CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA-O CAMINHO DE FÉ DO PEREGRINO




O Caminho de Santiago de Compostela é uma rota secular de peregrinação religiosa, que se estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no extremo Oeste da Espanha, onde se encontra o túmulo do apóstolo Tiago.
Tiago foi um pescador que vivia às margens do lago Tiberíades; filho de Zebedeo e Salomé, e irmão de João O Evangelista. Segundo a tradição, após a dispersão dos apóstolos pelo mundo, Tiago foi pregar o evangelho na província romana da Galícia, extremo oeste espanhol. De volta a Jerusalém, o apóstolo foi perseguido, preso e decapitado a mando de Herodes no ano 44. Seus restos foram lançados para fora das muralhas da cidade. Os discípulos Teodoro e Atanásio recolheram seu corpo e levaram-no de volta para o Ocidente, aportando na costa espanhola, na cidade de Iria Flavia.
O corpo do apóstolo foi sepultado secretamente num bosque chamado Libredón. Assim, o local permaneceu oculto durante oito séculos. Uma certa noite, o ermitão Pelayo observou um fenômeno que ocorria neste bosque: uma chuva de estrelas se derramava sobre um mesmo ponto do Libredón, proporcionando uma luminosidade intensa. Tomando conhecimento das ocorrências, o bispo de Iria Flavia, Teodomiro, ordenou que fossem feitas escavações no local. Assim, no dia 25 de Julho de (provavelmente) 813, foi encontrada uma arca de mármore com os restos do apóstolo Tiago Maior.
A notícia se espalhou rapidamente, e o local passou a ser visitado por andarilhos de toda a Europa a fim de conhecer o sepulcro do Santo. A quantidade de peregrinos aumentava intensamente a cada ano. Nobres e camponeses dirigiam-se em caravanas, caminhando ou cavalgando em busca de bênçãos, cura para as enfermidades, cumprir promessas ou apenas aventuravam-se em terras distantes.
O rei Afonso II ordenou que no local da descoberta fosse erigida uma capela em honra a São Tiago, proclamando-o guardião e padroeiro de todo o seu reino. Em pouco tempo, uma cidade foi erguida em torno daquele bosque, e denominada Compostela. A origem etimológica do nome remete ao latim: Campus Stellae, ou Campo das Estrelas, e assim a junção final: Compostela.
No ano de 899, Afonso III construiu uma basílica sobre o rústico templo erguido por seu antecessor. Porém, oitos anos mais tarde, a basílica foi saqueada pelo árabe Almanzor, que respeitosamente, preservou as relíquias do apóstolo. Em 1075, iniciou-se a construção da atual catedral, cinco vezes maior que a anterior.

O Caminho de Santiago possui - em sua maior parte - um aspecto medieval. As catedrais góticas e românicas, mosteiros e capelas, castelos e aldeias celtas distribuem-se ao longo do percurso.
O apogeu das peregrinações ocorreu nos séculos XII e XIII. As quatro principais rotas tiveram origem neste período. Mesmo partindo de pontos diferentes, todas entravam na Península Ibérica através dos Pirineus. A partir de Puente la Reina o trajeto é o mesmo, com exceção de alguns ramais secundários. As rotas modernas iniciam-se também em cidades como Saint-Jean-Pied-de-Port, na França.
A partir do século XIV, houve uma sensível redução de peregrinos que se aventuravam pelo Caminho. Porém, no século XX o Caminho de Santiago foi "ressuscitado" e voltou a ser umas das principais rotas religiosas da história. Atualmente, é comum encontrar os peregrinos modernos, que percorrem o Caminho de carro ou bicicleta, ou simplesmente aqueles que visitam a Catedral e o túmulo do Apóstolo São Tiago.
Geralmente, o viajante carrega consigo uma concha (conhecida também por Vieira) que possui vários significados. Segundo a lenda, um homem percorria o Caminho a cavalo, quando repentinamente o animal disparou em direção ao mar. O peregrino evocou Santiago, e uma forte onda devolveu-o a terra firme. Retomada a consciência, o peregrino percebeu que seu manto estava repleto de conchas. Assim, a Vieira assumiu um significado de proteção, que também está associada ao Graal. Simboliza, para o viajante, absorver a sabedoria e a entidade de Cristo como seu Eu Superior.
Durante todo o percurso, existem albergues instalados em velhas construções medievais, destinados especialmente a atender os peregrinos. Além de hotéis, pousadas, e os próprios habitantes que cedem suas casas como abrigo. O peregrino carrega consigo uma credencial, que deve ser carimbada em igrejas ou no órgão de turismo correspondente ao local. Munido de um mapa, o viajante também conta com as discretas setas pintadas em rochas, muros e árvores, que funcionam como um guia constante, e evitam que o aventureiro se perca. Ao concluir o Caminho chegando à Catedral de Santiago, o peregrino apresenta a credencial e recebe a Compostelana, uma espécie de certificado de que todo o percurso foi concluído.
No Brasil, a popularização do Caminho deve-se principalmente ao escritor Paulo Coelho, que lançou o livro O Diário de um Mago. Nesta obra, o autor narra as experiências místicas vivenciadas em sua peregrinação em 1989. Além de Paulo Coelho, a cantora Baby do Brasil escreveu Peregrina – Meu Caminho no Caminho, onde também é descrita sua trajetória até Compostela. Mas a literatura brasileira abriga outros títulos que servem de incentivo e preparação para aqueles que se dispuserem a caminhar mais de 800 quilômetros até a cidade de Santiago de Compostela, tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, em 1992.

