reside em cidades (em 2050 serão dois terços). O índice de crescimento demográfico teve uma redução de 27% desde 1992.

- Aquecimento global: as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 3% ao ano na última década (nos países em desenvolvimento, as emissões de CO2 tiveram um aumento de 64% entre 1992 e 2008). Esta aceleração provocou um aumento de 0,4 graus da temperatura e uma acidificação dos oceanos. Muitos cientistas avaliam que o aumento da temperatura global chegará a 3,5 graus centígrados.

- Biodiversidade: as populações de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes diminuíram 28% entre 1970 e 2008, sobretudo nos sistemas tropicais, com uma redução de mais de 60% (30% desde 1992). A captura de peixes quintuplicou entre 1950 e 2005, e a degradação dos estoques se converteu em um dos "mais graves" problemas ecológicos, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA). O planeta perdeu cerca de 13 milhões de hectares de áreas florestais entre 1990 e 2000. O desmatamento constitui a terceira causa (indireta) de emissões de CO2, depois do fornecimento de energia e das atividades industriais.

- Recursos naturais e pegada ecológica (área requerida para gerar os recursos que os membros de uma sociedade consomem): há superexploração de recursos. No ritmo de consumo atual, a Terra demora "um ano e meio para regenerar completamente os recursos renováveis que os seres humanos utilizam em um ano", afirma a ONG WWF (World Wilde Fund for Nature), que adverte: "a menos que ocorra uma mudança de rumo, este número crescerá muito rápido: em 2030, até mesmo dois planetas não serão suficientes".

-Nos grandes países emergentes, a pegada ecológica por pessoa aumentou 65% desde 1961; nos países ricos, este índice é cinco vezes superior ao dos países pobres. Entre os países com mais de um milhão de habitantes, o Qatar é o que tem a pegada ecológica por habitante mais elevada (mais do quádruplo da média mundial). É seguido por Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca e Estados Unidos.

-Nas medições do WWF, a pegada ecológica mundial é de 2,70 hectares por pessoa, com diferenças notáveis: a da África é de 1,45; do Oriente Médio e Ásia Central de 2,47; Ásia-Pacífico 1,64; América Latina 2,70; América do Norte 7,12; União Europeia 4,12; e do resto da Europa de 4,05.

- Energia: O consumo mundial de energia aumentou 5,6% em 2010 e deve duplicar até 2030. As energias fósseis representam 87% do total da energia consumida; as centrais nucleares fornecem 5,2% (mas 22% nas economias avançadas da OCDE) e as energias renováveis 13%.

- Terras: desde meados da década de 2000, os investidores estrangeiros adquiriram o equivalente à superfície da Europa oriental nos países em desenvolvimento (66% destas aquisições foram realizadas na África). Esta situação é como "uma bomba que pode explodir" se não for desativada, ressalta Paul Mathieu, um especialista da FAO.

- Pobreza: a pobreza extrema - rendas inferiores a 1,25 dólar por dia - está em retrocesso no mundo. Em 2008, afetava 1,289 bilhão de pessoas (1,9 bilhão em 1990), 47% das quais na África. Cerca de 43% da população dos países em desenvolvimento vive com menos de dois dólares por dia e cerca de um habitante da Terra em cada sete sofre de desnutrição. Cerca de 800 milhões não têm acesso à água potável melhorada (canalizações ou poços protegidos), 2,6 bilhões não possuem instalações sanitárias e 1,4 bilhão vivem sem eletricidade.

Fontes: WWF, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Rajendra Pachauri, relatórios do PNUMA, Banco Mundial, AIE (Agência Internacional de Energia), FAO (Organização para a Agricultura e a Alimentação).

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