Identidade nacional é o conceito que sintetiza o sentimento dos indivíduos de pertencer a uma nação. Expressa-se positivamente enquanto união e empatia entre pessoas do mesmo país. Mas pode desdobrar-se no nacionalismo, fenômeno extremista que sufoca as demais identidades coletivas que normalmente coexistem com a identidade nacional.
Fortalece o vínculo entre população e pátria e, na criação da identidade individual, é essencial na constituição psicológica do indivíduo. Entretanto, quando segrega a humanidade entre pertencentes à mesma cultura e "forasteiros", gera estereótipos e preconceitos.
O convívio social promove a assimilação da identidade do grupo, além de sua veiculação pela mídia, tradições e mitologia. Identidades são criações, por isso são frágeis, suscetíveis a distorções, simplificações e interpretações variando entre os indivíduos.
Fatores de integração nacional
Memória Social
A memória social faz parte da formação da identidade pois a imagem do passado do país, compartilhada ou silenciada por seus integrantes, influencia na imagem que o grupo tem dele mesmo no presente, e vice e versa. Por isso os historiadores tem papel central nesta construção.Diversos pontos de referência (monumentos, personagens e datas históricas, paisagens, tradições e costumes) inserem a memória individual na coletiva, o que envolve um processo de seleção e negociação para que haja o máximo de pontos de contato e ambas sejam construídas sobre uma base comum. Ela fundamenta e reforça o sentimento de pertencimento e as fronteiras sócio-culturais, gerando coesão pela adesão afetiva e não pela coerção.
A importância do mito
O mito é uma forma de construção da identidade por meio de narrativas sobre a origem de uma comunidade. É uma produção histórica de como as pessoas pertencentes a uma sociedade querem ser vistas. Os florentinos contavam que Cesar fundara sua cidade, querende legitimar suas raízes nobres e romanas.
Por meio de rituais e celebrações a sociedade define-se, atuando a favor da unificação e diferenciação entre os de dentro e os de fora dela. Dessa forma, os mitos agem em favor da união por meio de hábitos comuns.
Língua: Laço Social
A língua afirma a identidade cultural, simboliza a união de um grupo por ser uma forma simples e eficiente de solidariedade. Ela permite reconhecer membros da comunidade, diferenciar estrangeiros e transmitir tradições. Assim, pode ser vista como um dos pilares para a delimitação de uma nação.A Nova Filosofia da Linguagem realizou pesquisas sociolinguísticas nos séculos XVIII e XIX que confirmaram os laços entre língua e consciência de grupo, enfatizando como a primeira influencia seus usuários. Porém esta associação pode sofrer mudanças ao longo do tempo.
Símbolo, Empatia e Preconceito
Os símbolos são extremamente necessários para a compreensão humana do mundo. Quanto ao tema identidade nacional, existem duas formas de simplificação da realidade. A primeira são os símbolos pátrios propriamente ditos: cores das bandeiras, um herói nacional, um lema. Já a segunda são os estereótipos, tanto a caricatura de estrangeiros, como a que o próprio povo faz de si.Os símbolos são importantes por que, a partir do momento em que os indivíduos de um determinado grupo assimilam o mesmo símbolo, eles compartilham uma identidade, passam a ter algo em comum. O próprio nome da nação pode ser um de união. Os estereótipos facilitam a diferenciação mental entre o self e os outros. Porém, acaba por segregar grupos humanos, a partir de um "narcisismo de pequenas diferenças" (termo de Freud). Mitos como o da existência de um "sangue especial", de um "povo escolhido" por Deus ou de uma "raça superior" suplantam a realidade de que todos fazemos parte de uma mesma espécie.
É interessante também analisar a empatia humana a partir do ângulo da identidade nacional. Grupos unidos por uma identidade tentem a sentir maior empatia entre si do que pelo resto da humanidade. Em contrapartida, o estabelecimento dessas barreiras abstratas acaba por ocasionar na segregação de outros indivíduos, os quais não serão tidos como iguais e não serão tratados da mesma forma. A utilização de estereótipos torna a falta de sentimento de alteridade ainda mais nociva. A fronteira de grupo somada aos estereótipos pode levar ao preconceito e até a perseguições. Sem os estereótipos, existiria apenas um distanciamento.
Identidade Nacional e consolidação do Estado
A identidade nacional não é a única dentro do país. Existem outras formas de identidade cultural que rivalizam com ela e em alguns períodos da história foram até mais importantes. Elas dividem a nação em grupos menores, de acordo com região, etnia, religião, gênero, classe social, intelectualidade, ou qualquer outra característica que os indivíduos tenham em comum.Ao analisarmos por esta perspectiva notamos que a identidade nacional deve ser fortalecida para que haja a consolidação do Estado. O período histórico em que este fenômeno se torna mais evidente é durante o século XIX, na formação dos Estados Nacionais na Europa, quando países como Itália e Alemanha, constituídos de várias províncias, se unificaram. Era preciso a criação de uma consciência transregional para que a população se considerasse parte de todo e não representes das partes divididas, podendo mais tarde se organizar em uma unidade política.
Quando outras identidades têm mais força do que a nacional, surgem conflitos internos no país. Como exemplo podemos citar os Bascos na Espanha, que não se consideram parte integrante da nação e possuem um movimento separatista, o ETA. Há também países africanos que tiveram suas fronteiras determinadas por outros que sofrem muito com esta questão.
Links Relacionados
http://www.usp.br/revistausp/28/20-nelson.pdf Linguagem, sociedade e cultura na Europa moderna - Nelson Schapochnikhttps://sites.google.com/a/desculpeapoeira.com/www/peterburke Peter Burke especial para a Folha
http://www.renatojanine.pro.br/FiloPol/elosocial.html O que forma o elo social - Renato Janine Ribeiro
Referências
BURKE, Peter. A arte da conversação. São Paulo, Unesp, 1995.Capítulo 3 Língua e identidade no início da Itália Moderna [1]
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. in: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15. [2]
Fonte:Wikipédia
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