 Fonte :www.spectrumghotic.com.br

"CAMINHO FRANCÊS"

O caminho mais tradicional para Santiago de Compostela é o chamado "Caminho Francês" que começa aqui em Saint-Jean-Pied-de-Port na França atrás dos Pirineus.
A cidade é na verdade um vilarejo que apesar de pequeno têm uma movimentação bem grande. Mesmo não levando a "Credencial del Peregrino" é muito fácil conseguir uma no albergue.
O primeiro dia é difícil e aí entra o "passo" de cada um valendo a caminhada individual.
Chegando em
Roncesvalles precisa-se buscar outra força ainda: não perca uma tradicional missa noturna na igreja ao lado do albergue, que na verdade foi um hospital de assistência aos peregrinos (construido em 1127). A história de Roncesvalles é muito ampla e interessante (foi cenário de uma importante batalha em 778, na qual os bascos destruíram a retaguarda do exército de Carlos Magno).

Depois de ter passado por
Zubiri chega-se a Pamplona, uma cidade construida pelos romanos onde existem muralhas e o único cuidado será em que dia você estará caminhando porque na segunda semana de julho acontece o "encierro", uma corrida de touros pelas ruas famosa (Los Sanfermines).

Parte-se de Pamplona e inicia-se a subida no "Alto del Perdón". Quando se chega lá em cima percebe-se o por que desse nome e continua-se a caminhada até a chegada em
Puente La Reina. Um dos fatores que ajudam em nossa caminhada é a adaptação a "ciesta" da Espanha. Como peregrino se percebe "bem" o calor do meio dia. Foi aqui que acabei comprando um chapéu (barato e bom) para usar até o fim.Chegando em Estella vale a pena conhecer a paroquia de San Pedro de la Rua. No dia seguinte, na caminhada para Logroño tive minha credencial carimbada na própria estrada mostrando a seriedade que existe.
Estas
palavras escritas em um muro na trilha mostram bem o sentido da caminhada para nós, peregrinos.

Chegando em
Azofra percebi um fato que ficou muito comum até Compostela: o encontro com os mesmos peregrinos e a facilidade de contato.

Nessa região do estado "
La Rioja" se percebe a dureza da vida local, o clima não é fácil e as plantações sentem isso.
Esse dia de caminhada era domingo e quando cheguei em
Santo Domingo de la Calzada entrei na Catedral para ver a missa. Derrepente um galo começou a cantar e a situação ficou muito constrangedora para o padre. Lendo nos guias, a estória é a seguinte: um jovem em peregrinação com a família no século 14, foi acusado de furtar uma taça por uma moça, ela na verdade estava apaixonada por ele e como não foi correspondida quis se vingar. O rapaz acabou sendo enforcado e seus pais partiram para Santiago de Compostela.
Na volta, porém, encontraram o filho vivo - um milagre de Santo Domingo. Os pais contaram o fato ao corregedor local, no momento em que ele comia uma galinha assada. Ingrédulo, ele desafiou:"Se isso for verdade, que esta ave cante agora". Não preciso dizer que ela cantou mesmo! E a partir disso, eles mantêm dentro da Catedral um casal de galo e galinha nesse quarto especial
.
Deixei Santo Domingo e cheguei em Redecilla del Camino, uma cidade bem pequena onde o albergue é como uma base de exército e vale a pena entrar na igreja.

Chegando em Villafranca inicia-se a etapa pelos "Montes de Oca", é um bosque onde a distância faz diferença até chegar em
San Juan de Ortega onde pode-se parar um pouco e admirar sua bonita igreja. Essa etapa de uma forma nos põe a prova pelo calor e distância, mostra também vilas que são praticamente medievais com uma vida bem diferente de metrópolis "modernas".

Em
Burgos percebe-se no primeiro momento que existe história lá (independente do motivo de sua peregrinação, leve informações históricas da Espanha. Depois que se andou 35km o corpo não quer, mas você quer ver uma cidade como essa com tanta história!)

