SHAMBHALA-Reino MÍTICO e Fonte da FELICIDADE





Shambhala, também chamado, em tibetano, bde 'byung ("Origem da Felicidade") é o nome de um reino mítico que, associado a todo uma simbólica da "fonte da felicidade", desempenha um papel fundamental no budismo tibetano e mongol. Segundo o mito, os salvadores da humanidade virão de Shambhala quando a Terra for dominada pela guerra e a destruição. É considerado como o país de origem da doutrina do Kalachakra ("Roda do Tempo"), tantra budista que teria sido originalmente redigido por Suchandra (chamado Dawa Sangpo em tibetano), rei mítico de Shambhala.
A doutrina foi introduzida na Índia em 966 ou 967 d.C., trazida, segundo alguns, por um homem santo chamado Tsilupa e, segundo outros, por um rei de Shambhala chamado Sripala. Dali, passou ao Tibete e a introdução dessa doutrina no país, em 1027 d.C., é a data de origem do calendário tibetano. Na Índia, essa doutrina desapareceu durante a época do domínio muçulmano, mas no Tibete continua viva.
Para Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama empossado em 1950, Shambhala só existe como reino espiritual e só pode ser atingido por uma prática intensa de meditação sobre o Kalachakra. Entretanto, a literatura tradicional descreve esse país não como uma "terra pura" budista, mas como um reino humano, no qual todas as condições conduzem à prátida do Kalachakra. Além disso, descreve meios físicos de alcançá-lo: o terceiro Panchen-Lama (1738-1780) redigiu um guia (Sham-bha-la’i lam-yig, ou seja, Guia para Shambhala) indicando o caminho para esse reino que hoje faz parte do cânon tibetano no qual dá indicações para alcançá-lo que são parcialmente geográficas, embora também prescreva uma enorme quantidade de exercícios espirituais para alcançá-la.
A tradição tibetana considera Shambhala um "vale oculto", um lugar onde é possível se refugiar em períodos de dificuldade. Tanto no Tibete quanto na Mongólia, o mito e suas profecias foram identificadas com personagens e poderes políticos reais em diferentes ocasiões. Os mongóis, por exemplo, identificaram Genghis Khan como reencarnação do rei Suchandra de Shambhala, de modo que lutar por Shambhala era lutar pelo Khan e pela Mongólia.
As diferentes suposições relativas à localização de Shambhala variaram entre o Sudeste Asiático ao Pólo Norte, passando pela Ásia Central e China. Uma tradição afirma que ali o dia dura exatamente 16 horas no solstício de verão, dado que, levado ao pé da letra, localizaria Shambhala entre os paralelos 47º N e 48º N. Outras tradições, porém, identificam essa terra com Suvardnavipa ("Terra do Ouro") que as tradições indianas localizam no Sudeste Asiático e cujo nome está provavemente relacionado aos depósitos de ouro da ilha de Sumatra.
Os tibetanos descrevem o reino de Shambhala como um gigantesco lótus de oito pétalas. Em torno do perímetro exterior do lótus, há uma cordilheira circular de altas montanhas cobertas de neve. Entre as oito pétalas do lótus, há oito cadeias menos altas ao longo das quais fluem os rios de Shambhala. O centro, receptáculo da semente do lótus, é rodeado por um pericarpo constituído de um anel interior de picos nevados mais baixos. Dentro desse anel, ligeiramente elevada sobre as pétalas, está Kalapa ("Pacote", "Feixe"), a capital, com doze léguas de largura (cerca de 60 km). Kalapa é ocupada por magníficos palácios construídos de gemas e metais preciosos: ouro, prata, esmeraldas, pérolas, turquesas, corais e assim por diante. Espelhos no exterior do palácio resplandecem de luz e clarabóias de cristal em seus tetos permitem aos moradores ver todo o zodíaco e os deuses do Sol, da Lua e de outras esferas celestiais. As fontes tibetanas tradicionais dão uma suntuosa descrição do maior dos palácios, a residência do Rei de Shambhala.

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