AMOR SAGRADO E AMOR PROFANO - OBRA PRIMA DO PINTOR TICIANO






Amor Sagrado e Profano

Amor Sagrado e Profano, obra-prima de Ticiano (1490-1576), foi pintada quando tinha aproximadamente 25 anos, para celebrar o casamento do veneziano Nicolò Aurélio (vide brasão no sarcófago) com a jovem viúva Laura Bagarotto, em 1514.
A noiva vestida de branco, sentada ao lado de Cupido, é ajudada pessoalmente por Vénus. A figura com o vaso de jóias simboliza a “fugaz felicidade na terra” e a que segura a chama ardente do amor de Deus simboliza a “felicidade eterna no céu”.

O título resulta de uma interpretação de meados do século XVIII e que dá desta obra uma leitura moralista da figura nua, considerando que o artista pretendeu assim exaltar o amor terrestre e o amor divino. Na realidade, a filosofia Neoplatónica do amor sagrado e profano em que Ticiano e o seu círculo acreditavam, contemplando a beleza da criação, conduziu a uma consciência da perfeição divina da ordem do universo. É por estas e por outras que temos divas.
Nesta pintura de amor campestre, Ticiano exaltou a delicada poesia lírica de Giovanni Bellini ou Giorgione e atribuiu-lhes uma grandeza clássica. O Amor Sagrado e Profano de Ticiano é um ícone da Galleria Borghese.

Fonte:http://abrancoalmeida.com/



ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA


Para a primeira análise de uma obra renascentista, a pintura denominada "Amor Sagrado e Amor Profano", do pintor veneziano Ticiano Vecellio. A obra foi produzida em 1514, é um óleo sobre tela, e foi encomendado por Niccolò Aurélio, então secretário do Conselho dos Dez, e mais tarde Grande Chanceler da Sereníssima, estado no nordeste da Itália, com capital em Veneza, que existiu entre o século IX e XVIII. Pertence à Galeria Borghese, em Roma.

A obra foi feita no Renascimento, movimento artístico e intelectual ocorrido na Europa que transformou profundamente as concepções de mundo e formas de pensamento. Uma das principais características desse período é a redescoberta dos textos antigos, e é em um desses textos que se encontra a chave para a interpretação da obra de Ticiano. No Symposium, diálogo de Platão, Pausanias fala de uma dupla de Vênus, a "celestial e a "vulgar". O texto de Platão foi interpretado pelo humanista Marcílio Ficino, inaugurando o movimento neoplatônico, do qual discursos sobre o amor e a beleza encontraram profusão única na história. A obra de Ticiano faz parte deste movimento, e tem como tema um discurso sobre o "amor".

Na pintura estão duas mulheres sentadas em uma fonte de mármore esculpida, uma nua e a outra vestida. São as duas Vênus, a celeste, nua, coberta apenas com uma tela branca e um manto púrpura (cor que identifica caráter divino nas obras renascentistas), e a vulgar, vestida com um traje branco de manga púrpura. Entre elas, está o cúpido, remexendo as águas da fonte.  O fato de a mulher nua representar a Vênus celeste demonstra a atribuição de valores positivos que se fazia da nudez no período renascentista, como a beleza feminina, o amor e a felicidade eterna.

Diferente do que supõe o título da pintura, nome dado provavelmente no final do século XVII, a obra não se trata de uma oposição entre dois tipos de amor. Existia no renascimento a crença de que a beleza sem ornamento é superior à beleza adornada, e que a forma de amor celeste, que aprecia uma beleza superior à que chamamos realidade, é mais elevada que a forma de amor terrena, que aprecia uma beleza pertencente ao mundo material. Porém, as duas formas de amor, representadas pela dupla de Vênus, buscam a beleza, cada uma à sua maneira, mas ambas são nobres e dignas de serem veneradas. Assim, segundo a interpretação do historiador da arte Erwin Panofsky, na obra está presente um diálogo de amor, dentro de um espírito de persuasão. O cúpido remexendo as águas da fonte seria um símbolo do princípio da harmonia, em que as duas formas de amor, apesar das diferenças, seriam uma só essência.

 Fonte:http://artetestemunho.blogspot.com/

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