Com respeito aos meus pés e pernas, no dia seguinte caminhei 18km até
Hornillos del Camino onde a noite foi profunda (nem acordei com a "orquestra" de roncos!!!).
Uma situação diferente acontece quando passamos por
cidades pequenas no horário da "ciesta", parecem desertos, não se vê ninguém mesmo...
Partindo de Hornillos del Camino a caminhada continua até chegar a uma das cidades mais interessantes:
Castrojeriz, a própria localização da cidade já é interessante. Se você tiver forças suba até o castelo em ruinas.Deixando Castrojeriz inicia-se a subida até o "Alto de Mostelares". O clima e a região são áridos mas é aí que está a caminhada.

Partindo de Itero del Castillo cheguei em Población de Campos onde no dia seguinte parei em Villalcázar de Sirga onde valeu a pena entrar na
igreja de Santa Maria la Blanca. A etapa final para chegar em Calzadilla de la Cueza é conhecida como "etapa medieval". Não é a toa, são 17km de reta em um deserto absoluto!

No dia seguinte parti para
Sahagun onde a caminhada em estradas asfaltadas se tornaram frequentes...e na manhã seguinte o caminho tornou-se "arborizado" onde cheguei a vila de Reliegos.
Para andar em asfalto as dicas são duas: andar sempre no acostamento do sentido oposto (para "ver" o que acontece) e observar se existe um outro caminho paralelo a estrada. O acostamento na Espanha não é tão largo como aqui e isso deixa o pedestre muito mais exposto.
Chegando em
León fique no albergue municipal perto da Plaza de Toros. A Catedral de León(Leão) deve ser vista por dois motivos: é uma obra prima gótica de 700 anos e independente de religião, o que se sente lá dentro é indescritível.

Partindo de Villadangos chega-se em
Astorga onde história e arte monstram-se no Palacio Episcopal de Antonio Gaudí onde se vê beleza e ao mesmo tempo os quadros mostram a força que a igreja tinha (!).

Chegando em Rabanal del Camino resolvi caminhar um pouco mais e subir às montanhas passando por Foncebadón, uma cidade abandonada onde construiram um restaurante bastante "medieval", e chegar em
Manjarín. Essa vila também é abandonada mas com uma diferença: existem integrantes da "Ordem dos Templários" onde Tomáz Martinez comanda. A Ordem dos Templários foi um grupo militar e religioso criado em Jerusalém, em 1119, com o objetivo de proteger peregrinos cristãos. Acabei dormindo lá e valeu a pena.Chegando a Ponferrada percebe-se bem "essa força" que os Templários tinham: foi construido o Castelo dos Templários na época das Cruzadas.

Depois de ter passado por Villafranca del Bierzo a etapa é uma subida de 1300m para chegar em
O Cebreiro. Mesmo chegando cansado valeu muito a pena, essa região já é do Estado de Lugo e percebe-se que a língua é muito parecida com nosso português. O clima já é mais frio e todo calor da "ciesta" não existe aqui.

A etapa seguinte é
Triacastela e depois seguida para Barbadelo, Gonzar, Ligonde, Melide e...Santiago de Compostela (quando se entra nessa catedral se esquece das dores musculares e apenas sente-se a história que existe lá dentro!)


Saúde (antes de partir)

A situação aqui é bastante individual porque entra o bom senso de cada um. Você vai andar 800km direto em uma situação anormal para seu organismo onde o sol é forte e constante, várias regiões são desérticas (o próximo peregrino pode passar só depois de horas...). Portanto somente seu histórico de saúde é que vai mandar você se prevenir para algum tipo de problema ou não.Bolhas nos pés:
Mesmo com uma boa bota com boas meias você pode ter bolhas nos pés e para evitar que isso interrompa sua caminhada você precisa cuidar logo e com uma técnica conhecida:
1-corte um pedaço de linha de agulha (quanto maior a bolha, maior será esse pedaço) e introduza na agulha.
2-ponha-os dentro do mercúrio para neutraliza-los
3-fure sua bolha de uma maneira que a linha saia de um outro lado e drene o líquido de sua bolha
4-depois de seca, você terá que proteger sua bolha que está bem fácil de rasgar
5-aplique um ban-aid muito bom para isso chamado Compeed (fácil de comprar lá)
Tome cuidado em detectar que essa bolha que você está tratando não é uma bolha de sangue. São raras mas quando ocorrem não se pode furar de maneira nenhuma!
Dores musculares:
Não resolve mas ajuda a diminuir a dor muscular que suas pernas e pés lhe dão no final da caminhada:
-Sanador, Gelol, Salonpas - tudo em aerosol (é melhor nessa situação)
-fitas para envolver os músculos da perna e mantê-los quentes na caminhada
Remédios (melhor levar e não usar...):
-emplasto para dores musculares
-voltarem para dores musculares
-novalgina ou aspirina para dor de cabeça
-engov para fígado
-plasil para enjôo
-eno sal de frutas
-antialérgico
-mercúrio cromo+agulha de costura+linha de algodão

-esparadrapo de papel (micropore)

VÍDEOS DO CAMINHO DE SANTIAGO


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