A ARTE DE LIDAR COM A RAIVA-O PODER DA PACIÊNCIA-DALAI LAMA


Arte de Lidar com a Raiva, A - O Poder da Paciência


Este livro é o resultado de dezesseis horas de ensinamentos orais apresentados pelo Dalai Lama em uma conferência no Arizona, EUA, em 1993. A prática pessoal de paciência pelo mestre budista é uma inspiração para todas as pessoas do mundo que o consideram como um exemplo de compaixão e bondade iluminada num mundo repleto de desconfiança, conflito e raiva. O antídoto para a raiva é a paciência. O desafio principal para quem deseja praticar a paciência é conseguir, numa situação em que normalmente haveria uma explosão de raiva, manter a espontaneidade, e ao mesmo tempo permanecer calmo. Para isso muitas técnicas apresentadas neste livro são percepções baseadas no bom senso e ensinam o leitor a desenvolver a paciência e lidar com suas emoções para que a raiva, mesmo quando aflore, jamais culmine num ódio total.
A raiva é uma das fontes de infelicidade. Ela transparece na maneira como resolvemos nossas divergências; no comportamento de políticos nos corredores do Congresso; no aumento da violência doméstica; e na inveja e rancor que impregnam nossa cultura. Reagir com forte emoção diante de uma ofensa gratuita é uma atitude natural. Mas como reagir com dignidade sem perder a calma e a espontaneidade?
A cada momento, somos testados nos limites de nossa paciência, seja na família, no trabalho ou na simples interação com o outro. Por isso mesmo, os ensinamentos expostos neste livro por Sua Santidade, o Dalai Lama são imprescindíveis nos dias de hoje. Em uma linguagem clara e vigorosa, ele nos mostra que o antídoto para a raiva é a paciência e nos fornece um roteiro espiritual para uma vida feliz.

No livro "A Arte de Lidar Com a Raiva", o Dalai Lama conta uma historinha deliciosa: Um eremita vivia sozinho nas montanhas. Certo dia um pastor passou pelo refúgio do ermitão e perguntou-lhe o que estava fazendo ali, no meio do nada. O eremita respondeu: Estou meditando sobre a paciência. Silêncio. Passado um bom tempo, o pastor virou-se para ir embora e gritou: Ah, antes que eu me esqueça, vá para o inferno!!! E imediatamente, o eremita furioso replicou: Ora, vá você para o inferno!!! Rindo, o pastor seguiu seu caminho, não sem lembrar ao solitário que a paciência precisava antes de tudo ser posta em prática...

Como tantas histórias budistas, esta traz verdades profundas escondidas atrás de uma aparente simplicidade. Primeiro, ficamos sabendo que nossa paciência e tolerância estão sendo testadas a cada passo que damos. Vamos lá, confira você mesmo as chances que teve hoje de estourar com alguém ou com alguma coisa!

A raiva do ermitão nos faz perceber também que a paciência não é virtude que se desenvolva na solidão. Ao contrário, ela nasce do convívio. Não existe desenvolvimento espiritual fora do mundo. A gente precisa ser sábio aqui no meio dos homens, vivendo com eles, sofrendo com eles. Pular fora é fácil, mas não é para isto que estamos aqui!

Conclusão: você pode ficar anos sem ver nenhuma criatura nem sofrer nenhuma contrariedade. No minuto em que você puser os pés no mundo de novo, os gatilhos que fazem detonar sua raiva vão estar lá, ao alcance do seu dedo.

Lidar com a raiva. Será possível? O Dalai Lama explica que a paciência e a tolerância "derivam da capacidade de permanecer firme e inabalável, de não se deixar sufocar pelas situações ou condições adversas". Nada a ver com sinais de fraqueza, passividade ou falta de entusiasmo. Coisas de gente débil, que aceita tudo. Não. Ao contrário, paciência e tolerância são sinais de força de caráter. Pessoas que exercitam a tolerância e a paciência - adverte o Dalai Lama - mesmo que vivam em um ambiente agitado e estressante, conseguem manter a calma, a serenidade e a paz de espírito.

Repararam no verbo exercitar? Estes estados de alma são alcançados se você se acostumar a praticá-los. Simplesmente. Praticar a paciência, no entanto, seria um exercício vazio, se não fosse a compaixão. É ela que dá força e razão de ser para nossa vontade de melhorar e de contribuir para um mundo melhor. "A compaixão pode ser aproximadamente definida como um estado da mente que é não-violento, não-prejudicial, não-agressivo", avisa o Dalai Lama, e completa: "nós possuímos de forma inerente este potencial ou base para a compaixão, assim como a natureza humana básica e fundamental é a gentileza".

Frases para se ter sempre à vista: "Qualquer coisa que me aconteça não vai perturbar minha alegria mental." "Por que ser infeliz com alguma coisa que a gente pode consertar? E de que adianta ser infeliz com algo que não é possível remediar"?

Sejamos felizes!
Fonte: http://www.marcelodalla.com/
 A ARTE DE LIDAR COM A RAIVA, Dalai Lama  (Ed. Campus)

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