OM - O SOM PRIMORDIAL


Om
 o início, o fim e o meio
sarvam omkarah eva yadbhutam yadbhavishyatam

"O que aconteceu antes, o que existe agora e o que existirá mais tarde - tudo isso é Om".

Para compreendermos o poder do mantra mais citado e cantado dentro da filosofia do yoga, devemos fazer uma volta ao princípio da formação do Universo. Antes de haver vida neste planeta, passamos por uma grande transformação cósmica, onde uma forte explosão (Big Bang) do “átomo primordial” deu origem ao que hoje conhecemos como mundo. Esta dança cósmica (Shiva Tandava) é proveniente de uma vibração primordial, que a tudo permeia.

Esta vibração está presente em toda matéria a nossa volta, assim como dentro de nós e, por se tratar de uma vibração física, se manifesta sonoramente. Através do entendimento de que os sons são originários da vibração dos objetos, os sábios indianos criaram o conceito de “Nada Brahma”, o qual podemos entender como: “toda criação, todo Universo é som”.

É creditada a sábios videntes (Rishis) a audição deste som sagrado ouvido em estado de meditação profunda. A este som atribuímos à sílaba sagrada Om.


Esta sílaba linguísticamente é considerada “aquilo que protege, sustenta” (rakshati). É indissolúvel (akshara), tornando-se o mantra mais poderoso do hinduísmo por representar o corpo sonoro do Absoluto (Shabda Brahman).

Este mantra também é designado como “aquele que conduz à outra margem”. Usado no princípio de todos os rituais, sua principal função é conduzir à realização, libertando-nos da prisão mental.

Ao entoarmos o mantra Om entramos em contato com a natureza original e nos conectamos com esta poderosa vibração que existe em todas as formas da natureza, desta maneira nos tornando uno com o todo que nos cerca, nos fundindo com a realidade suprema (Nada Brahman). Talvez seja essa a meta do yoga: dissolvermo-nos do nosso pequenino eu (individual) mergulhando em nossa unidade (universal).

“A sílaba OM, que é o imperecível Brahma, é o universo. O que quer que tenha existido, o que quer que exista, o que quer que venha a existir é OM”.
Upanishad Mandukya,

 “OM é o arco, o espírito é a seta e Brahman é o alvo”.
Upanishads


“A essência de todos os seres é a terra, a essência da água a vegetação, a essência do homem a palavra, a essência da palavra o Rig-Veda, a essência do Rig-Veda o Sama-Veda e a essência do Sama-Veda a Udguitā, que é AUM.”
Tchhandoguya-Upanishad

“Este ātma é representado pela sílaba Om, que, por sua vez, é representada por caracteres (matra) de maneira a que as condições de ātma são os caracteres de Om, e, inversamente, os caracteres de Om são as condições de ātma.”

Mandukya-Upanishad

“Existe uma classe especial de mantras, denominadas por ‘mantras-semente’, que são constituídas por monossílabas e que representam a complexa natureza das energias elementares ou das divindades. Estas poderosas monossílabas são as raízes do poder do discurso e produzem ecos em todos os aspectos da manifestação. Acredita-se que a linguagem primordial tenha sido produzida a partir destas onomatopéias e que foi essencialmente monossilábica. As sílabas que expressam as forças elementares da Natureza (Prākriti) são os verdadeiros nomes das divindades e das suas imagens. Os deuses estão obrigados a responder a estes sons”.
Alain Daniélou, “The Myths and Gods of Índia”


Como mantra raiz, dele variam-se todos os outros mantras que conhecemos atualmente. Seu som original é o resultado de três letras: A U M; estas três letras representam (segundo a Maitri Upanishad) os três estados de consciência: vigília, sono e sonho.

No Advaita Vedānta, o aspecto tripartido do som AUM é usado para representar os três estados de consciência:

A Vigília
U Sonho
                 M Sono profundo

A repetição do som AUM em forma de mantra e em meditação permitirá atingir um estado de concentração em que tal som absorve ou elimina todos os pensamentos, a mente fica idêntica ao som AUM. 

Isto significaria, em princípio, que quando o som AUM cantado na mente subsiste, todos os pensamentos deveriam cessar e o som AUM desaparecer. O silêncio resultante representaria a realização.

O  Om é, assim, o mais importante de todos os mantras, designado por maha mantra, cuja meditação pode abrir, efetivamente, as portas para se alcançar o samadhi.

Estas considerações são confirmadas pelas escrituras. Na Atharva-Shikhā Upanishad é referido que se deve meditar na sílaba Om, símbolo do Supremo Absoluto (Brahma), onde é também feita referência para as suas quatro partes. 

Na Amrita-Bindu Upanishad é referido que só a parte silenciosa do som M leva ao inaudível, à morada invisível, à realidade última.

O poder desta sílaba sagrada está em expandir nossa compreensão do todo que nos cerca, onde saímos um pouco da nossa individualidade egocêntrica e passamos a interagir com cada pessoa como parte fundamental da criação.


ALBERT EINSTEIN afirmou:

“A desintegração do átomo transformou tudo, exceto nossa forma de pensar; por isso, caminhamos para uma catástrofe sem paralelo”.


Texto: Sandro Shankara
Pesquisa: Wikipédia e www.sabedoriaperene.blogspot.com

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