NIETZSCHE E O MAL DO SIÈCLE

Na segunda metade do século XIX, sob o signo do espírito decadente que postulava a poesia como uma arte de desencantamento diante da vida, muitos poetas e artistas declararam sofrer do mal du siècle (mal do século), especialmente aqueles que seguiram à letra as mensagens pessimistas de Baudelaire e Schopenhauer. Um sentimento de mal estar pairava sobre o final do século, fazendo do artista a sua maior vítima. No entanto, o sentido pejorativo atribuído a todas as formas de decandentismo era assumido com orgulho por muitos criadores, que buscavam divorciar-se das convenções do ultra-romantismo e do sentimentalismo individual ainda prevalecentes.
O jornal Le cadent, a filosofia de Schopenhaeur e Nietzsche, a música de Wagner, a pintura de Courbet e Manet, a literatura de Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Wilde e todos aqueles que a história catalogou como malditos, sofreram do mal du siècle, cuja expressão ampliada se refere à crise de crenças e valores que se desencadearam na Europa no final do século XIX, em contraposição a joie de vivre (alegria de viver) anunciada pela Belle Époque (c. 1871-1914).
Partindo de questionamentos centrais das noções de Verdade -- que animaram a filosofia ocidental ao longo dos dois últimos milênios --, Nietzsche criou fissuras irreparáveis no pensamento estético-filosófico, repensando de forma original a tríade: filosofia-arte-vida. Suas idéias encontrariam grande repercussão no pensamento do século XX e em movimentos artísticos  e contestatórios do status quo, como: Dada e Surrealismo, Beatniks e a contracultura americana, movimento hippie e sociedades alternativas dos anos 1960/1970.

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